ARTE LATINO-AMERICANA

A "vingança" de Frida: obra quebra recorde de Diego Rivera

O quadro "Diego e Eu" foi leiloado por 34,9 milhões de dólares desbancado obra "Os Rivais" de Diego Riveira, marido da pintora

Correio Braziliense
postado em 17/11/2021 15:06
 (crédito: ANGELA WEISS / AFP)
(crédito: ANGELA WEISS / AFP)

Frida Khalo bateu, na última terça-feira (16/11), um recorde de valor em leilão por preço de obra de um artista latino-americano. A pintura recordista foi o autorretrato "Diego e Yo" (Diego e Eu, na tradução), pintado em 1949, leiloado na casa Sotheby's, em Nova York, como parte da temporada de outono boreal do mercado da arte. 

A tela, que teve 30 milhões de dólares (R$ 165 milhões) como preço inicial, mostra a autora de frente com a figura de Diego Rivera inserida em sua testa como uma presença inquietante. A obra acabou sendo arrematada por 34,9 milhões (R$ 191,9 milhões), preço que desbancou o próprio Diego Rivera - seu marido - do topo do pódio como artista plástico latino-americano mais valorizado, que era de 10 milhões em 2018 pela obra "Os Rivais".

O recorde também é para uma obra de uma mulher, embora sem superar a cifra de um quadro da ameicana Georgia O’Keeffe, que alcançou 44 milhões de dólares em 2014, também na Sotheby’s.

Antes do leilão, o autorretrato de Kahlo já havia superado outro recorde numa disputa anterior, em setembro de 2021, com um preço de 26 milhões de dólares. "Diego e Eu" havia ido a leilão pela última vez em 1990, também pela Sotheby’s, quando foi vendida por 1,4 milhão de dólares.

O preço mais alto pago anteriormente por uma obra de Kahlo foram os oito milhões de dólares da tela "Dois nus no bosque", de 1939, vendido há cinco anos. Por isso a "Sotheby's" comemorou o resultado do leilão e a valorização financeira da obra de Kahlo. 

 

 

 
 
 
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O quadro simboliza a difícil relação entre os dois artistas e, sobretudo, a contínua presença de Rivera na vida e na estética de Kahlo, com a figura de Diego, que exibe um terceiro olho na testa, fiscalizando a visão e a vida de sua esposa. Pintada meia década antes da morte de Kahlo e considerada o último de seus numerosos autorretratos, a obra foi criada durante um dos períodos mais conturbados da autora, devido à dor física que sofria como resultado de múltiplas cirurgias.

"Pintado no mesmo ano em que seu amado Diego embarcou em um romance com sua amiga María Félix, este poderoso retrato é a articulação pictórica de sua angústia e dor. O resultado [do leilão] desta noite poderia ser definido como a máxima vingança, mas na verdade é a máxima validação do extraordinário talento e do atrativo global de Kahlo. Diego e eu é muito mais que um retrato belamente pintado. É um resumo pintado de toda a paixão e a dor de Kahlo, um tour de force do bruto poder emotivo da artista no auge da sua capacidade criadora", comentou Anna di Stasi, diretora de Arte Latino-Americana da Sotheby’s.

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