ASTRONOMIA

Via Láctea como você nunca viu: o novo mapa em cores de rádio

Criada a partir de 18 meses de observações na Austrália, a imagem combina dados dos levantamentos GLEAM e GLEAM-X e oferece uma nova visão sobre a estrutura e a evolução da galáxia

O mapa mostra, em detalhes inéditos, remanescentes de supernovas e regiões de formação estelar -  (crédito: Divulgação / Silvia Mantovanini)
O mapa mostra, em detalhes inéditos, remanescentes de supernovas e regiões de formação estelar - (crédito: Divulgação / Silvia Mantovanini)

Ondas de rádio são um tipo de luz, embora costumem ser associadas apenas ao som. Assim como diferentes comprimentos de onda da luz visível formam cores distintas, as frequências de rádio também podem ser tratadas como “cores”. Com base nessa ideia, astrônomos criaram a maior imagem em cores de rádio de baixa frequência da Via Láctea, publicada na revista científica Publications of the Astronomical Society of Australia (PASA).

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Durante 18 meses, a doutoranda Silvia Mantovanini, da Universidade Curtin, combinou dados de dois levantamentos — GLEAM e GLEAM-X — feitos pelo telescópio Murchison Widefield Array (MWA), na Austrália Ocidental. O resultado tem o dobro da resolução, o dobro do tamanho e 10 vezes mais sensibilidade que o mapa anterior de 2019. A imagem reúne uma grande quantidade de informações que podem revelar novos detalhes sobre a estrutura e a evolução da Via Láctea.

“Essa imagem oferece uma perspectiva sem precedentes da nossa galáxia em baixas frequências de rádio”, disse Mantovanini. “Ela ajuda a entender como as estrelas se formam, interagem e morrem em diferentes regiões.”

O foco do trabalho está nos remanentes de supernovas, nuvens de gás deixadas por estrelas que explodiram. As ondas de rádio são a melhor forma de identificá-las. Ao comparar a nova imagem com registros de luz visível, é possível ver claramente os grandes círculos vermelhos que indicam antigas explosões estelares e as pequenas áreas azuladas onde novas estrelas estão se formando.

De acordo com os pesquisadores, essa será a principal referência de observação da galáxia por muitos anos. “Somente o futuro radiotelescópio SKA-Low, que será concluído na próxima década na Austrália Ocidental, poderá superar essa imagem em sensibilidade e resolução”, afirmou a professora associada Natasha Hurley-Walker.

O Observatório SKA, dividido entre a África do Sul (SKA-Mid) e a Austrália (SKA-Low), contará com mais de 131 mil antenas distribuídas por 74 quilômetros, capazes de monitorar continuamente o céu e criar mapas ainda mais detalhados da Via Láctea.

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postado em 29/10/2025 11:14
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