MEMÓRIA

Um ano sem Paulo Gustavo: homenagens e polêmicas marcaram o luto pelo ator

O humorista, conhecido por personagens amados como a Dona Hermínia, morreu em 4 de maio de 2021, em decorrência das complicações causadas pela covid-19

Aline Brito
postado em 04/05/2022 05:00
 (crédito: VICTOR POLLAK)
(crédito: VICTOR POLLAK)

exatamente um ano o Brasil chorava a morte do ator e humorista Paulo Gustavo. Aquele que conseguiu tirar boas gargalhadas do público, fez, pela primeira vez, escorrer lágrimas pelo rosto daqueles que o admiravam como pessoa e acompanhavam seu trabalho. Nos 365 dias que sucederam a morte do ícone, polêmicas e homenagens relembram a vida e a trajetória do artista.

Paulo Gustavo morreu na noite do dia 4 de maio de 2021, aos 42 anos, vítima da covid-19. O humorista ficou internado por cerca de dois meses e o quadro de saúde se agravou rapidamente. Ele deu entrada no hospital em 13 de abril e uma semana depois foi intubado e chegou a precisar de uma espécie de “pulmão artificial”, usado em casos de pneumonia grave.

O ator deixou dois filhos, Gael e Romeu, frutos de um processo de barriga de aluguel feito nos Estados Unidos. Paulo era casado há cerca de seis anos com o dermatologista Thales Bretas, que disse ter vivido os dias “mais terríveis da vida” durante a internação do amado.

  • Um ano da morte de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram
  • Paulo Gustavo deixou dois filhos e o marido, Thales Bretas Reprodução/Instagram
  • Paulo Gustavo, os filhos e o marido Reprodução/Instagram
  • Romeu era imensamente apegado ao pai, Paulo Gustavo Reprodução/Instagram
  • Um ano da morte de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram

Família segue, mas com a dor da perda

Na véspera do aniversário de um ano da morte de Paulo Gustavo, Thales Bretas falou sobre a ausência do companheiro de vida. "Tenho encontrado uma força de toda energia que me mandam, sou só grato. Até os momentos difíceis são lindos”, afirmou o médico ao programa Mais Você.

Paulo Gustavo e Thales Bretas
Paulo Gustavo e Thales Bretas (foto: Reprodução/Instagram)

Thales também contou que os filhos do casal ainda não entendem direito o que ocorreu com Paulo. “Eu introduzo a figura do Paulo, tento mostrar vídeo, foto, mas sinto que é uma coisa que ainda não está clara para eles", pontuou. Romeu, o filho mais velho, com pouco mais de 2 anos, era o mais apegado ao humorista e, de acordo com Thales, não assimilou bem a morte. “O Romeu era muito apegado ao Paulo. O Paulo passava, Romeu começava a chorar querendo ir pro colo dele. Sinto que quando eu comento do papai Paulo e falo que agora ele tá no céu e é uma estrelinha olhando pra gente, ele muda de assunto, sai de perto, sinto que ele se incomoda de alguma forma”, revelou.

 
 
 
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A família tem tentado tocar a vida. Recentemente surgiram indícios de que Thales estaria vivendo um affair com o cantor Silva. Os dois foram vistos juntos algumas vezes, mas Silva negou que exista algo além da amizade. "Cara, Thales é um amigo, a gente foi a uns shows, temos vários amigos em comum. Adoro ele. Quem não ama o Thales?”, declarou o cantor à revista Quem.

Já a mãe de Paulo Gustavo, Dea Lúcia Amaral, que inspirou a criação do Minha Mãe é uma Peça, tem vivido um tanto afastada dos holofotes. Apesar de participar de alguns comerciais e homenagens ao filho, ela não costuma fazer declarações e utiliza as redes sociais para divulgar notícias sobre lançamento de livros de amigos e notícias relacionadas à cultura.

Pastor condenado por “orar” pela morte

Após a fatídica noite em que Paulo Gustavo partiu, declarações polêmicas surgiram. O pastor José Olímpio, da Assembléia de Deus de Alagoas, fez uma publicação no Instagram dizendo que estava “orando” para que o humorista “fosse levado”, isso enquanto Paulo estava internado em estado grave.

Em abril deste ano, Olímpio foi condenado por homofobia, devido a essa declaração. Ele cumprirá pena de 2 anos e 9 meses de prisão em regime aberto, com a prestação de serviços à comunidade. Além disso, também foi determinado que ele pague 30 salários-mínimos para grupo ou organização não governamental de Alagoas com atuação em favor da comunidade LBGTQIA+.

Após a sentença, a mãe de Paulo Gustavo se manifestou e disse que reza para que o pastor “viva bastante, para se arrepender de seus pecados”. Em outro momento, Dea também utilizou as redes sociais para criticar o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre o veto à Lei Paulo Gustavo.

