A notícia da reprise de Rainha da sucata (1990) dentro do bloco Vale a pena ver de novo foi recebida com festa pelos fãs da novela. Entre eles, o ator armênio Arthur Haroyan, que atualmente vive no Brasil e é um fã declarado de Aracy Balabanian (1940-2023), a intérprete da inesquecível Dona Armênia. Para celebrar, Haroyan produziu um vídeo listando sete curiosidades sobre a personagem e a atriz, revelando os bastidores de um dos ícones mais carismáticos da teledramaturgia brasileira.
"Eu, um ator armênio que veio parar no Brasil praticamente guiado pela própria Dona Armênia, não podia ficar de fora", brinca Haroyan, que estreou nas novelas globais em Mania de você, em 2024, e se declara um dos "filhinhas" da personagem.
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Confira os destaques da lista:
1. A gênese: De húngara a armênia
A personagem que se tornaria um símbolo da colônia armênia no Brasil quase nasceu em outro país. Inicialmente, a ideia do autor Sílvio de Abreu era criar uma senhora húngara, inspirada na bailarina Marika Gidali. Foi o próprio Abreu quem, em um estalo de genialidade, sugeriu: "Ué, e se for armênia?". A mudança criou uma figura materna que conquistou o país.
2. O sotaque que quase ficou de fora
Ironicamente, o sotaque armênio que marcou a personagem quase foi cortado. Aracy Balabanian passou o carnaval inteiro estudando a fala característica para chegar gravando na Quarta-feira de Cinzas. Para sua surpresa, o diretor Jorge Fernando pediu para retirar o sotaque. A atriz então explicou: "Mas eu passei o carnaval inteiro estudando sotaque!". Jorge reconsiderou na hora: "Então faz com sotaque!". Trinta cenas tiveram que ser regravadas, e um bordão nacional estava prestes a nascer.
3. A polêmica na colônia
A personagem nem foi unanimidade imediata entre os armênios no Brasil. Alguns a consideravam "muito chata, muito mandona". Haroyan compara: "Igual a minha mãe, as vizinhas da minha mãe...". O clima esquentou quando, durante uma entrevista no Fantástico, um homem armênio chamou Aracy de "ignorante". O momento foi salvo pela esposa do homem, que gritou: "Cala a boca, fica quieta!" – em um perfeito sotaque à la Dona Armênia, trocando os gêneros das palavras.
4. O autor que se apaixonou pelo sotaque
Sílvio de Abreu gostou tanto da sonoridade que começou a escrever os diálogos da personagem já com a fonética do sotaque. Aracy, então, teve que intervir: "Pelo amor de Deus, Silvio, para com isso! Eu não decoro assim! Eu coloco o sotaque na hora!". O improviso e a assinatura vocal foram preservados.
5. O "Na chon" que parou a Paulista
A famosa expressão "Na chon" nem era um bordão planejado, mas simplesmente o jeito como Aracy finalizava as palavras terminadas em "ão". O Brasil adotou a frase. O auge do fenômeno aconteceu durante uma gravação em um prédio na Avenida Paulista. Uma multidão na rua começou a gritar "Na chon!", atrapalhando as filmagens. Enquanto Silvio de Abreu se desesperava e Jorge Fernando, de helicóptero, não conseguia gravar, Aracy pensava: "Eu criei um sotaque que parou a Paulista!".
6. O braço quebrado e o chalé da salvação
No auge do sucesso, Aracy quebrou o braço e precisou usar um colete de gesso. Sem dramas, a atriz, com sua elegância característica, improvisou um charmoso xale com broche para disfarçar a imobilização. O autor, por sua vez, incorporou o acidente ao enredo, criando uma cena hilária onde todos os "filhinhas" da Dona Armênia aparecem engessados após um salto de paraquedas mal sucedido.
7. A ressurreição e a bênção de Dercy
Dois anos depois, em Deus nos acuda (1992), Sílvio de Abreu decidiu trazer Dona Armênia de volta. A lenda Dercy Gonçalves, que também integrava o elenco, não gostou da ideia e deu um pito em Aracy, dizendo que "sucesso não se repete". Aracy ouviu calada, respeitando a colega. Após a estreia, no entanto, Dona Armênia brilhou novamente. No domingo seguinte, Aracy recebeu flores e um cartão da própria Dercy: "Aracy, querida, me enganei. Dona Armênia foi e será um sucesso. Um beijo, Dercy."
Um sonho armênico
O ator Arthur Haroyan, um armênio louco por novelas que acompanha as produções da teledramaturgia brasileira desde sempre e, ainda menino, decidiu que estaria nelas. Autor do livro O armênico, lançado em 2022, o agora morador de São Paulo relata na narrativa literária suas aventuras da infância à sua nova vida no Brasil, onde chegou em 2008, aos 24 anos.
Haroyan finaliza sua homenagem com um apelo e uma oferta: "Ouvi dizer que o Sílvio de Abreu não é muito fã de remakes. Mas, olha, se ele mudar de ideia, tô prontíssimo pra ser um dos filhinhas da Dona Armênia. Prometo decorar o texto, falar com sotaque e reclamar de tudo igualzinho ela ensinou."
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