Tainá e os guardiões da Amazônia — Em busca da flecha azul: com o título, os diretores Alê Camargo e Jordan Nugem assumiram a missão de contar das origens da heroína brasileira Tainá. “A temática de preservação e respeito com a natureza é de extrema importância e faz parte do DNA da personagem.Ao mesmo tempo, parte de se entender essa temática está justamente em conhecer a beleza e a exuberância da natureza”, define Nugem. Roteirista do longa-metragem, Gustavo Colombo explica da feitura do enredo: “O longa é um prequel da série, uma história de origem de como a Tainá se tornou guardiã da Amazônia e conheceu seus amigos inseparáveis: o macaco-aranha Catu, o urubu-rei Pepe, a ouricinha Suri”. Colombo adianta que todos falam, em cena, e que os animais carregam as características da série: Catu é travesso, Urubu é estudioso e conhecedor da floresta e Surié fofinha e ingênua.
Entrevista // Gustavo Colombo (roteiro) e Jordan Nugem (direção)
Como equilibrar ensinamentos, diversão e didatismo (se existir...)?
Gustavo Colombo — No longa, aumentamos os riscos da série, há realmente uma ameaça na floresta e a Tainá passa por uma jornada de amadurecimento. Mais do que ensinar, explicar, ao conhecer os personagens que habitam a floresta, nossa expectativa é de que o público consiga se comover vendo e sentindo junto com a Tainá e seus amigos quando eles se deparam com a destruição da Amazônia.
Como se dá a interação dos bichos na trama?
Jordan Nugem — Os bichinhos são o coração da história ao lado da Tainá. Além de mostrarem um pouquinho da diversidade da nossa fauna, eles funcionam como um suporte para toda a jornada da Tainá ao longo da aventura. Eles falam, principalmente o Catu, o macaquinho tagarela que funciona como um alívio cômico. Junto dele, temos a Suri, que é uma ouriça fofíssima e cheia de coração, e o Pepe, um urubu-rei, especialista nas lendas da Amazônia.
Estamos longe de padrões internacionais?
Gustavo — No cinema, não existe filme infantil, mas filme família, os sucessos das animações da Disney, Pixar e outros estúdios focam no público família ou até no jovem adulto. Normalmente, quando uma franquia ou propriedade intelectual infantil, como é o caso de Tainá, que é uma série pré-escolar, vai para o cinema, precisa trazer elementos que conversem com um público mais amplo e aumentar os riscos dos personagens, criando também um arco para o personagem. No caso dos elementos visuais acontece algo parecido, trazendo mais texturas, iluminação e movimentos de câmera para o filme que é do mesmo universo da série, sem trair o público original.
Como nos vê, frente à Disney?
Gustavo — Conseguimos fazer diferentes estilos e tipos de animação no país, não acredito que estejamos tão distantes do padrão Disney assim. Claro, existe uma barreira do montante de investimento para ter um visual exatamente igual, mas com um pouco de inventividade, conseguimos chegar em lugares mais criativos e inovadores mesmo com menos recursos e tecnologia. O principal está na história e também no roteiro. Uma boa narrativa, faz o público esquecer rapidinho qualquer problema de produção e efeitos — e isso na animação ou no live-action.
Que tipo de desafios marcam a carreira? Quem são teus mestres?
Jordan — Enfrentamos infinitos desafios de produção no Brasil devido à falta de incentivo à técnica de animação; ainda assim, graças ao carinho e empenho dos artistas dessa área, estamos sempre nos destacando no mercado internacional. Quanto aos meus mestres, cito Hayao Miyazaki e Don Hertzfeldt (indicado ao Oscar, em 2016, por World of tomorrow), que apesar de opostos em técnica de animação, me servem como grande inspiração nessa linguagem tão bonita…e tão complicada e trabalhosa.