O projeto aprovado, em definitivo, pelo Senado em março deste ano, propunha o repasse de R$ 3,8 bilhões para a recuperação do setor da cultura, um dos mais afetados pela pandemia da covid-19. Desse valor total, R$ 2,79 bilhões seriam repassados para ações no setor audiovisual, e R$ 1,06 bilhão para ações emergenciais no setor cultural por meio de editais, chamadas públicas, prêmios, aquisições de bens e serviços vinculados ao setor.

Entretanto, em 6 de abril, Bolsonaro vetou o projeto, afirmando que a medida fere a Lei de Responsabilidade Fiscal, pois criaria uma despesa, que está prevista no teto de gastos, mas sem a compensação. A decisão do presidente foi duramente criticada pela oposição e a mãe de Paulo. “Que mico, hein?”, escreveu Dea.

Sempre vivo na memória do brasileiro

Apesar das polêmicas, Paulo Gustavo tem sido foco de muitas homenagens desde que morreu. No dia da missa de 7º dia, o Cristo Redentor, um dos mais importantes e famosos cartões postais do país, ficou apagado.

Além disso, a Prefeitura de Niterói, cidade do Rio de Janeiro onde o ator nasceu e cresceu, mudou o nome de uma das mais importantes ruas da Zona Sul do local. A rua Coronel Moreira César, passou a se chamar Rua Ator Paulo Gustavo.

Uma estátua do ator, ao lado de Dona Hermínia, personagem que fez imenso sucesso na pele de Paulo Gustavo, também foi inaugurada, em novembro de 2021, em Niterói. Em dezembro do mesmo ano, a prefeitura niteroiense colocou em prática o Circuito Turístico Cultural Paulo Gustavo, que inclui pontos famosos da cidade exaltados nas obras do comediante.

Além disso, no carnaval de 2022, o primeiro após dois anos de pandemia, o ator que ganhou o coração dos brasileiros foi homenageado. A escola de samba São Clemente lembrou a trajetória de Paulo Gustavo, da infância e juventude em Niterói, quando era entregador de quentinhas da mãe, sua formação no Centro de Artes de Laranjeiras até a consagração com o recorde de bilheteria da peça e do filme Minha mãe é uma peça.

O desfile da escola teve ainda um carro alegórico destinado a Romeu e Gael, onde celebrou o encontro do amor, do casamento e a chegada dos filhos. Thales Bretas foi destaque nesse momento da homenagem. Dea Amaral também teve seu lugar especial durante a celebração, assim como Ju Amaral, irmã do ator, e Júlio Márcio, o pai.

 
 
 
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Amigos de Paulo Gustavo compareceram ao desfile, como Fábio Porchat, Marcelo Adnet e Mônica Martinelli, que dividiu as telonas com o ator em filmes de comédia aclamados pelo público. A bateria da escola de samba estava caracterizada de Dona Hermínia e atores dos filmes Minha Mãe é Uma Peça foram destaque no carro abre-alas.

  • Desfile da escola de samba São Clemente, em homenagem a Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes
  • Desfile da escola de samba São Clemente, em homenagem a Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes
  • Dea Lucia Amaral, mãe de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes
  • Comissão de frente da escola de samba vestida de Dona Hermínia, personagem de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes
  • Frase que ficou famosa nas falas e personagens de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes
  • Ju Amaral, irmã de Paulo Gustavo Reprodução/Instagram @saoclementeoficial e @rsantosarantes

Uma carreira marcante e cheia de alegria

Paulo Gustavo começou a carreira antes mesmo de se formar no teatro. Em 2004 ele iniciou no elenco da peça Surto e, em 2005, se formou na Casa das Artes de Laranjeiras. Sempre radiante e cheio de vontade de viver, ele seguiu fazendo sucesso em peças no Rio de Janeiro.

Foi no teatro que surgiu o personagem que mudaria completamente sua vida e levaria seu nome para todo o país. Criada por ele ainda em 2004, logo no início da carreira, Dona Hermínia se tornou a principal personagem de Paulo Gustavo. Ele escreveu um monólogo desta personagem baseada na própria mãe, Déa Lúcia Vieira Amaral.

  • Dona Hermínia Reprodução/Instagram
  • Dona Hermínia Reprodução/Instagram

Em 2013, Minha mãe é uma peça, que já havia ganhado o teatro, foi para as telas de cinema, tornando-se um verdadeiro estrondo. O longa teve sequência em 2016, com Minha mãe é uma peça 2, e em 2019, com Minha mãe é uma peça 3.

O humorista também apareceu em outras produções no cinema, como Os homens são de Marte... e é pra lá que eu vou, Minha vida em Marte e De pernas pro ar 2. Na TV, assumiu o programa 220 volts, do Multishow, em que interpretou diversos personagens em esquetes. Também foi o criador da sitcom brasileira Vai que cola, que acabou virando filme.

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