Crítica

Gata em teto incandescente: o brilho de Jennifer Lawrence na telona

Filme 'Morra, amor', de Lynne Ramsey, discute perturbação mental, sexo e autonomia das mulheres no casamento

Cena do filme Morre, amor: erotismo à flor da pele -  (crédito: MUBI)
Cena do filme Morre, amor: erotismo à flor da pele - (crédito: MUBI)

Crítica // Morra, amor ★★★★

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Depois de Jessica Lange, Elizabeth Taylor e Gena Rowlands estabelecerem patamares únicos de esposas amalucadas ou desiludidas com o casamento, chegou a vez de Jennifer Lawrence fazer história com a personagem Grace, no mais novo longa de Lynne Ramsey (a mesma de Precisamos falar sobre o Kevin, um clássico moderno). Se incomodou muitos, no polêmico filme de Darren Aronofsky, Mãe! (2017), Jennifer Lawrence volta à carga, agora ao lado do personagem do marido (interpretado por um alheio e, por vezes, dedicado, Robert Pattinson).

Há um momento na trama de Morra, amor que a sogra de Grace (feita pela esplendorosa Sissy Spacek) recomenda ioga, caminhada ou escrita para tornar "relaxante" o começo do dia da jovem mãe. Mas, metida numa cidade interiorana, ela está mais disposta a acenar para latentes pretendentes de adultério; se atirar, de roupa íntima, na piscina de uma festa infantil, e caprichar em poses sexys, mato adentro. Se o turbilhão de insanidade tem origem psicológica, a dado momento, isso é adendo na trama que trata de conexões, rejeição, inconstância e autossuficiência. "Você é a cola (da nossa relação)", preconiza o marido descompensado com tantas culpas e fortes emoções.

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Morra, amor é um veículo potente para a eterna estrela de Jogos vorazes, que, novamente, está a passos de esperada indicação ao Oscar (que já levou por O outro lado da vida). Consumida pelo amor e pelo descontrole, Grace abraça uma jornada autodestrutiva que faz lembrar o radicalismo de Até os ossos (2022). Entediada, fogosa e sem o menor pudor, a personagem se coloca em postura animalesca e agressiva. Com um painel que retrata masturbação intermitente, e doses surreais de impacto (de onde desponta o cavalo ferido e a floresta em chamas), para além da excelência dos atores, a diretora Lynne Ramsey, ancorada por livro de Ariana Harwicz, desfere golpe duro nos sentidos dos espectadores.

 

 

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postado em 02/12/2025 17:55 / atualizado em 02/12/2025 18:44
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