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Diretora brasileira Marina Montesanti está entre grandes nomes da Broadway

Aos 29 anos, a paulista Marina Montesanti, indicada ao Tony Award, se consolida como uma das vozes mais inovadoras e requisitadas do teatro norte-americano, comandando produções de peso e projetando novos clássicos

Aos 21 anos, estudava com o lenda viva Peter Brook. Aos 25, lecionava em uma das escolas de teatro musical mais tradicionais dos EUA. Aos 29, carrega no currículo uma indicação ao Tony Award, a direção de sucessos da Broadway e a missão de reinventar clássicos para os palcos contemporâneos. Esta é a trajetória, marcada por rigor e inventividade, da brasileira Marina Montesanti, que, em 11 anos na cidade de Nova York escalou posições e hoje se firma entre os grandes nomes da cena teatral norte-americana.

Nascida em São Paulo e com passagens pela Argentina e África do Sul, Montesanti sempre mirou a direção teatral. Sua formação é um mapa de excelência: direção teatral pela Columbia University, considerada o principal centro de formação de diretores do mundo, e Artes Cênicas pela The New School for Drama, em Nova York. O ingresso precoce em um grupo seleto para estudar com Peter Brook no Brooklyn Academy of Music (BAM) foi um prenúncio do caminho acelerado que seguiria.

Hoje, sua marca é a versatilidade e o compromisso com a renovação. “Nova York exige muito, mas também abre portas que realmente mudam o rumo de uma carreira”, reflete a diretora. “Eu sempre fui uma nerd do teatro; trabalhar, estudar e repetir até ficar melhor é o que me move.”

O reconhecimento veio em alto nível. Ela foi indicada ao Tony Award por Fat Ham, vencedor do Prêmio Pulitzer de Drama, e já colaborou em produções aclamadas da Broadway, como A Beautiful Noise: The Neil Diamond Musical. Recentemente, assinou a produção principal do espetáculo imersivo Into the Woods com uma equipe de artistas da Broadway.

Seu trabalho, porém, vai além da colaboração. Montesanti tem protagonismo na revitalização de obras. Ao dirigir The Visit, tornou-se a primeira pessoa a obter os direitos da obra de Kander e Ebb desde sua montagem original na Broadway. Atualmente, atua como diretora associada da premiada Rachel Chavkin no novo musical Eugene Onegin: A Bluegrass Musical, com estreia comercial prevista para a Broadway após temporada em Arkansas em 2026.

O futuro imediato reserva mais projetos audaciosos. Em novembro de 2026, dirigirá In the Bronx Brown Girls Can See Stars Too, parte da temporada inaugural de um novo teatro em Nova York. E está à frente de uma das releituras mais aguardadas: uma nova adaptação musical de Oliver!, de Charles Dickens, totalmente reinventada e ambientada no universo musical dos anos 70 e 80.

“A formação que tive expandiu meus valores criativos e definiu o rumo do meu trabalho. Hoje, participo de processos que estão levando o musical a novos territórios”, afirma. “Estar dentro dessas construções em um nível tão alto, com espaço real para minha voz, é um privilégio enorme.”

Para Marina, o ápice permanece na conexão com o público. “Ainda me emociona ver uma plateia inteira levantar porque algo bateu fundo. São esses instantes que me lembram que o trabalho está realmente reverberando", concluiu.

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