Exposição

Mostra com obras de Bodanzky revisita passado, para exaltar a democracia

'Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985' traz fotografias e quatro grandes telas de projeção que exibem cenas dos principais filmes do cineasta

Obra do fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky, que tem exposição no Museu Nacional da República -  (crédito:  Jorge Bodanzky/Divulgação)
Obra do fotógrafo e cineasta Jorge Bodanzky, que tem exposição no Museu Nacional da República - (crédito: Jorge Bodanzky/Divulgação)

Trechos de filmes, composições de imagens e reportagens do diretor e fotógrafo Jorge Bodanzky estarão, a partir das 19h desta quinta (12/6), em exposição no Museu Nacional da República. A organização do material disposto na mostra Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985 coube ao Instituto Moreira Salles (IMS), a partir da curadoria de Thyago Nogueira, com assistência da Horrana de Kassia Santoz e pesquisa de Ângelo Manjabosco e Mariana Baumgaertner. Na abertura, haverá visita guiada com o próprio artista, e, na sequência, ele estará em sessão de autógrafos do catálogo da exposição, formatado com reprodução de obras, cronologia completa, entrevista e fortuna crítica a cargo de personalidades como Ailton Krenak e Joel Zito Araújo.

Aos 82 anos, o paulista, autor do clássico Iracema, uma transa amazônica (1974), título liberado da censura apenas em 1981, é celebrado na capital pelo exemplo de resistência, num período contemporâneo que demarca os 60 anos do golpe militar no país. Entre os temas que sempre prezou estão a defesa da liberdade, a condenação à degradação ambiental e a denúncia a descasos sociais, isso além do interesse pelo registro de movimentações culturais.

Já montada em São Paulo (SP) e em Fortaleza (CE), a exposição é integrada por aparatos diferenciados como projeções em super-8 e a divulgação de reportagens audiovisuais alemãs (criadas por Bodanzky, que é filho de austríacos). Para além dos estudos em 1964, na Universidade de Brasília, o cineasta esteve na Alemanha em 1966, com direito a pesquisas com Alexander Kluge (em Ulm). De volta ao Brasil em 1968, Jorge teve publicações nas revistas Manchete e Realidade. Na exposição serão relembradas obras como o média Caminhos de Valderez (codirigido por Hermano Penna), filmado em Brasília em 1971. Gitirana (1975), codirigido com Orlando Senna; Igreja dos oprimidos (1985), codireção de Helena Salem; Terceiro milênio (1980) e Jari (1979), documentário feito ao lado de Wolf Gauer — além de
títulos nos quais Bodanzky foi diretor de fotografia, entre os quais Hitler IIIº mundo (1968), de José Agrippino de Paula; Compasso de espera (1973), de Antunes Filho, e O profeta da fome (1970), de Maurice Capovilla.

Junto com fotografias feitas por Bodanzky entre 1960 e 1970, em meio a viagens nacionais, a exposição trará raros registros como materiais que criou entre fatos políticos expressivos. No conjunto, a repercussão do assassinato de Benno Ohnesorg (que atuava em frente esquerdista); a detenção de membros do The Living Theatre (grupo teatral) em Ouro Preto e uma entrevista com o general boliviano Hugo Banzer, depois de efetivado o golpe de Estado, em 1971.

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Que país é este? A câmera de Jorge Bodanzky durante a ditadura brasileira, 1964-1985  

Exposição, até 21 de setembro, no Museu Nacional da República (Setor Cultural Sul, lt. 2). A partir das 19h, desta quinta (12/6). De terça a domingo, das 9h às 18h30.

postado em 12/06/2025 12:13
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