Quando A vida secreta do meu marido bilionário se tornou um fenômeno global, alcançando mais de 320 milhões de visualizações no ReelShort, Jéssika Alves não apenas estrelou um sucesso inesperado — ela se tornou protagonista de uma revolução no consumo de conteúdo. A atriz de 34 anos, que começou sua carreira em Malhação e passou por produções consagradas da televisão e do streaming, como a série brasileira de sucesso internacional Preamar (HBO), hoje vê seu trabalho alcançar proporções internacionais graças ao formato vertical, que transformou a maneira como as histórias são contadas e consumidas.
Em entrevista, Jéssika relembra os desafios de gravar uma série pensada exclusivamente para o celular. "Cada cena precisava ser intensa e direta, porque o espectador decide em segundos se continua assistindo", explica a curitibana. "Não há espaço para rodeios. Cada olhar, cada fala, cada silêncio precisava carregar emoção." O resultado foi um dorama que não só conquistou o público brasileiro, mas também espectadores nos EUA, México e até nas Filipinas, provando que uma boa narrativa transcende fronteiras — e formatos.
Mergulhos intensos
A trajetória de Jéssika é marcada por papéis desafiadores, desde a adolescente cômica Norma Jean em Malhação até a complexa babá Guiomar em Em família, passando por Vânia em Insensato coração, Laís em Amor eterno amor, e Lena em Tempo de amar, na Globo. Ele teve também um número considerável de trabalhos na RecordTV, onde iniciou com um papel na segunda fase de Os dez mandamentos; atuou em Jesus, onde interpretou a marcante Maria de Betânia, irmã de Lazaro; fez a sua primeira vilã, Shakia, na novela Gênesis; e protagonizou as duas últimas temporadas da série Reis — A divisão e A esperança —, dando vida à personagem Siloé.
"Cada personagem exigiu um mergulho diferente", conta. "Vânia, por exemplo, era uma realidade distante da minha. Tive que estudar, conversar com pessoas que viviam aquela vida, entender suas dores e motivações."
Essa busca por autenticidade a levou ao Method Acting, técnica que aprimorou sua capacidade de interpretar personagens com profundidade. "Aprendi que a verdadeira atuação começa no autoconhecimento. Só assim você consegue emprestar suas próprias emoções a uma personagem e ainda mantê-la única."
Futuro do audiovisual
Em A vida secreta do meu marido bilionário, Jéssika deu vida a Nathália, uma mulher que aceita um casamento de conveniência para salvar a mãe doente. "Era um papel que poderia facilmente cair no melodrama, mas eu queria que ela fosse real", diz. A química com Victor Sparapane, que interpreta o bilionário Sebastião, foi fundamental. "Trabalhamos juntos para criar uma dinâmica que fosse tensa, mas também cheia de camadas. Sebastião e Nathália são dois feridos tentando se proteger - e, no meio disso, descobrindo que ainda podem se conectar."
O sucesso da série no ReelShort abriu portas para discussões sobre o futuro do audiovisual. Jéssika acredita que o formato vertical veio para ficar. "As pessoas consomem conteúdo no celular, e precisamos falar a língua delas", afirma. "Isso não significa que a qualidade diminui — pelo contrário, exige mais precisão. Cada segundo conta." Ela já vislumbra novas oportunidades nesse mercado, incluindo produções internacionais. "O Brasil tem histórias incríveis para contar, e o mundo está percebendo isso."
Para quem está começando, Jéssika tem um conselho claro: "Estudem, criem, não tenham medo de errar. Hoje, as ferramentas estão aí — um celular, uma boa ideia e muito trabalho podem levar você a lugares incríveis." E finaliza com uma reflexão sobre o momento atual: "Estamos vivendo uma virada no entretenimento. Quem se adaptar, quem ousar experimentar, vai colher os frutos. E eu, por enquanto, estou adorando fazer parte dessa mudança."
Entrevista | Jéssika Alves
Você começou sua carreira aos 18 anos em Malhação. Qual foi o momento mais marcante dessa época e como você se preparou para o papel?
Malhação foi meu primeiro trabalho, então tudo teve um sabor especial. Foi um período de muito aprendizado, conheci pessoas que levo comigo até hoje. Além disso, foi a primeira vez que fiz comédia, o que me deixava bem apreensiva no início. Mas tivemos uma preparação intensa antes das gravações — corpo, voz, interpretação — e isso foi essencial. Criou uma unidade no elenco e fez o trabalho fluir mesmo com os desafios.
