Cinema

Curta brasileiro une blues e repente e conquista prêmio em Nova York

Filme sobre o encontro fictício entre o Cego Aderaldo e Robert Johnson, dirigido por Jesivan Ribeiro, ganha prêmio no New York Best Filme Awards

Cena do filme O encontro de Cego Aderaldo e Robert Johnson, dirigido por Jesivan Ribeiro -  (crédito: Divulgação)
Cena do filme O encontro de Cego Aderaldo e Robert Johnson, dirigido por Jesivan Ribeiro - (crédito: Divulgação)

O curta-metragem O encontro de Cego Aderaldo e Robert Johnson, inspirado em canção do compositor brasiliense Beirão, dirigido pelo goiano Jesivan Ribeiro,  conquistou o prêmio de melhor videoclipe Sul-Americano no New York Best Film Awards neste ano. Jesivan resume o filme como "o encontro de dois mitos do cancioneiro mundial que se torna realidade num ambiente de sonho e curiosidade". A obra cinematográfica é marcada pela fusão entre o blues e o repente.

O diretor revela ter ficado surpreso e honrado com a premiação recebida pelo filme. "Sinceramente, não esperava tal repercussão. Ser premiado por uma entidade de Nova Iorque é um reconhecimento não só ao meu trabalho, mas também aos meus colaboradores", celebra Ribeiro. Mais do que premiação, o curta representa para ele a união de culturas.

Ele recorda que a obra foi o resultado de diversas colaborações. Entre os participantes, Jesivan destaca Fernando Duarte, fotógrafo do Cinema Novo, que o auxiliou no set de filmagem, e Roberto Pires, montador e referência do cinema brasileiro. Além disso, destaca o apoio recebido por Sérgio Bath, cônsul-geral do Brasil em Washington D.C.

O Cerrado é parte essencial do curta e atuou como plano de fundo das cenas. "Filmamos na Estação Ecológica de Águas Emendadas, em Planaltina, e na Fazenda JK, em Luziânia", conta Ribeiro. Além disso, o diretor relembra que as ruas de Brasília proporcionaram que o diretor encontrasse o responsável por interpretar Robert Johnson, que foi vivido por um desconhecido: "Era Heliodoro Teixeira, que jamais tinha atuado, visto um filme ou tocando violão. Ainda assim, confiei na minha intuição e ensinei tudo a ele."

A trilha sonora também exerceu um papel fundamental para a criação do curta e foi criada por Beirão Neves."A trilha é a alma do filme", afirma o diretor. Beirão se uniu a repentistas da Casa dos Cantadores de Taguatinga e adaptou a clássica Crossroads, de Johnson. "Foi um trabalho emocionante que uniu mundos tão diversos como o Mississipi e o sertão nordestino", reflete Jesivan.

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Beirão explica que a fusão dos estilos se faz presente em sua produção musical desde antes do curta: "Eu sempre fiz essa mistura, até criei o que chamo de forró de metaleiro". Para ele, a inspiração veio da música, que nasceu naturalmente: "Foi quando ele ouviu a canção que se inspirou para fazer o roteiro", afirma. "O encontro de Cego Aderaldo e Robert Johnson é um tributo à música que nasce do sofrimento e se transforma em beleza", atesta o cineasta.

O reconhecimento do público é outro motivo de orgulho para o diretor. "O mais emocionante é perceber que das pessoas mais humildes as mais cultas, todas têm amado o filme", observa o diretor. Para ele, isso mostra que "o poder da música realmente não tem fronteiras, nem de classes, raças ou crenças", conclui.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

 


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BL
postado em 28/09/2025 02:36
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