Crítica

Rapidez e fórmulas: 'F1' parece 'Top Gun', mas é Fórmula 1; leia crítica

Trama de intriga entre um piloto principiante e um veterano em equipe de Fórmula 1 alimenta a adrenalina do novo filme de Joseph Kosinski

 2025. Diversão & Arte. Filme F1. -  (crédito:  Warner/Divulgacao)
2025. Diversão & Arte. Filme F1. - (crédito: Warner/Divulgacao)

Crítica // F1 ★★★

Muitos terão a sensação de déjà vu: sai Tom Cruise, entra Brad Pitt; sai corrida no ar, entram as pistas de Fórmula 1; sai o despreparo e a crueza profissional e entram as táticas arrojadas de domínio da velocidade. O novo filme com roteiro de Ehren Kruger (o mesmo de Top Gun: Maverick — e que traz diversidade como lema, com fitas como Transformers, O chamado e Dumbo, de Tim Burton) e direção de Joseph Kosinski (de Top Gun: Maverick), F1, parece Top Gun, mas é F1.

Em busca de corridas épicas, Ruben (Javier Bardem) decreta a necessidade de um novo piloto para a iniciante escuderia APXGP. Confiando na solidez da amizade do ex-piloto Sonny (Pitt), Ruben quer ver operado o milagre, nas pistas de Grand Prix. Apoiado pela música do mago Hans Zimmer (desta vez, comedido) e pela jeitosa edição de Stephen Mirrione (da equipe dos novos clássicos Traffic, Birdman e 21 gramas), Kosinski aposta num enredo impulsionado para a visibilidade da (fictícia) APXGP, apinhada de problemas, mas com possíveis viradas de jogo. Aquecimento de pneus, manobras arriscadas (com uso de carro reserva) e lutas por melhorias nos carros (aos cuidados da técnica Kate, papel da irlandesa Kerry Condon, de Os Banshees de Inisherin) ficam ofuscados, diante do entrave humano, dada a rivalidade entre o protagonista e JP (Damson Idris).

F1 traz uma proposta diferenciada, mais descomplicada do que os longas Ferrari e Ford vs. Ferrari, e do que a série Senna. A trama é chapada — vale aquela máxima do heroi com quê decadente, que passa por rigorosa preparação física, tem comportamento monossilábico (com a imprensa, numa cena divertida), e guarda um senso de equipe latente, mas que é sabotado. Falta de segurança, espionagem corporativa e um passado caótico para Sonny formatam o drama, enriquecido pelos bastidores de cada pódio. JP resiste em se tornar o "rapaz grato" frente ao "idoso" colega Sonny.

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Mãe bem presente na vida de JP (a exemplo da mãe vista em O gângster), Bernardete rende papel pouco convincente para Sarah Niles. A luta por poder de decisão (dentro da equipe) desemboca em inesperado entrosamento dos pilotos. Num contraponto aos climões entre o "poser" JP e Sonny, paira o romance desmilinguido entre o veterano e a personagem de Kerry Condon. Com a ameaça permanente de se ver esmagada pelo sistema, a dupla retardatária enfrenta de acidentes a ressentimentos, até o bravo Sonny ser visto pilotando, "com raiva". Nutrido de revolta, ele vem embalado por falta de limites e se vê "voando". Alguém pensou em Top Gun?

 

  •  2025. Diversão & Arte. Filme F1.
    2025. Diversão & Arte. Filme F1. Foto: Warner/Divulgacao
  •  2025. Diversão & Arte. Filme F1.
    2025. Diversão & Arte. Filme F1. Foto: Fotos: Warner/Divulgação
postado em 03/07/2025 11:27 / atualizado em 03/07/2025 11:32
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