Artes Visuais

Pesquisador especializado em coleções privadas mapeia consumidores de arte

Pesquisador especializado em coleções privadas, Nei Vargas faz um mapeamento dos consumidores dos produtos artísticos, principalmente nacionais

Nahima Maciel
postado em 29/06/2022 06:00
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

O colecionismo brasileiro não é representado apenas por pessoas de alto poder aquisitivo. Há um universo grande de colecionadores que costumam investir somas de até R$ 10 mil. A constatação veio como resultado de pesquisa realizada pelo professor e galerista Nei Vargas, que faz palestra hoje, às 16h, na Feira Brasília de Arte Contemporânea (FBAC). "O contingente mais expressivo de pessoas que colecionam arte não são somente as de alto poder aquisitivo", avisa.

Em pesquisa que envolveu um universo de 201 respostas para um questionário de 45 questões, segundo o pesquisador, 26% respondeu que investe até R$ 10 mil ao ano na compra de obras de arte. Um total de 29% costuma gastar entre R$ 10 mil e R$ 50 mil e 17% investe entre R$ 50 mil e R$ 100 mil.

Os percentuais diminuem drasticamente conforme aumenta o aporte de recursos, ficando em 3% os que adquirem obras entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão e 1% acima de um milhão. "Esses dados colocam o grupo de classe média e média alta entre o número mais expressivo de pessoas que colecionam, dados que desmistificam a noção segundo a qual colecionar é uma prática voltada para os muito ricos", explica Vargas.

Conhecer esses números é importante para compreender o colecionismo privado no Brasil. A pesquisa aponta ainda outra característica: há um segmento expressivo de pessoas apostando em jovens artistas que representam alguma promessa de sucesso no cenário das artes visuais.

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Outro aspecto das coleções privadas brasileiras é que elas são, majoritariamente, dedicadas a artistas nacionais. Segundo o levantamento realizado por Vargas, o índice de coleções internacionais no país não ultrapassa 3%. "É um número que revela problemas no acesso à produção internacional. Pode-se apontar o valor das obras em dólar ou euro, fator que pode inibir as aquisições, somado o fato de que trazer uma obra para o Brasil implica o acréscimo de até 52% de taxas de importação, fora o risco de a obra se extraviar ou mesmo se perder no desembaraço alfandegário", explica.

Vargas é mestre e doutor em artes visuais e teve a dissertação sobre coleções privadas no Brasil premiada no Programa Brasil Arte Contemporânea Estudos e Pesquisa sobre arte e economia da arte no Brasil, da Fundação Bienal de São Paulo, em 2010. Também é um dos gestores do Coleções em Conexão, grupo que reúne mais de 100 colecionadores brasileiros, e dá aulas no Curso de Especialização em Peritagem e Avaliação em Obras de Arte, da Universidade Santa Úrsula (RJ).

Entre os temas de pesquisa de Nei Vargas está a institucionalização de coleções privadas no Brasil. "Considero fundamental que as coleções privadas passem por processos de institucionalização, oferecendo ao público acesso a obras que comumente se destinam ao ambiente íntimo de quem coleciona. Há um desejo crescente de colecionadoras e colecionadores em criar algum tipo de modelo institucional capaz de oferecer processos democratizantes de acesso a suas coleções privadas", diz.

Palestra Colecionismo

Com Nei Vargas. Hoje, às 16h, no Teatro de Bolso do Espaço Cultural Renato Russo. Participação limitada a 50 vagas.

 


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O contingente mais expressivo de pessoas que colecionam arte não são somente as de alto poder aquisitivo"

Nei Vargas,
professor e galerista

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