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Para a atriz e roteirista Tóia Ferraz, o futuro é feminino (e poderoso)

Tóia Ferraz vive momento de destaque no audiovisual com vilã no cinema e série sobre Ângela Diniz na HBO Max

A atriz e roteirista Tóia Ferraz vive um momento áureo em sua carreira, com lançamentos que a colocam em evidência no cinema e no streaming. Neste ano, o público a verá como uma vilã cômica no longa-metragem C.I.C - Central de Inteligência Cearense e em um papel dramático na aguardada série Praia dos Ossos, produção original da HBO Max em parceria com a Conspiração Filmes.

Com 10 anos de carreira profissional, a trajetória de Tóia é marcada pela versatilidade. Natural de São Paulo, sua paixão pelo teatro sempre existiu, mas a levou inicialmente a se formar em Arquitetura. Foi em 2015, após uma temporada de seis meses estudando atuação em Nova York, que a arte deixou de ser um hobby para se tornar sua profissão. Seu primeiro trabalho de destaque foi na série Ilha de ferro (Globoplay), que abriu portas para uma sequência de projetos no audiovisual.

O primeiro projeto a chegar ao público é a comédia de ação C.I.C, dirigida por Halder Gomes. Tóia interpreta Koorola, sua primeira vilã no cinema, uma mulher inescrupulosa que tenta impedir a missão de um agente secreto.

Para construir a personagem, a atriz passou por uma intensa preparação física, incluindo ensaios para cenas de ação, lutas e coreografia, já que o elenco não utilizou dublês. "Era muito fácil eu virar uma vilã de desenho animado", comenta Tóia. "Mas a ideia era abraçar a comédia e, ao mesmo tempo, humanizar essa persona. A Koorola tem um humor afiado, é sedutora e cômica. Suas motivações podem ser legítimas, exceto pelo seu senso de moralidade, onde, de fato, ela joga mais baixo".

Ela reforça que a personagem quebra estereótipos. "Isso é ótimo pois mostra que a mulher pode ocupar qualquer lugar — inclusive o do poder".

Revisitação histórica

Na série Praia dos Ossos, inspirada no podcast homônimo, Tóia Ferraz interpreta Marion, personagem livremente inspirada na atriz Monique Lafond, uma mulher influente da alta sociedade dos anos 1970 e uma das principais amigas de Ângela Diniz.

Para a atriz, o que mais se destaca no projeto é a narrativa de apoio entre mulheres. "O roteiro conduz para um lugar de solidariedade — uma apoiando a outra, sem rivalidade. Minha personagem representa a liberdade de viver seus desejos sem medo de julgamento, algo muito presente também na própria Ângela".

Tóia enfatiza a importância de revisitar essa história mais de 50 anos depois. "Em um país que registra, em média, quatro mulheres assassinadas por dia, é essencial resgatar a dignidade da vítima. Revisitar esse episódio é uma forma de denunciar a perpetuação da cultura da violência, afirmando que nenhuma vítima deve ter sua vida ou reputação usadas como desculpa para a impunidade".

Ampliando a criação

Durante a pandemia, Tóia descobriu outra vocação: a de roteirista. Ela criou projetos autorais que viralizaram nas redes, como a websérie Da janela e as esquetes O estranho mundo das pessoas imperfeitas. Atualmente, co-escreve o longa Five Estrelas com Fernanda Chicolet e a série Made in Bahia em parceria com a Paris Filmes e Fábio Porchat.

No palco, a artista se prepara para estrear seu primeiro solo autoral, Eu quero ver, com direção de Soraia Costa. O texto, escrito por ela, aborda a perda gestacional, um tema ainda pouco discutido. A peça pretende compartilhar com o público o processo de cura e a busca pelo sonho de engravidar.

Aos 38 anos, Tóia Ferraz carrega a bandeira de contar histórias que provoquem e ampliem conversas. "Desde que o mundo é mundo, temos lutado por espaço. Sou muito grata às mulheres que deram um passo à frente e abriram caminhos. Nos projetos que escrevi, todas as protagonistas são femininas. Ainda quero criar uma heroína cheia de contradições ou uma vilã poderosa que destrói tudo. A gente quer — e vai — ocupar todos os espaços", finaliza.

Novelas

Perguntada sobre sua ausência nas novelas, até então, Toia é enfática: "Eu espero fazer. Acho que as novelas estão conseguindo se reinventar, e e eu tenho muita vontade de estar em alguma delas em um futuro próximo, quem sabe".

 


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