Artes cênicas

Metáfora distópica inspirada em Orwell é tema de nova peça do grupo ATA

Espetáculos do Cena Contemporânea neste fim de semana reúnem adaptação de romance de George Orwell e butô japonês

ATA adaptou distopia de George Orwell sobre autoritarismo -  (crédito:  DAVIMELLO)
ATA adaptou distopia de George Orwell sobre autoritarismo - (crédito: DAVIMELLO)
postado em 27/10/2023 06:50 / atualizado em 27/10/2023 06:50

Na versão do grupo ATA — Agrupação Teatral Amacaca para o livro 1984, de George Orwell, uma congregação milicio-religiosa controla a sociedade brasileira, que foi transformada no Metabrasis, ou um Brasil do metaverso. É um futuro distópico e violento, no qual a manipulação está à frente de todas as intenções. Com o título de 2 + 2=5, a peça está na programação do Cena Contemporânea desta sexta-feira (27/10) até domingo (29/10) e propõe ao público alguns recortes das discussões desenvolvidas por George Orwell no famoso romance de 1949.

Dirigida por Felipe Vidal, a adaptação traz algumas das ideias centrais do livro: apagamento do passado, manipulação das verdades e mudança das perspectivas históricas. "São coisas que estão bem na ordem do dia, como o passado acaba sendo mudado, as memórias das pessoas também", explica o diretor. "O livro se passa no futuro, então esse futuro a gente coloca em um lugar indeterminado. A discussão que nos interessa é essa, o que é verdade, o que é manipulado, a questão das fake news, inventar narrativas outras para o passado, apagar perspectivas ruins para determinado grupo."

Na versão brasiliense, o Grande Irmão de Orwell, que imaginou uma sociedade totalitária e extremamente vigiada, virou o Grande Pai de Todos, uma espécie de inteligência artificial que controla tudo e a Metabrasis estimula ideias como empreendedorismo individual e a uberização do trabalho. São ideias que Vidal e o ATA adaptaram para a contemporaneidade para dar um sentido mais atual ao texto. "As palavras do livro são muito fortes, mas a gente mudou um pouco o contexto para que essas palavras pudessem continuar tendo força", diz o diretor, ao lembrar que o livro foi escrito como crítica aos governos ditatoriais da época.

Hoje também é a última oportunidade para assistir a Before the dawn, da japonesa Yumiko Yoshioka, que tem o butô como referência. Ex-integrante da primeira companhia feminina de butô e radicada na Alemanha, a artista traz a Brasília um espetáculo no qual fala de transformação, de memórias e da dualidade presente em ideias como o belo e o grotesco.

 

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