MÚSICA

Primeira biografia brasileira de Elvis Presley retrata lado humano da lenda

O Rei do Rock, primeira biografia musical brasileira de Elvis Presley, retrata o lado humano da lenda da música norte-americana

Stepan Nercessian dá vida a Tom Parker, polêmico empresário de Elvis -  (crédito: Divulgação)
Stepan Nercessian dá vida a Tom Parker, polêmico empresário de Elvis - (crédito: Divulgação)

Primeira biografia musical brasileira de Elvis Presley, o espetáculo O Rei do Rock chega aos palcos do Teatro Unip neste fim de semana, com sessões sexta, sábado e domingo, que prometem retratar o norte-americano para além da lenda musical. Idealizada, escrita, produzida e protagonizada por Beto Sargentelli, a peça nasceu a partir de uma conexão pessoal entre o ator e a obra do artista — o pai de Beto, Roberto Sargentelli, era cover do cantor. Apesar de, desde criança, conhecer de perto o trabalho do mito da música, o protagonista se aprofundou em um estudo que durou sete anos para a criação da peça.

"Meu primeiro contato com Elvis Presley foi em casa, ouvindo meu pai cantar — ele gravou uma fita cassete para minha mãe, cantando os principais sucessos", lembra Beto, que perdeu a figura paterna em 2016. "De certa forma, ele me apresentou não só à música de Elvis, mas também à paixão e à entrega de estar no palco como ator, cantor e músico. Essa memória afetiva e a saudade que sinto dele é o coração do espetáculo. Carrego ele comigo em cada cena. É como se, ao homenagear Elvis, eu também estivesse homenageando meu próprio pai e nossa história, matando a saudade dele a cada sessão", declara o protagonista.

A narrativa idealizada por Beto, que propõe mostrar o ser humano por trás da lenda que foi Elvis Presley, é costurada pelos 30 maiores sucessos que o norte-americano emplacou no Brasil. "A seleção foi um grande desafio, porque a obra dele é vastíssima. Busquei um equilíbrio entre os clássicos que o público espera ouvir e canções que ajudam a contar a história. Cada música está ali com um propósito dramatúrgico, não apenas como performance", afirma. Todas as faixas são apresentadas 100% ao vivo, garante o ator. "Isso traz uma energia única, porque o público sente a potência real de Elvis no teatro", opina.

O roteiro, por sua vez, traz à tona histórias da infância humilde do artista, a relação conturbada com a família e os dilemas pessoais do cantor. "O público vê o homem e o artista, lado a lado, entendendo por que ele se tornou eterno", explica Beto.

Em uma viagem às décadas 1950, 1960 e 1970, o espetáculo busca fugir do caminho "espalhafatoso e clichê" da época, de acordo com o idealizador. "Buscamos humanizar e tornar natural os figurinos da época, ao contrário de alguns musicais que preenchem o palco com excessos, mas se esquecem da qualidade. Tudo foi pensado para transportar o público de maneira teatral. Temos desde a atmosfera vibrante dos anos 1950 até a grandiosidade dos anos 1970 em Las Vegas", defende Beto.

"Os instrumentos, os timbres, a estética visual e a coreografia respeitam a época, mas sem deixar de dialogar com o olhar contemporâneo. O público realmente se sente vivendo essas três décadas de revolução cultural", acrescenta.

Formato inédito

"Não é um show de covers nem uma cinebiografia", compara Beto em relação às demais obras que retratam a vida e a morte de Elvis Presley. "É um musical teatral, com dramaturgia original, pensado e escrito no Brasil, que já recebeu mais de 30 prêmios e indicações. Ele une narrativa, atuação e performance musical ao vivo, criando uma experiência imersiva. Elvis não é apenas interpretado — ele é contado por dentro, com emoção, conflito e verdade, por meio da lente da nossa cultura teatral", adianta.

Até mesmo as contradições de Elvis fazem parte do espetáculo, assegura Beto. "Ele foi amado e criticado, quebrou tabus e enfrentou julgamentos. No musical, tratamos essas polêmicas com respeito e responsabilidade, utilizando fatos públicos. Sem sensacionalismo, mas também sem apagá-las. É esse equilíbrio que faz o espetáculo humano: mostrar que até um mito tem fragilidades", diz o ator.

Personagem também controverso, o empresário Tom Parker, central na carreira do Rei do Rock, é retratado por Stepan Nercessian no espetáculo. "Claro, sabemos que existem várias versões que falaram que o Tom obrigou o Elvis a trabalhar demais, mas também foi ele que alavancou toda essa carreira meteórica. Isso não justifica as sacanagens que ele fez, os contratos leoninos que diziam que o Elvis tinha que dividir tudo com ele. Mas a gente conta isso no musical, para que as pessoas conheçam melhor o que se passou entre eles", confirma.

Em relação ao cantor norte-americano, Nercessian não esconde a admiração. "O Elvis desde sempre é uma grande referência mundial. É impressionante como ele conseguiu correr o mundo inteiro àquela época, mesmo sem internet. Eu, um garoto em Goiás, já tinha ele como a representação de algo muito diferente, em termos de beleza masculina, música, como revolucionário. Eu sempre tive ele como uma grande referência, um herói", finaliza o ator.

O Rei do Rock — O musical

Sexta, às 20h, sábado, às 16h e 20h, e domingo, às 15h, no Teatro UNIP (SGAS 913) Ingressos podem ser adquiridos no site Olha o Ingresso e na bilheteria do local, a partir de R$ 20 Classificação indicativa: 12 anos 

 

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postado em 10/09/2025 05:42
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