
Uma descoberta científica realizada no Oceano Ártico está reformulando o que se sabia sobre o ciclo de nutrientes em regiões polares. Pela primeira vez, cientistas registraram taxas significativas de fixação de nitrogênio em águas cobertas por gelo marinho — uma atividade biológica que, até recentemente, era considerada inativa nesse ambiente extremo.
A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (20/10) na revista Communications Earth & Environment com base em dados coletados durante duas expedições científicas em 2021 e 2022. Os resultados sugerem que microrganismos conhecidos como diazotróficos estão convertendo nitrogênio molecular em formas assimiláveis mesmo sob a calota de gelo — processo vital para o crescimento do fitoplâncton e o sequestro de carbono.
As maiores taxas de fixação foram encontradas na chamada Zona Marginal do Gelo (MIZ), onde o derretimento do gelo é mais ativo. A equipe acredita que o degelo facilita esse processo ao liberar nutrientes como ferro e matéria orgânica dissolvida, além de promover florescimentos de fitoplâncton, que criam condições propícias para a atividade dos microrganismos.
- Leia também: O edifício desenhado para combater a solidão reconhecido com prestigiado prêmio de arquitetura
Curiosamente, os principais responsáveis pela fixação de nitrogênio no Ártico não são as tradicionais cianobactérias, comuns em zonas tropicais e temperadas, mas sim os diazotróficos não cianobacterianos (NCDs) — organismos heterotróficos ou mixotróficos que dependem de carbono orgânico dissolvido (DOC) para sobreviver.
Apesar de a fixação de nitrogênio representar, em média, menos de 1% da demanda nutricional para a produção primária, esse valor chega a 8,6% em áreas sob gelo em decadência — uma contribuição que tende a crescer conforme o gelo marinho continua a desaparecer durante os verões.

Ciência e Saúde
Ciência e Saúde
Ciência e Saúde