Você trabalhou em diversas novelas de sucesso na Globo. Qual foi o maior desafio que você enfrentou em cada uma delas?
Cada personagem exige um mergulho diferente. A Vania, de Insensato coração, por exemplo, era uma garota de programa — muito distante da minha realidade — e isso exigiu uma preparação mais profunda, entender as camadas dessa mulher. Já em personagens de época, o desafio está nos costumes, nas regras sociais e morais daquele tempo. É preciso compreender que certos dilemas existiam porque muitas possibilidades que temos hoje simplesmente não eram possíveis naquela época.
Pode nos contar um pouco sobre sua preparação para o papel em reis e como você se conectou com a personagem de uma série bíblica?
Siloé foi, sem dúvida, uma das personagens mais complexas que já vivi. Ela passou por perdas, traições, rompimentos… É uma personagem que atravessa muitas dores. Independentemente do período em que se passa a história, estamos sempre lidando com seres humanos — e os dilemas humanos se repetem. Eu procuro identificar em mim o que poderia provocar sentimentos semelhantes aos da personagem e empresto tudo isso a ela. No fim, não é sobre mim, mas me atravessa.
Qual foi a maior diferença que você percebeu ao trabalhar em uma série de streaming em comparação com as novelas tradicionais?
Preamar foi um divisor de águas pra mim. Trabalhei com profissionais incríveis que admiro até hoje. A maior diferença, pra mim, foi ter acesso ao roteiro completo desde o início — isso dá uma visão muito mais ampla da trajetória da personagem e permite uma construção mais detalhada. Já na novela, os capítulos chegam aos poucos, é uma obra em movimento, tudo pode mudar. Eu sempre gostei de ‘plantar sementes’ nos meus personagens e dar possibilidades aos autores e fico feliz quando vejo essas sementes sendo desenvolvidas pelos autores.
Atualmente, você está se aprofundando na atuação realista do Method Acting. Pode nos contar um pouco sobre essa abordagem e como você a está aplicando em sua carreira?
Estudar profundamente o Method transformou meu jeito de trabalhar. Hoje eu sei por onde começar, como acessar sensorialmente e psicologicamente a história de cada personagem. Isso me dá autonomia e segurança no processo. O Guilhermo Marcondes, meu treinador — e hoje, um grande amigo — tem sido essencial nessa caminhada para a interpretação realista. Ele me apresentou a ferramentas de mestres como Meisner, Uta Hagen, Lee Strasberg, Ivana Chubbuck… todos ramificações do trabalho do Stanislavski. Com esse repertório, eu consigo construir cada personagem de forma única e viva.
Como foi sua experiência ao trabalhar em produções de diferentes emissoras, como Globo e Record? Você percebeu alguma diferença significativa na abordagem ou no processo de criação?
Cada emissora tem sua identidade, mas a essência da novela e de como fazer é parecida. Eu gosto de estar em movimento e trabalhar com olhares diferentes. Independente do lugar, meu compromisso é sempre o mesmo: mergulhar no personagem e dar o meu melhor.
Você recentemente estreou como protagonista na primeira produção brasileira do app Reel Short. O que você achou dessa experiência?
Foi uma experiência super divertida! Ser a primeira atriz brasileira protagonista nesse formato tem um gostinho especial. É um conteúdo pensado diretamente para o celular, então o diálogo com o público é imediato. E o brasileiro é muito conectado, então o retorno tem sido intenso — e muito carinhoso.
Como você vê o futuro do conteúdo vertical no Brasil na nova plataforma de conteúdo vertical?
Acredito que é um mercado com grande potencial. O consumo de conteúdo no celular já é uma realidade, e o formato vertical se encaixa perfeitamente nesse novo hábito. Isso pode abrir mais espaço para diferentes formatos e narrativas, o que é ótimo pro nosso audiovisual.
Qual é o conselho que você daria para jovens atores que estão começando sua carreira e querem se destacar no mercado?
Estudem. Se preparem. Não tenham medo de ouvir “não”. E, principalmente, saibam por que vocês querem estar aqui. Quando o propósito é claro, o caminho, mesmo difícil, é suportável. Esse é um trabalho lindo, mas o processo pode ser solitário e desafiador. Então se cerquem de pessoas que compartilham do mesmo sonho, criem juntos, gravem cenas, joguem na internet. Hoje existem muitos caminhos — não esperem alguém te “descobrir”. Descubram-se e mostrem o que vocês fazem de melhor.
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