Balé

Goiana ocupa o posto de primeira bailarina da Ópera de Kazan na Rússia

Nascida em Goiânia, Amanda Gomes começou no balé com 7 anos de idade e hoje coleciona diversos prêmios internacionais

Cecília Sóter
postado em 28/06/2022 15:58 / atualizado em 28/06/2022 16:43
Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition -  (crédito:  Yulia Mikhaleeva)
Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition - (crédito: Yulia Mikhaleeva)

A goiana Amanda Gomes, uma das bailarinas brasileiras da nova geração que vem se destacando no cenário internacional, ficou recentemente em segundo lugar em uma das mais importantes competições de balé do mundo e ocupa o posto de primeira bailarina da Ópera de Kazan, na Rússia.

Amanda começou a dançar balé aos 7 anos de idade em Goiânia, cidade onde nasceu. Aos 10 anos entrou para a Escola Bolshoi em Joinville, e se mudou com os pais para Santa Catarina. Em 2011 formou-se como bailarina, completando o curso em seis anos — normalmente são oito — já mostrando que se destacava.

Foi contratada para a Cia Jovem da Escola Bolshoi onde trabalhou por dois anos e meio até receber o convite para ser Solista da Ópera de Kazan na Rússia em 2014. Em setembro de 2017 foi promovida à primeira bailarina do teatro. "Desde então os convites para espetáculos, festivais e turnês internacionais só aumentaram!”, revela a bailarina.

Amanda conta que a rotina de ensaios varia de acordo com a quantidade de espetáculos que irá apresentar. "O meu gráfico de ensaios é muito relativo. Trabalho de duas a seis horas por dia, seis dias por semana. Em épocas de muitos espetáculos acabo trabalhando o mês todo sem dias de folga”, explica.

Ocupando o posto de primeira bailarina da Ópera de Kazan na Rússia desde 2017, o cargo mais alto para quem dança balé clássico profissionalmente, Amanda relata que a cia está encerrando a temporada no mês de julho e que voltam com os espetáculos em setembro. "A temporada 2022/2023 abrirá com um espetáculo muito especial coreografado pelo mestre Vladimir Vasiliev, E a luz eterna brilhará, na música de Mozart — Réquiem”, revela.

Prestes a completar 20 anos de balé, Amanda afirma que a dança foi fundamental na vida dela. "[O balé] me trouxe maturidade desde muito nova, me ensinou que o foco, a disciplina, a determinação, a coragem e a fé são fundamentais na vida! O balé faz parte de mim, não consigo imaginar minha vida sem ele! Sou muito feliz com o que já conquistei, mas existem muitos palcos no mundo que ainda sonho em dançar! Guardo meus sonhos nos meus pensamentos e orações, e trabalho muito para que eles se realizem", comemorou a bailarina.

Currículo de conquistas

Com um currículo recheado de premiações, a conquista mais recente foi no último dia 11 de junho, quando ficou em segundo lugar no XIV Concurso Internacional de Ballet em Moscou, na Rússia, conhecido entre os bailarinos brasileiros como “o maior do mundo”. Ela e o também brasileiro, Wagner Carvalho, disputaram contra jovens entre 18 e 27 anos do mundo todo.

 

  • Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition Yulia Mikhaleeva
  • Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition Yulia Mikhaleeva
  • Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition Yulia Mikhaleeva
  • Amanda Gomes durante apresentação no XIV Moscow International Ballet Competition Yulia Mikhaleeva

Amanda e Wagner levaram a medalha de prata na categoria Duetos com os balés Diana e Action e Spartacus e receberam de premiação, um certificado e um prêmio em dinheiro. Além disso, foram convidados para dançar na Gala dos Campeões, no palco do Teatro Bolshoi.

Mas para chegar ao pódio de uma competição tão importante, Amanda explica que passa por uma preparação especial.

"É bem diferente do que a gente está acostumado. No teatro nos preparamos para um espetáculo, então tem a preparação para o papel, da interpretação. Já o concurso é composto por três fases, geralmente cada uma delas é eliminatória e são poucos que chegam no final", explica.

Ela ressalta que nos concursos os bailarinos têm um prazo curto para demonstrar seu talento.

"Em um espetáculo no teatro, a gente tem de uma hora e meia até três horas para demonstrar seu potencial, se apresentar ao público e fazer com que ele se emocione. Já no concurso a gente apresenta um trecho do balé que dura de cinco a oito minutos", pontua, acrescentando que, por esse motivo, a preparação é maior. "Para ser impecável naqueles cinco — oito minutos", completa.

Amanda afirma ainda que, por estar se apresentando para ser julgada, existe também a preparação psicológica. "É muito difícil você entrar no palco com essa pressão com esses olhares de muitas vezes dos nossos ídolos de infância, das bailarinas mais renomadas do mundo, que estão ali para te julgar", pontua.

"Então é muito difícil a preparação tanto tecnicamente, que tem que ser impecável, quanto psicologicamente. Não é qualquer bailarina que consegue participar de concurso, porque o nervosismo é muito grande, além de estarmos levando o nome do seu teatro, do seu país para essas competições", completa.

Confira algumas das premiações de Amanda Gomes:

  • 2022 — Medalha de Prata no XIV Moscow International Ballet Competition
  • 2020 — Prêmio “TANTANA (Triunfo)” do Ministério da Cultura da República do Tartaristão — RU
    — Prêmio concedido por melhor performance teatral do ano de 2019, pelo papel de ‘Medora’ no balé O Corsário.
  • 2018 — Vencedora do programa Bolshoi Ballet da TV Kultura na Rússia
    — Prêmio como melhor casal da competição ao lado do bailarino Wagner Carvalho.
  • 2018 — Diploma Benois de La Danse, conhecido como o 'Oscar do Balé Mundial'
    — Indicação ao prêmio de melhor bailarina do ano 2017 por sua performance como protagonista do Balé Esmeralda;
  • 2018 — Prêmio “TANTANA" (Triunfo), concedido pelo governo da República do Tartaristão-RU pelo papel de Julieta, no balé Romeo e Julieta;
  • 2016 — Medalha de Ouro no XXVII Varna International Ballet Competition;
  • 2015 — Certificado de Honra ao Mérito, Medalha e Placa da CONBLA (Confederação Brasileira de Letras e Artes)
  • 2015 — Personalidade do ano — Bailarina do Ano.
  • 2015 — Comenda — “Ordem do Mérito Anhanguera” — Maior condecoração do Estado de Goiás, por suas conquistas em competições internacionais representando o estado e o país.
  • 2014 — Medalha de Prata no XIII Russian Open Ballet Competition — Perm/Rússia
  • 2013 — Troféu de Ouro na categoria Pas de Deux (clássico) no YAGP — Young American Grand Prix — Nova York/USA
  • 2013 — Medalha de Ouro no Istanbul International Ballet Competition — Turquia
  • 2012 — Melhor bailarina e medalha de ouro no 1º Festival Internacional de Dança de Goiás — Brasil

 

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