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Gabriel Godoy celebra tempo de colheita dos frutos que semeou

Com estreias na televisão, no cinema e no streaming, o ator Gabriel Godoy vive momento em que reúne frutos semeados

Aos 41 anos, Gabriel Godoy vive um daqueles momentos raros na carreira de um artista, em que tudo parece acontecer ao mesmo tempo — e da melhor maneira possível. Com duas novelas prestes a estrear (Coração acelerado, na TV Globo, e Dona Beja, no HBO Max, ambas em janeiro), a segunda temporada da série Amor da minha vida (Disney) no horizonte e três filmes selecionados para festivais internacionais, o ator encara a efervescência como a colheita de uma longa semeadura.

"São daqueles momentos que até assustam pela quantidade de coisas boas acontecendo ao mesmo tempo", admite Godoy, em entrevista exclusiva. "Mas sempre faço o exercício de olhar para trás e enxergar tudo o que construí com muito trabalho e estudo, em dias de cansaço e em outros de entusiasmo, para, aos 41 anos, estar colhendo frutos tão lindos".

Para o capricorniano, o segredo desse sucesso multifacetado vai além do talento. "Amo essa profissão e aprendi que, além do trabalho, as relações são sagradas. Muitos projetos surgiram porque plantei uma semente lá atrás, e outros porque deixei uma boa impressão por onde passei. Acredito muito nisso: não basta ser um bom ator, é preciso ser também um bom ser humano".

A chave é a preparação

Gerir a agenda e a mente para tanta demanda exige método e autoconhecimento. "Terapia! (risos)", brinca. Ele explica que muitos dos projetos em lançamento foram gravados há algum tempo, o que permite focar na divulgação. Seu método é revisitar cada trabalho para se reconectar com a experiência e estar presente nos eventos.

Já para Coração acelerado, próxima novela das 19h, o processo de Gabriel é de imersão. "Venho estudando sozinho enquanto não começa a preparação oficial. Tenho mergulhado no universo sertanejo, ouvindo muitos podcasts e conversando com amigos de Goiânia. Gosto muito desse processo de pesquisa, ele me conecta com o personagem e com a cultura que vou representar", explica o paulistano, que estreou nas novelas em Alto astral (2014) e esteve no elenco de Haja coração (2016), Verão 90 (2019), Mar do sertão (2022) e, recentemente, Família é tudo, no ano passado.

Sonho realizado

Se na televisão Godoy é um nome conhecido, no cinema ele está vivendo um momento de grande reconhecimento artístico. Três filmes de sua filmografia recente foram selecionados para importantes festivais: Virtuosas (de Cíntia Domit Bittar) e As vitrines (de Flávia Castro) no Festival do Rio; este último também no Festival de Biarritz, na França; e O coreto no Festival de Labriff, em Los Angeles.

"Eu comecei no teatro e sempre tive o sonho de fazer cinema", relembra. "Meu primeiro longa como protagonista foi em 2009, Os 3, e, naquele momento, achei que entraria com mais facilidade nesse mercado. Mas o segundo só veio em 2017, anos depois, e eu segui sonhando. Fazia novelas, séries, mas não fazia filmes. E agora, nos últimos cinco anos, lancei nove filmes e ainda tenho mais cinco para estrear. É um momento lindo! Para mim, o significado é principalmente pessoal, por ser um amante do cinema".

O ator destaca a diversidade dos projetos. "Os três filmes selecionados são de gêneros completamente diferentes". Sobre "As vitrines", que lhe deu a chance de atuar em espanhol, ele conta: "Foi um desafio especial: interpretar o pai da protagonista e mergulhar em um dos momentos mais duros da história latino-americana, as ditaduras".

A seleção para Biarritz acendeu a reflexão sobre o mercado internacional. "Ver o mercado internacional se abrir cada vez mais para atores estrangeiros realmente me fez pensar nisso". Godoy, porém, tem um destino preferencial: a Espanha. "Meu pai é argentino, então tenho uma intimidade maior com a língua, além de ser apaixonado pelo cinema argentino e espanhol". Sobre o inglês, ele ri: "É uma luta para mim. Faço aula, mas sei que preciso melhorar muito. Quem sabe eu não estreie em um filme em inglês aos 90 anos?".

Tributo a uma lenda

Além dos festivais, outro projeto especial aguarda estreia para novembro: Silvio Santos — Vem aí, dirigido por Cris D'Amato. Godoy descreve a experiência como "um encontro de novidades", destacando a admiração pela diretora e a oportunidade de trabalhar com Manu Gavassi e Leandro Hassum. "Nunca tínhamos dividido um set e ele é realmente uma máquina de trabalho, com energia para estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Isso me inspira muito".

O filme também resgata uma relação antiga e afetiva com a família Abravanel. "Meu primeiro trabalho profissional foi com a Cíntia Abravanel, na peça Avoar... Fiquei de 2005 a 2009 no Teatro Imprensa, e sou muito grato por aqueles anos. Por tudo isso, esse longa é também uma celebração desse ícone da nossa tevê e de uma família pela qual tenho enorme carinho e respeito".

Robson Maia e Rafael Mentges -
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