Exposição

Museu Nacional da República recebe exposição fotográfica sobre o Alto Xingu

Curador de ‘Xingu 57: viagem ao Brasil central’, Oto Reifschneider, destaca a importância dos registros do avô e fotógrafo Domiciano Pereira de Souza Dias, material que compõem a exposição

Ândrea Malcher*
postado em 14/03/2022 12:15 / atualizado em 14/03/2022 12:15
 (crédito:  Domiciano Dias)
(crédito: Domiciano Dias)

O Museu Nacional da República recebe a exposição Xingu 57: viagem ao Brasil central, composta por um acervo inédito de fotografias de uma expedição ao Alto Xingu realizada em 1957. Entre 18 de março e 22 de maio, o público poderá visitar registros de Domiciano Pereira de Souza Dias, cientista que, na companhia do sertanista Orlando Villas Bôas, desceu os rios Xingu e Liberdade, acessando o coração da região onde hoje se localiza o Parque Indígena do Xingu, mais importante reserva do gênero no Brasil.

São mais de 100 imagens e objetos indígenas expostos que foram encontrados pelo pesquisador e curador Oto Reifschneider, neto de Domiciano. Os rolos fotográficos estavam parcialmente deteriorados pelo tempo e passaram por cuidadosa restauração. As fotos retratam o contato com povos que iriam compor a reserva Parque indígena do Xingu, no Mato Grosso, considerada a maior do mundo. Estão presentes registros de personagens, fazeres e aldeias dos Xavante, Mehinako, Kuikuro, Aweti, Txucarramãe, Juruna e Yawalapiti.

Ao Correio, Reifschneider destaca a beleza encontrada nos trabalhos do avô. “Foram muitos os achados! Algumas fotos têm muita delicadeza, têm uma luz muito bonita e, claro, como conversei muito sobre elas com meu avô, conheço todos os detalhes. Outras mostram aspectos da vida cotidiana, da caça, dos ornamentos, das construções.”

Levando em consideração o recente Ato pela Terra e o "Pacote da destruição”, o curador também ressaltou a importância do registro na criação de consciência coletiva. “Acho que o aspecto do resgate e registro da memória é importante, pois ele ajuda a construir e legitimar esses pleitos, na medida em que esse registros dão materialidade à presença desses povos no Xingu, aos seus fazeres, sua cultura, seu cuidado com o ambiente. E mesmo para quem possa desconhecer a causa indígena, é mais fácil criar laços de pertencimento, de empatia, de respeito, quando conhecemos melhor o outro.”

Visitantes poderão ver retratos de figuras como o cacique Bibina, entre outras lideranças, os irmãos Villas Bôas e lindas paisagens de uma época distante, em um diário visual.

Serviço
Xingu 57: viagem ao Brasil Central
Em cartaz de 18 de março a 22 de maio, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h30, no Setor Cultural Sul, Lote 2 próximo à Rodoviária do Plano Piloto

 

*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel

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