
Um estudo publicado na revista BioScience por pesquisadores da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, sugere que a evolução humana passa por uma transição inédita, guiada principalmente pelos genes, e cada vez mais moldada pela cultura. Segundo eles, a herança cultural, composta por conhecimentos, tecnologias e instituições passadas de geração em geração, estaria se tornando mais determinante para a sobrevivência e adaptação da espécie do que a genética. Seria uma espécie de "superorganismos" sociais.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
A pesquisa propõe uma “Transição Evolutiva na Individualidade e Herança” (ETII), na qual os humanos deixariam de ser definidos apenas como organismos biológicos e passariam a ser moldados por grupos culturais organizados. De acordo com os cientistas, a mudança pode estar em andamento. “Hoje, o bem-estar das pessoas é influenciado menos pela biologia pessoal e mais pelos sistemas culturais que as cercam, como comunidade, nação e tecnologias”, afirmou o professor Tim Waring, um dos autores.
Segundo os pesquisadores, avanços como a agricultura, criação de infraestrutura, desenvolvimento das vacinas e, mais recentemente, as tecnologias de edição genética são exemplos de adaptação cultural. Eles ainda citam que práticas modernas, como o uso de óculos de correção e partos por cesariana, demonstram como a cultura reduz o impacto de fatores genéticos que poderiam ser incapacitantes ou fatais.
Para testar a hipótese, a equipe desenvolve modelos matemáticos e computacionais que permitem medir a velocidade com que a humanidade estaria migrando de uma espécie guiada principalmente pela genética para uma espécie moldada pela cultura.
Waring ainda acrescenta que, se essa tendência se confirmar, “o futuro da espécie dependerá cada vez mais da força e da adaptabilidade das sociedades humanas”.
Ciência e Saúde
Ciência e Saúde
Ciência e Saúde