CoMA

Braza sacode o festival CoMA com amálgama musical do novo álbum 'Eita'

Banda está confirmada para tocar no festival CoMA no dia 8 de agosto e apresenta novo álbum 'Eita', lançado em fevereiro deste ano

Pedro Almeida*
postado em 15/07/2022 17:15 / atualizado em 15/07/2022 17:16
 (crédito: Gabriela Machado)
(crédito: Gabriela Machado)

A banda carioca Braza está confirmada como uma das grandes atrações do festival CoMA, que ocorre no Eixo Cultural Íbero-americano (antiga Funarte) nos dias 7 e 8 de agosto. Marcado para subir no palco do evento no domingo (8/8), o grupo traz para a capital a mistura única de reggae, rap e ritmos brasileiros presentes do novo álbum de estúdio, Eita. Os ingressos estão disponíveis on-line.

O Braza promete balançar e sacudir o palco do festival CoMA no dia 8 de agosto. Com uma mescla que bate em um liquidificador musical um punhado de reggae, uma xícara de rap, uma pitada de rock e brasilidades a gosto, o quarteto chega em Brasília para apresentar o novo álbum de estúdio, Eita, que saiu do forno em fevereiro deste ano. Composto por oito faixas, o álbum apresenta texturas nordestinas e cadências de samba, inéditas até então, mas sem abandonar os pilares que os norteiam desde o início. Sobre a obra e a vinda à capital, o tecladista e vocalista Vitor Isensee conversa com o Correio.

Ainda que os motores do Braza já estejam a todo vapor, a ignição pós-pandêmica aconteceu há pouco tempo, mais precisamente em dezembro de 2021. De lá pra cá, os shows tornaram-se mais frequentes, mas Vitor observa que nem tudo é igual ao que era: “Não vou dizer que as coisas voltaram a ser como eram antes, longe disso. Até porque acho que muita coisa mudou, inclusive na forma do público se comportar e do artista se portar no palco. Está sendo uma volta gradual, eu diria”. Isso, contudo, não impede que a euforia, que já era praxe nos shows da banda, volte. “As pessoas foram [aos shows] com a ânsia de estar ali vivendo. Eu acho que a gente sentiu muito medo e privação durante a pandemia, durante o tempo que os eventos não tinham como acontecer. A minha sensação como artista é que as pessoas estão muito ávidas para viver, celebrar, estar junto. Além disso, o nosso show já tem uma característica bem energética”, completa Isensee.

Se estar de volta aos palcos era objeto de desejo de todos os artistas, para o Braza, estar em um festival é ainda melhor: “[Tocar em festival] é o que a gente mais curte. A gente faz muitos shows de produção própria, que são os shows especificamente da banda. Ali você está tocando para o seu público. Em festivais, não é assim. No festival, geralmente você está falando com um monte de gente que não te conhece. É natural, em um evento diverso como o CoMA, que muita gente esteja ali só pela ocasião. A gente curte muito essa situação de tocar para quem não necessariamente nos conhece”. Não é só a troca com um público diverso que atrai a banda. A vida nos bastidores com outros artistas também interessa: “O camarim é sempre divertido. Quantos amigos a gente já fez a partir de encontros em festival?! É um ambiente muito rico artisticamente”.

Perguntado sobre a relação com Brasília, Vitor narra uma passagem corriqueira, mas marcante, para justificar o interesse pela cidade: “Eu me lembro de uma vez que o Braza tinha feito um show em Goiânia e fomos de Goiânia para Brasília por terra. Foi uma coisa que me marcou muito. Eu olhava a estrada e percebia a paisagem do Cerrado e até a cor da terra, que era mais forte. Brasília tem uma questão que, para mim, bate fundo. Muito além desse lugar comum da política, é uma cidade que tem muita história e muito simbolismo, por mais que seja jovem”. Para além do escopo pessoal, Vitor reflete sobre a relação da banda com Brasília e sobre a cidade entrar para o mapa do circuito musical independente: “Assim como o Brasil queria se interiorizar através de Brasília, para a gente, como artista, chegar ao coração do país é também uma forma de perceber que a gente está realmente se transbordando”.

Eita, lançado no dia 22 de fevereiro de 2022, mostra um Braza seguro com os pilares levantados e disposto a expandir a planta baixa para criar novos cômodos. Sons de cavaquinho, pandeiro, triângulo e viola podem ser ouvidos passeando pela instrumentação das faixas. “Desde o começo da banda, em 2016, a gente colocou alguns pilares. A gente desenhou um som que tem vertentes do reggae, a linguagem do rap e influência da música brasileira. Só que a música brasileira ficava sempre como uma coisa mais indireta. O que eu acho que aconteceu é que a gente conseguiu trazer essa referência brasileira mais para a frente. Isso ficou mais evidente. Dessa vez, a gente conseguiu fazer uma pesquisa que chegou em um lugar mais bem definido”, explica o cantor.

As novas misturas e texturas, confabuladas em estúdio, podem se tornar um desafio interessante na hora de chegar no palco: “A música se desenvolve no estúdio para depois ser tocada ao vivo. Elas vão surgindo e depois a gente foi destrinchar, entender e pensar como tocá-las, não só em termos de timbre, mas até de logística. A gente acaba tendo que adaptar certas coisas. E eu acho isso legal. Como público, eu não gosto de chegar em um show e ouvir uma apresentação igual ao CD, nota por nota. A gente costuma dar uma variada, fazer um ao vivo um pouquinho diferente do que é o disco”.

Braza nos bastidores do clipe 'Andei, andei'
Braza nos bastidores do clipe 'Andei, andei' (foto: Gabriela Machado)

Por fim, além das letras positivas e energéticas, o Braza também tira tempo para formular críticas sociopolíticas por meio da música. Vitor vê o momento sensível às margens da eleição como um momento de firmar o posicionamento, mas entende que a política é algo que permeia toda a vivência em sociedade. “Existe uma pressão pelo posicionamento, que eu acho que é natural. Eu sou muito da ideia de que a intenção de ser apolítico já é fazer política. Então, é impossível você não se expressar politicamente, seja fazendo uma música ou trocando uma ideia no bar. Sem que você não perceba, tem política ali”. diz. Ainda sim, Vitor exprime a tranquilidade de que a obra da banda deixa claro o posicionamento dos membros: “Existe uma uma certa tranquilidade nossa. São temas que a gente sempre tocou. A gente toca nesse assunto mais no sentido de convidar à reflexão do que impor uma visão. A gente acha que é importante dar algumas opiniões nos shows, mas sem tornar algo panfletário”.

Ao longo do mês, o Correio fará, nos meios on-line e impresso, um passeio entre as atrações do Festival CoMA, traçando um retrato dos artistas e a relação com Brasília e o evento. Confira as entrevistas com a banda Remobília e o cantor Vitor Ramil.

*Estagiário sob supervisão de Nahima Maciel

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