Festivais

PicniK Festival está de volta com Pato Fu, Luedji Luna e Letrux

O evento sob o comando da banda Pato Fu e das cantoras Luedji Luna e Letrux

Pedro Ibarra
Evellyn Paola*
postado em 24/06/2022 06:00 / atualizado em 24/06/2022 11:17
Luedji Luna: orgulho de  ser uma  artista  negra -  (crédito: Fotos: Warner Music/Divulgação; Click Estúdio/Divulgação e Ana Alexandrino/Divulgação	)
Luedji Luna: orgulho de ser uma artista negra - (crédito: Fotos: Warner Music/Divulgação; Click Estúdio/Divulgação e Ana Alexandrino/Divulgação )

Após três anos fora de atividade é hora de comemorar o reencontro. O PicniK Festival está de volta e traz nomes importantes da música brasileira para movimentar este fim de semana de Brasília. Na Praça Portugal, perto da Embaixada dos Estados Unidos, reúnem-se Pato Fu, Luedji Luna, Letrux, Rogério Skylab e Anelis Assumpção, em show com Curumin. O evento ocorre neste fim de semana (25 e 26/6) e é gratuito, mas pede um 1kg de alimento a partir das 16h.

  • A Banda Pato Fu revisita 30 anos de estrada Click Estúdio/Divulgação
  • Luedji Luna: orgulho de ser uma artista negra Fotos: Warner Music/Divulgação; Click Estúdio/Divulgação e Ana Alexandrino/Divulgação

Há anos produzindo eventos pela cidade, o Picnik parou durante a pandemia, mas está de volta para levantar o palco onde tocaram nomes como Hermeto Pascoal, Mac Demarco, O Terno, Thee Oh Sees e Tulipa Ruiz. Além de trazer  nomes nacionais e internacionais, o evento também é forte em apresentar os talentos locais. Este ano, o duo Akhi Huna, a banda Aguaceiro e os músicos Pedro Alex e Pratanes são alguns dos representantes do DF.

Pato Fu, uma das três atrações principais do evento, chega para um show especial. A banda faz a apresentação do Música de brinquedo, um conjunto de dois álbuns de covers gravados em instrumentos de brinquedo. O primeiro disco da série saiu em 2010, venceu o Grammy Latino de Melhor álbum infantil de 2011, e é referência desde então. "O Música de brinquedo vai permanecer porque, como dizemos, todo dia nasce um bebê. Esse ciclo de crianças vai renovar sempre", acredita Fernanda Takai, que afirma que o show tem sido muito requisitado nesse período do retorno ao presencial.

O reencontro com o público também é um dos motivos que empolgam o Pato Fu, que sempre teve em Brasília um dos públicos mais importantes. "É uma das primeiras cidades onde a gente teve muitos fãs e é onde as rádios tocaram a nossa música primeiro", lembra a vocalista.

A banda também é a responsável pela festa pós primeiro dia de PicniK. Dessa vez sem os brinquedos, eles preparam um show especial do que chamam de "Pato Fu Grande". O grupo toca os principais sucessos dos 30 anos de carreira da banda, comemorados este ano, no espaço Infinu Cultura Criativa, na 506 sul. "É o sonho de todo fã e da banda ter o show dos brinquedos e do Pato Fu original no mesmo fim de semana", afirma Takai, que faz esse show amanhã. "É um presente para banda, encontrar esses fãs especiais e para o fã tirar a prova. O que eles gostam mais, Pato Fu com brinquedo ou sem brinquedo, ou até se gosta do Pato Fu de qualquer jeito", completa.

Outra das atrações é a cantora e compositora Luedji Luna. Ela já tocou na capital algumas vezes e conta que está muito feliz por estar de volta a Brasília, e que o público pode esperar um grande evento. "Eu estou morrendo de saudade de Brasília, então, o público pode esperar um showzão, com canções do primeiro e do segundo disco, e uma cantora muito feliz de estar voltando para essa terra", adianta.

Luedji vai trazer as temáticas que giram em torno dos desafios de ser uma mulher preta em um mundo racista e machista. "Eu componho da maneira como vejo o mundo", conta. Mas, apesar dessas questões, ela sente orgulho da própria trajetória, e tem a música como uma forma de superação das dificuldades. "A minha subjetividade perpassa essas questões e minha música supera essas adversidades. Então, para mim, é uma delícia ser mulher negra. Me sinto muito sortuda.", afirma. "No entanto, tem uma sociedade que resiste a essa beleza, mas a gente segue a despeito de tudo, produzindo o que tem de mais bonito e de mais inovador no Brasil e no mundo.", conclui.

Letrux também é uma admiradora do público de Brasília e prepara mais uma "loucurinha boa" com os fãs da cidade. "Tenho público quente e carinhoso aí, toda vez que fomos sempre foi uma loucurinha boa. Vamos entregar nosso show da melhor maneira possível, estávamos com saudade desse fuzuê. Então, a gente se joga muito no show", conta a cantora. "Eu amo Brasília, tem tanta gente ruim no Congresso que acho que a população compensa e é muito querida", complementa.

Ela apresenta pela primeira vez o show do disco Aos prantos, lançado em um dos dias cruciais da pandemia, 13 de março de 2020, o dia em que tudo parou. "Acontece que de uma maneira muito esquisita e premonitória, o disco dialoga com isolamento, com a pandemia, com tempos difíceis. Então, várias letras foram ganhando outro significado, outra força no palco, mas isso eu fui observando com a resposta do público ouvindo em casa e comentando", diz Letrux, que está aproveitando muito o reencontro com o público para colocar as emoções, tão faladas no disco, para fora. "Esse show já teve tanto choro nos bastidores que a apresentação dele é pura alegria, parece contraditório mas tem sido assim. Celebração do encontro, fim da saudade", comenta.

Cultura como resposta

"A gente tem, no atual governo, um processo de sucateamento da cultura muito grande. É extremamente difícil fazer arte, viver de arte, produzir cultura no Brasil, em qualquer circunstância", critica Luedji Luna. É nesse sentido que as três atrações principais acreditam na importância de um evento como o PicniK Festival em Brasília."Qualquer ato cultural ocorrendo nesse momento é a glória, é a resposta a esse desgoverno horroroso que, felizmente, está chegando ao fim dos seus dias", afirma Letrux. A cantora, sempre politicamente engajada, é uma ferrenha crítica do atual governo brasileiro.

Fernanda Takai clama por mudanças na atual estrutura cultural do país. "É necessário colocar nas posições de decisores das políticas públicas, pessoas que veem a cultura como parte de formação da humanidade e também como elemento econômico. A cultura gera muito emprego, dinheiro e divulgação para nosso país", pontua. "Fazer shows em Brasília, onde tem as pessoas responsáveis por, teoricamente, prestar atenção no resto do país, é essencial", acrescenta. "O festival Picnik vai provar que as pessoas querem, sim, a cultura, elas só não tem a oportunidade", completa.

 *Estagiária sob a supervisão de supervisão de Severino Francisco

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