VIDA FORA DA TERRA

Ciência testa fertilidade no espaço e resultado surpreende

Experimento japonês manteve por seis meses células-tronco de espermatozoides de camundongos a bordo da Estação Espacial Internacional

Células-tronco de camundongos armazenadas na Estação Espacial Internacional por 6 meses produziram filhotes -  (crédito: Reprodução/Freepik)
Células-tronco de camundongos armazenadas na Estação Espacial Internacional por 6 meses produziram filhotes - (crédito: Reprodução/Freepik)

A ciência deu um passo importante com uma descoberta que pode transformar em realidade o sonho de viver em outros planetas. Um novo estudo testou os efeitos das viagens espaciais na fertilidade de camundongos e o resultado foi surpreendente. Pela primeira vez, células-tronco de camundongos armazenadas na Estação Espacial Internacional por seis meses foram capazes de produzir descendentes saudáveis ao retornarem para a Terra.

A descoberta acaba com uma preocupação, já que estudos anteriores indicavam que a reprodução era um dos maiores riscos da vida no espaço. Segundo a pesquisa, “danos às células da linha germinativa são especialmente cruciais, pois as viagens espaciais representam riscos para a gametogênese, com anomalias observadas em várias espécies.”

No entanto, o novo experimento mostrou que as células-tronco espermatogoniais não foram afetadas. Os pesquisadores revelaram que elas não apresentaram um aumento na apoptose (morte celular) nem no dano ao DNA. Após serem descongeladas, as células se comportaram exatamente como suas contrapartes que ficaram na Terra, “não apresentando diferenças fenotípicas ou funcionais significativas”.

A parte mais promissora do estudo é a forma como a reprodução foi alcançada. Os descendentes foram gerados através de um transplante de células-tronco seguido de acasalamento natural. Essa é uma diferença fundamental em relação a outras técnicas. O estudo alerta que "a injeção intracitoplasmática de esperma afeta a impressão genômica e pode levar a anomalias comportamentais e morfológicas", ressaltando a importância do sucesso com um método mais natural.

O experimento, com duração de 181 dias, confirmou que as células-tronco da linha germinativa mantiveram sua vitalidade no espaço, suportando a radiação espacial sem sofrer danos. "A análise das células-tronco da linha germinativa do espaço não mostrou um aumento no dano ao DNA em comparação com as células-tronco da linha germinativa da Terra", aponta a pesquisa. Os descendentes nascidos na Terra também exibiram padrões genéticos normais, mostrando que a fertilidade e a saúde foram totalmente preservadas.

Essa descoberta é muito importante para o futuro da exploração espacial. Ao provar que as células-tronco de camundongos podem ser congeladas e permanecer intactas, os cientistas demonstraram que esse tipo de célula, que pode ser armazenado como as células somáticas (as células comuns do corpo), "oferece um recurso promissor para a preservação da linha germinativa durante a exploração espacial", abrindo as portas para um futuro onde a vida humana poderá ir muito além da Terra.

Confira a pesquisa

Estagiária sob supervisão de Mariana Niederauer

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ML
postado em 15/08/2025 17:03 / atualizado em 15/08/2025 17:04
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