PREVENÇÃO

Vacina da dengue levará oito anos para se tornar efetiva

Até 26 de março, mais de 3,5 milhões de casos e cerca de 1 mil mortes foram confirmados na região das Américas

Aedes aegypti, vetor da doença: metade da população mundia está suscetível  -  (crédito:  AFP)
Aedes aegypti, vetor da doença: metade da população mundia está suscetível  - (crédito: AFP)
postado em 29/03/2024 06:00

Os diagnósticos de dengue nas Américas tiveram um aumento significativo nos primeiros meses do ano, com números três vezes maiores do que os registrados no mesmo período do ano passado, conforme relatado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), na quinta-feira (28/3).

Até 26 de março, mais de 3,5 milhões de casos e cerca de 1 mil mortes foram confirmados na região. Segundo a instituição, apesar de toda a América Latina e o Caribe estarem em alerta, as nações mais afetadas são o Brasil, com 83% dos casos, o Paraguai, com 5,3% e a Argentina, com 3,7%. Em uma coletiva de imprensa, o diretor da Opas, o brasileiro Jarbas Barbosa, afirmou que a vacinação para combater a doença pode levar até oito anos reduzir a transmissão.

Cerca de 4 bilhões de pessoas, metade da população mundial, vivem em áreas com risco de contrair dengue, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos. Jarbas Barbosa reforçou que a doença está se espalhando: "Também observamos um aumento em países como Barbados, Costa Rica, Guadalupe, Guatemala, Martinica e México, onde a transmissão tende a ser maior no segundo semestre do ano", disse. 

Vários fatores ambientais e sociais contribuem para a disseminação da dengue, como o aumento das temperaturas, eventos climáticos extremos e o fenômeno El Niño. Além disso, o rápido crescimento populacional e a urbanização não planejada desempenham um papel fundamental: condições habitacionais precárias e falta de serviços adequados de água e saneamento propiciam a formação de locais de reprodução de mosquitos em recipientes descartados e outros objetos que acumulam água.

Vigilância

A organização mantém uma vigilância rigorosa da dengue na região e, nos últimos 12 meses, emitiu nove alertas epidemiológicos, fornecendo orientações cruciais aos Estados-membros para a prevenção e controle da doença. A presença dos quatro sorotipos da dengue na região aumenta o risco de epidemias e formas graves da doença, devido à circulação simultânea de dois ou mais sorotipos, o que ocorre em 21 países e territórios das Américas.

Barbosa enfatizou a importância de medidas para prevenir e controlar a transmissão da dengue e evitar mortes, destacando que "apesar do aumento recorde de casos em 2023, a taxa de mortalidade por dengue na região permaneceu abaixo de 0,05%". Ele observou que isso "é relevante, considerando os picos de casos observados desde então".

O diretor da Opas recomendou a intensificação dos esforços para eliminar os criadouros de mosquitos, preparar os serviços de saúde para diagnóstico precoce e manejo clínico oportuno, e orientar a população sobre os sintomas da dengue, incentivando-a a procurar atendimento médico imediato quando necessário. "O combate à dengue é uma tarefa para todos os setores da sociedade", ressaltou, pedindo "o envolvimento das comunidades para termos sucesso em nossos esforços".

 

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