Gastronomia

Para celebrar os 64 anos, restaurantes que fazem parte da história de Brasília

Neste fim de semana, a capital modernista celebra 64 anos de história com restaurantes que são parte da trajetória da cidade

Chef Francisco Ansiliero. No prato, a picanha na brasa com farofa de ovos do Dom Francisco
 -  (crédito:  Kayo Magalhães/CB/D.A Press)
Chef Francisco Ansiliero. No prato, a picanha na brasa com farofa de ovos do Dom Francisco - (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)

Brasília alcança, neste domingo (21/4), a marca de 64 anos e permanece símbolo da arquitetura moderna e da diversidade do país. Em mais de seis décadas de história, a trajetória da cidade se mistura, principalmente, com a gastronomia. A capital federal é considerada o terceiro maior polo gastronômico do Brasil e coleciona restaurantes tradicionais que surgiram e cresceram com ela.

O Restaurante Roma foi inaugurado dias antes de Brasília e, desde então, se tornou palco de grandes acontecimentos. "O Roma oferecia aos brasilienses e visitantes absolutamente tudo que se procurasse. Um restaurante que acompanhou de perto cada expansão da cidade, observou atento às mudanças governamentais e serviu aos seus clientes uma mesa farta, com sabor único e um lugar aconchegante", lembra a proprietária Angela Pitel.

O La Chaumière também surgiu durante a década de 1960. O chef Severino Xavier destaca que o restaurante faz parte da história da capital por compartilhar momentos com a classe política. Além de ser responsável por um dos pratos favoritos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o chef carrega consigo um cheque assinado pelo ex-deputado Ulysses Guimarães com uma dedicatória carinhosa ao grande amigo.

Apesar de jovem em comparação aos demais restaurantes, o Trattoria da Rosario coleciona prêmios e história com os brasilienses. O restaurante celebra 22 anos de trajetória no domingo e, segundo o chef Rosario Tessier, estará em dupla comemoração. "Essa qualidade que oferecemos, diariamente, atraiu uma clientela muito interessante e diversificada de famílias, personalidades da política e da alta sociedade e recebemos todos como amigos. Queremos que todos se sintam em casa", explica.

Desde 1988, o Dom Francisco Restaurante participa de Brasília de forma diferenciada e inovadora. O chef Francisco Ansiliero sempre buscou valorizar produtos da região e foi precursor do movimento de incentivo e apreciação dos produtores da Ceasa. Ele resume o estabelecimento à "fidelidade com qualidade, bom atendimento e valorização dos produtos e produtores locais".

Delícias de todo o Brasil

Na 402 Sul e no clube Asbac, o Dom Francisco Restaurante une história, cultura e sabor no vasto cardápio diversificado. Criado em 1988 pelo chef catarinense Francisco Ansiliero, o estabelecimento também oferece uma das maiores cartas de vinhos do país. “São 36 anos com a mesma fidelidade do início. Somos sinônimo de boa gastronomia em Brasília”, destaca Ansiliero.

Para construir os pratos, o proprietário se inspirou nas experiências das viagens pelo Brasil. Segundo ele, os pratos mais procurados pelo público — a picanha, o tambaqui e o bacalhau — contam a história de vida dele. A picanha na brasa (R$ 146) é acompanhada por farofa de ovos e relembra Francisco do Sul, enquanto o tambaqui (R$ 96), acompanha arroz de brócolis e molho tártaro, e remete à Amazônia. O bacalhau (R$ 215), por sua vez, também é acompanhado por arroz com brócolis e recorda o chef da época em que era pároco na periferia de São Paulo e conviveu com uma família portuguesa.

Tradição árabe

Nesta semana, o tradicional Beirute Bar e Restaurante completou 58 anos de existência. Em tantos anos de história, o estabelecimento continua com o cardápio praticamente inalterado e carrega consigo a proposta de ser um espaço de apreciação da comida árabe. Inaugurada em 1966, a sede da 109 Sul recebeu um novo ponto do outro lado da cidade, na 107 Norte, apenas em 2017. Segundo Francisco Emílio Marinho, um dos proprietários dessa filial, o Beirute representa "um autêntico ponto de encontro da cultura e da diversidade brasiliense".

De acordo com Francisco, os pratos que mais fazem sucesso entre os brasilienses no "beirutinho" — apelido carinhoso dado pelos frequentadores — são o kibeirute (R$ 14,20), famoso quibe com queijo, o quibe assado (R$ 44,50), e o tradicional filé à parmegiana (R$ 73,90), acompanhado por arroz branco e fritas ou purê de batata.

Italiano na W3 Sul

Um dos primeiros restaurantes da capital modernista, o Restaurante Roma nasceu pelas mãos de um italiano em 1960, mas foi comprado pelo belga Simon Pitel, que conduziu as atividades do espaço de 1964 a 2022, ano em que morreu. "O Roma sempre foi uma ótima opção, desde a época em que a Avenida W3 Sul era o que havia de melhor na cidade, o 'shopping a céu aberto' de Brasília", explica Angela Pitel, filha que conduz o negócio com "toda a maestria e cuidado herdados do pai".

