MEMÓRIA

Monarco: o guardador de carros que se tornou ícone do samba

Foi quando se mudou para Oswaldo Cruz, bairro vizinho de onde a Portela nasceu, que a história de Monarco mudou — e a do samba também

Irlam Rocha Lima
postado em 11/12/2021 22:07 / atualizado em 11/12/2021 22:07
O samba se despede de Monarco, que descobriu a verdadeira vocação no meio da comunidade da Portela -  (crédito: PH Registrou)
O samba se despede de Monarco, que descobriu a verdadeira vocação no meio da comunidade da Portela - (crédito: PH Registrou)

A despedida final de um dos artistas de maior relevância da música popular brasileira, Hildemar Diniz, que entrou para a história do samba como Monarco, já tem data e local marcados. Neste domingo (12/12), a quadra da Portela receberá o velório do Presidente de honra da Portela e líder da Velha Guarda da escola de Madureira, que morreu neste sábado (11/12), aos 88 anos, no Hospital Federal Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele não resistiu às complicações de uma cirurgia no intestino. 

Monarco, apelido que recebeu de um amigo de infância, em Nova Iguaçu. Nascido no subúrbio carioca de Cavalcante, no começo da adolescência, voltou a morar no Rio, quando a família mudou-se para Oswaldo Cruz, bairro vizinho de Madureira. Logo passou a frequentar a Portela, onde conheceu Paulo da Portela, fundador da escola. Ainda bem jovem passou a fazer parte da ala de compositores da azul e branco, levado por Alcides Malandro Histórico.

Criador de clássicos do samba como Passado de glória, O Quitandeiro, Lenço, Vai vadiar e Coração em desalinho — ambos gravados por Zeca Pagodinho. Antes de se tornar conhecido no meio do samba, trabalhou como guardador de carro em frente ao prédio do Jornal do Brasil e como vendedor de peixe na feira.

Sambistas Monarco e Manacéa, integrantes da Velha Guarda da Portela.
Sambistas Monarco e Manacéa, integrantes da Velha Guarda da Portela. (foto: Wanderlei Pozzembom/CB/D.A Press)

Em 1970, Monarco lançou o primeiro disco, intitulado Passado de glória, produzido por Paulinho da Viola. Depois vieram outros 15. O mais recente é o Monarco de todos os tempos, que saiu em 2018, pela Biscoito Fino. Oito anos antes havia gravado no Teatro Ois Casa Grande, no Leblon, DVD Monarco — A Memória do Samba.

O sambista foi protagonista do de um documentário sobre a Velha Guarda da Portela, com direção de Lula Buarque de Hollanda e Carolina Jabor, e produção de Marisa Monte. Um dos últimos registros em vídeo do patriarca do samba ocorreu em 2020, na live que ele comandou com a participação de Paulinho da Viola, Marisa Monte, Maria Rita, Teresa Cristina, Nelson Sargento, Martinho da Vila e Diogo Nogueira.

Monarco veio a Brasília várias vezes, tendo feito apresentações em locais como Minas Brasília (com Paulinho da Viola) e Centro Cultural Banco do Brasil.Mas foi na Aruc, onde fez mais shows -- um deles com a Velha Guarda da Portela. Esteve ali pela última vez em 2019, trazido pelo ex-presidente da escola do Cruzeiro Velho, Moacir de Oliveira, de quem se tornou amigo.

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação