Artes visuais

Exposição lança olhar sobre a acessibilidade e o combate ao capacitismo

Com autorretratos e intervenções urbanas, o projeto, idealizado pela fotógrafa Pollyana Silveira, lança um olhar profundo sobre a acessibilidade e o combate ao capacitismo, convidando o público a refletir sobre inclusão e mobilidade

A fotógrafa Pollyana Silveira defende:
A fotógrafa Pollyana Silveira defende: "a cidade deveria ser para todos" - (crédito: Pollyana Silveira )

Brasília recebe até 13 de março a exposição Além da Ataxia, no Espaço Cultural Renato Russo. Com autorretratos e intervenções urbanas, o projeto, idealizado pela fotógrafa Pollyana Silveira, lança um olhar profundo sobre a acessibilidade e o combate ao capacitismo, convidando o público a refletir sobre inclusão e mobilidade.

A exposição apresenta os autorretratos de Pollyana, diagnosticada aos 15 anos com Ataxia de Friedreich, uma doença neurodegenerativa que danifica o sistema nervoso e compromete a mobilidade. A fotógrafa conta ao Correio que seu interesse por fotografia começou aos 8 anos e "em 2021 eu comecei a usá-la como meio de conscientização da minha doença, uma forma de cura, de expressão de sentimentos".

Além das fotos da artista, a exposição inclui histórias de outras mulheres com deficiência, nos arredores do Espaço Renato Russo, com o objetivo de capturar além de sua vivência com a deficiência, acompanham relatos que denunciam a falta de acessibilidade nos espaços urbanos e conectam o público às experiências de exclusão e resiliência.

O projeto também ocupa os espaços urbanos de Samambaia com oito intervenções realizadas em parceria com o Coletivo Transverso. Paradas de ônibus próximas ao Instituto Federal de Brasília vão receber os autorretratos da artista e lambes criados em uma oficina de arte com estudantes e pessoas com deficiência.

Pollyana destaca um caso que a inspirou para uma série de fotografias: "Eu não conhecia muito bem a quadra que eu estava na Asa Norte e quando a gente foi acessar a rampa, tinha um buraco no meio da rampa, minha cadeira ficou presa, meu corpo foi pra frente e eu caí de rosto no chão eu fiz uma série de fotos com o rosto machucado".

O projeto vai promover uma mesa redonda durante a abertura oficial da exposição, em 13 de fevereiro, às 19h30, com o tema Arte e Acessibilidade - Desafios e Perspectivas. O bate-papo será mediado pela artista idealizadora do projeto, e terá como convidadas a curadora Luiza Mader, a representante do Coletivo Transverso, Patrícia Del Rey e a especialista em acessibilidade Mônica Pereira.

Com o objetivo de mobilizar a comunidade, a artista também lançou uma petição on-line para pressionar a Anvisa a acelerar o processo de análise e aprovação do Omaveloxolone, primeiro tratamento aprovado no mundo para a Ataxia de Friedreich. Considerando a gravidade e a urgência enfrentadas por pacientes brasileiros com a doença, Pollyana reforça "quando você tem uma doença fatal, você só quer correr contra o tempo , eu acho que as coisas podiam ser um pouco mais ágeis, porque você está lidando com a vida de outras pessoas". Leia também: Como a atividade física pode ajudar na recuperação da depressão?

A exposição Além da Ataxia estará aberta ao público de terça a domingo, de 10h às 20h,  no Espaço Cultural Renato Russo, na 508 Sul, com entrada gratuita e classificação indicativa livre. As visitas guiadas com a fotógrafa Pollyana serão realizadas no dia 13, às 19h; dia 15, às 10h, e dia 22, às 16h. 

*Estagiária sob supervisão de Severino Francisco

 


Ana Carolina Alves*
postado em 20/02/2025 06:01
x