O local foi inaugurado dias antes de Brasília e, portanto, também está em festa pelos 64 anos. Nessas seis décadas, o prato "queridinho" da casa, segundo Angela, é o filé à parmegiana (R$ 174,90). "Um filé mignon macio e suculento, minuciosamente preparado pelo açougue que possuímos na casa, com um molho de tomate caseiro e o queijo derretido", destaca.

Dupla comemoração

Apesar do chef Rosario Tessier ter passado pela cozinha de diversos países europeus e de hotéis luxuosos no Rio de Janeiro, foi por Brasília que ele se apaixonou. Em 2002, ele inaugurou a Trattoria da Rosario, restaurante italiano marcado pela combinação de sabor e simplicidade. “Inicialmente era uma porta com poucas mesas, porém com o passar dos anos, a casa cresceu e eu ampliei o espaço para atender a grande demanda”, conta o proprietário.

No mesmo dia em que Brasília comemora 64 anos, o restaurante celebra 22 anos de inauguração. “Uma dupla comemoração. Como chef e empresário do setor gastronômico, vejo que a Trattoria se tornou referência no conceito de excelência da gastronomia italiana, e isso me dá muito orgulho, pois esse é um trabalho de equipe que atua diariamente para oferecer a melhor comida e o melhor atendimento possível”, reforça Rosario.

Em tantos anos de história, o controfiletto di agnello (R$ 169) é o prato mais antigo do cardápio e o mais procurado pelos brasilienses. O lombo de cordeiro em crosta, ao molho de balsâmicoreduzido, é acompanhado de risoto de negro e cogumelos Porcini. Outro destaque é o linguine golfo di napoli, massa com lula, camarões e tomates frescos (R$ 149).

Escolha do presidente

O La Chaumière surgiu em 1966, quando um casal de franceses donos do Nosso Bar decidiram transformar o local em um restaurante francês e requintado, tendo em vista que ministros e embaixadores estavam vindo para a capital naquela época. Pernambucano criado pelos europeus desde os 15 anos, Severino Xavier comprou o estabelecimento em 1973 e seguiu com o legado deixado pelos proprietários. “Mantive o tamanho, não aumentei o cardápio e mantive o padrão”, explica o chef. Na verdade, “Severã”, como foi apelidado pelo casal francês, adicionou alguns pratos para homenagear a si mesmo, a esposa, a filha e as netas. Mesmo com as adições, a opção mais tradicional do cardápio é o filé au poivre (R$ 129), feito com creme de leite flambado no conhaque com pimenta-do-reino preta ou verde. O chef lembra que este também era o preferido do ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso, que costumava frequentar o restaurante.

 

Simplicidade e sabor

A Dom Bosco foi fundada em 1968 pelos três irmãos Enildo, Heli e Elci Veríssimo Gomes com proposta de ser uma pizzaria diferenciada. Em vez de um cardápio extenso, a casa oferece apenas um único sabor de pizza de muçarela (R$ 60 — grande) aperfeiçoado durante esses 64 anos. A massa é coberta por queijo muçarela, molho de tomate fresco e orégano. Fora isso, há empada, coxinha e bebidas — mate ou refresco de caju ou laranja.

Segundo Enildo, proprietário da sede da 107 Sul, o sucesso da pizzaria vem da singularidade do sabor e da experiência vivenciada. “Os brasilienses gostam da pizza que tem um sabor único, servida em um local simples, porém carregado de memórias afetivas e cercada por várias gerações”, explica. Além dessa unidade, há outra na Asa Sul, Asa Norte, Lago Norte, Sudoeste e Guará.

Onde comer?

Beirute Bar e Restaurante
CLS 109, bloco A1, loja 2/4
De segunda a domingo, das 11h à 0h
CLN 107, bloco D, loja 1
De segunda a domingo, das 11h à 1h

Dom Francisco Restaurante
SCES Asbac trecho 2, conjunto 31
De segunda a quinta, das 12h à 0h
Sexta e sábado, das 12h à 1h
Domingo, das 12h às 17h
CLS 402, bloco B, lojas 9 a 15
De segunda a domingo, das 12h às 15h30 e das 19h à 0h

La Chaumière
CLS 408, bloco A, loja 13
De terça a sábado, das 12h às 15h e das 19h às 23h30
Domingo, das 12h às 15h30

Pizzas Dom Bosco
CLSW 303, bloco A, loja 18
CLS 107, bloco D, loja 20
De segunda a domingo, das 8h às 23h
CLN 306, bloco C, loja 46
De segunda a domingo, das 9h às 23h
CLS 315, bloco C, loja 19
De segunda a domingo, das 7h30 às 23h
Guará II, QI 27 Cl, loja 2
De segunda a domingo, das 10h às 23h

Restaurante Roma
CRS 511, loja 61
De segunda a sábado, das 11h às 15h e das 18h às 22h
Domingo, das 11h às 16h

Trattoria da Rosario
SHIS QI 17, loja 215
De terça a sábado, das 12h às 16h e das 19h30 à 0h
Domingo, das 12h às 16h e das 19h às 23h

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postado em 19/04/2024 06:00 / atualizado em 19/04/2024 11:48
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