James Webb encontra três candidatas a galáxia mais antiga do Universo

Caso os dados sejam confirmados na rechecagem feita pelos cientistas, será a maior descoberta da história da astronomia, com galáxias formadas apenas 100 milhões de anos após o Big Bang

O supertelescópio James Webb observou o "amanhecer cósmico", revelando galáxias formadas até 100 milhões de anos após o Big Bang - (crédito: Divulgação/NASA)

Um novo estudo, utilizando os dados mais profundos já obtidos pelo Telescópio Espacial James Webb (JWST), acaba de lançar luz sobre um dos maiores mistérios da cosmologia: como as primeiras galáxias surgiram e se organizaram no Universo primordial.

A pesquisa, que observou o que os cientistas chamam de "amanhecer cósmico", revela galáxias que existiam apenas algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang.

Os pesquisadores concentraram-se em identificar e caracterizar galáxias em altíssimos redshifts, que são marcadores de quão distantes e, consequentemente, antigas elas são. Eles miraram em galáxias com redshifts entre 17 e 25, o que significa que estamos vendo essas galáxias como elas eram entre 350 e 100 milhões de anos após o Big Bang, respectivamente. O objetivo principal foi entender a produção de luz ultravioleta (UV) nessas galáxias jovens, um indicador-chave de quão ativamente as estrelas estavam nascendo.

Candidatas a recordistas

Após uma rigorosa seleção, que envolveu a análise de "fontes dropout" (galáxias que só aparecem em certas bandas de luz devido ao seu redshift extremo) e a verificação com dois códigos de modelagem independentes, os cientistas identificaram uma amostra final de seis galáxias candidatas em redshift 17 e três galáxias candidatas em redshift 25. Essas galáxias são incrivelmente fracas, com magnitudes que desafiam os limites da detecção atual.

Representação das galáxias encontradas na escala redshift (foto: Reprodução)

Os dados agora passarão por revisão dos cientistas. Se as três galáxias em redshift 25 forem confirmadas, elas se tornarão as mais antigas do Universo, o que representaria a maior descoberta da história da astronomia.

Essas galáxias recém-descobertas são compactas e leves em comparação com as atuais. Elas têm em média a massa de 10 milhões de sóis e idades em torno de apenas 30 milhões de anos, indicando populações estelares muito jovens. Algumas apresentam sinais ainda mais extremos, com cores tão azuis que podem revelar estrelas da chamada População III — as primeiras a se formar no Universo, compostas quase inteiramente de hidrogênio e hélio, sem elementos mais pesados.

Como os pesquisadores conseguem observar galáxias tão antigas?

Os pesquisadores miram em galáxias com altíssimos redshifts, que são marcadores de quão distantes e, consequentemente, antigas elas são. Especificamente, eles estão buscando galáxias com redshifts entre 17 e 25, o que significa que as estamos vendo como elas eram entre 350 e 100 milhões de anos após o Big Bang, respectivamente. O objetivo é entender a produção de luz ultravioleta (UV) nessas galáxias jovens, um indicador-chave da atividade de formação estelar.

Quantas galáxias candidatas foram identificadas e em quais redshifts?

Após uma rigorosa seleção e verificação com dois códigos de modelagem independentes, os cientistas identificaram uma amostra final de seis galáxias candidatas em redshift 17 e três galáxias candidatas em redshift 25.

Quais são os próximos passos para os dados obtidos?

Os dados agora passarão por revisão dos cientistas. Esta fase é crucial para a validação das descobertas preliminares, especialmente a confirmação das galáxias candidatas em redshift 25, que potencialmente quebrariam recordes.

Termos-chave da astronomia

• Amanhecer cósmico: Período inicial na história do Universo, algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang, quando as primeiras estrelas e galáxias começaram a se formar e a emitir luz.
• Big Bang: A teoria cosmológica dominante que descreve o desenvolvimento inicial do Universo desde um estado extremamente denso e quente.
• Fontes Dropout: Galáxias que se tornam indetectáveis em certas bandas de luz visível ou infravermelha devido ao seu redshift extremo, indicando sua grande distância e idade.
• Galáxias primordiais: As primeiras galáxias a se formar no Universo, existindo em seus estágios iniciais, algumas centenas de milhões de anos após o Big Bang.
  JWST (Telescópio Espacial James Webb): Um observatório espacial avançado, otimizado para observações no infravermelho, projetado para estudar a formação das primeiras galáxias e estrelas, a formação de planetas e a evolução de sistemas planetários.
• Magnitude: Uma medida do brilho de um objeto astronômico. Quanto maior a magnitude, mais fraco o objeto aparece.
• População III: As primeiras gerações de estrelas a se formar no Universo, teoricamente compostas quase inteiramente de hidrogênio e hélio, sem elementos mais pesados (metais).
• Redshift: O alongamento do comprimento de onda da luz de um objeto à medida que ele se afasta de um observador. Em cosmologia, o redshift é usado como uma medida da distância e, consequentemente, da idade de objetos astronômicos, como galáxias.

Por Roberto Fonseca

postado em 20/08/2025 13:34 / atualizado em 20/08/2025 18:35