Foi a partir do sucesso da peça Helena Blavatsky, a Voz do Silêncio, vista por mais de 50 mil pessoas em todo o Brasil, que a professora e pesquisadora Lúcia Helena Galvão decidiu escrever o livro de mesmo nome, lançado este ano. "O livro nasce do roteiro da peça. O roteiro era maior, foi reduzido para caber em uma hora. O texto era grande e dele fiz o livro. Não é um livro de fácil leitura, então colocamos o texto da peça e um conjunto de comentários para ajudar na leitura do livro", explica a autora.
Lúcia Helena é professora da Nova Acrópole há três décadas e se interessou por Helena Blavatsky há mais de 20 anos. Nome emblemático da popularização da filosofia oriental no Ocidente, Blavatsky era uma pensadora russa que ajudou a divulgar um conhecimento relegado à categoria de crendice no século 19. "É bastante interessante porque ela faz uma compilação do conhecimento oriental como um todo, como se fizesse uma seleção da sabedoria oriental de todos os tempos. Para quem quer conhecer a filosofia oriental, é uma leitura excelente. Mas nem sempre é fácil, porque ela explica conceitos complexos", argumenta Lúcia Helena.
A dramaturgia da peça criada pela professora e transposta para o livro traz para o palco o último dia da vida de Helena Blavatsky. Morta em maio de 1891, em Londres, onde passou parte da vida, a filósofa deixou uma série de livros e ajudou a colocar nas prateleiras do conhecimento ocidental obras hoje consideradas faróis da filosofia oriental, como o Bhagavad Gita, o Ramayana e o Mahabharata. "Na peça, ela está sentada no escritório da casa em que vivia, em Londres, e faz uma retrospectiva da vida. Ela fala sobre a infância, a incompreensão dos pais e parentes, porque era uma paranormal com muitas capacidades, fala de quando encontra o mestre tibetano e ele encomenda trazer um pouco do conhecimento do Oriente para o Ocidente", conta Lúcia Helena. "O século 19 foi se tornando muito cientificista e foi perdendo um pouco o contato com a filosofia oriental".
Com direção de Luiz Antônio Rocha, que convidou Lúcia Helena para escrever o roteiro, após ler alguns textos da professora sobre a filósofa, a peça passou por temporadas em Brasília e nas principais capitais. A estreia ocorreu em 2018, mas a circulação foi interrompida pela pandemia até ser retomada quando os teatros reabriram. Beth Zalcman vive Helena e ganhou o prêmio Cenym de Teatro Nacional pelo papel. No livro, Lúcia Helena recria o último dia de vida da pensadora e, para ajudar na compreensão de quem foi Helena Blavatsky e da importância da obra da russa, ela acrescenta comentários que guiam o leitor pela história da filosofia oriental.
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