
Foi pelas ruas de Brasília, lá pelos 12 ou 13 anos, que Daniel Toys teve o primeiro contato com o grafite. Menino, gostava de desenhar e de andar de skate e nas pistas reparava na quantidade de grafite, pichação e tags. Mas foi antes mesmo de conhecer a pintura de rua, aos 9 anos, que ele pintou o primeiro mural. "Fiz uma baleia numa casa de praia da minha avó, numa parede", conta o grafiteiro, que prepara, para o Festival Vulica, um painel com múltiplas inspirações que podem ir das próprias quebradas brasilienses e do pôr do sol particular do Cerrado à cultura popular nordestina que banha sua própria ancestralidade.
Nascido e criado no Planalto Central, 34 anos, Toys é um dos nomes mais conhecidos da arte urbana de Brasília. É dele, por exemplo, o mural na entrada da Nicolândia, no Parque da Cidade, uma homenagem ao campeão olímpico Joaquim Cruz, medalha de ouro nos jogos de Los Angeles de 1984. "É um mural que eu gosto bastante, eu consegui expressar bastante coisa ali, usar meus personagens, minhas cores, deixar uma mensagem para as pessoas que passam. A arte de rua vem para motivar, inspirar as pessoas", diz.
Toys adora usar a rua como plataforma para as pinturas, sobretudo porque acredita nesse tipo de comunicação como uma forma de deixar mensagens e inspirar as pessoas. "Eu gosto de deixar sonhos, de pintar sonhos. Meus murais, costumo dizer, são portais para o mundo dos sonhos, onde tudo é possível. Sempre fui muito sonhador, gosto muito de tentar motivar pessoas, fazer com que elas busquem os seus sonhos", garante. Toys também assina o desenho que envolve a caixa de energia ao lado do Brasília Shopping, outra obra pela qual tem carinho enorme.
Para o Vulica, ele prepara um desenho no qual vai usar uma combinação de símbolos e ícones que viraram marca de sua produção. O trabalho vai ocupar uma das paredes internas do Conic. "Quando eu pinto na rua, eu tenho muito essa questão de transformar, de mudar, de ressignificar lugares, ressignificar ideias através das plataformas urbanas. Gosto de pintar os elementos da cidade, de tentar usar a cidade de uma maneira inteligente para passar uma informação, passar uma mensagem, comunicar com a cidade", avisa o artista, que é formado em publicidade e trabalhou em agências porque sempre foi apaixonado por comunicação.
Sobre o festival
De 11 a 24 de agosto, Brasília receberá o Festival Vulica Brasil, primeiro encontro internacional de arte urbana na cidade. Com murais de artistas de diferentes países, o evento gratuito é o primeiro após cinco edições em Minsk (Bielorússia), entre 2014 e 2019. A 6ª edição da iniciativa presta tributo à capital modernista com intervenções que se concentram no prédio do Conic e avançam pelo Setor Comercial Sul (SCS).
O Vulica traz dois nomes brasileiros que passaram pelos festivais em Belarus, como L7Matrix (SP) e Zéh Palito (SP). Jumu (Alemanha/Peru), Ledania (Colômbia), Rowan Bathurst (EUA), Hanna Lucatelli (SP) e Juliana Lama (BSB) são mulheres que fazem da edição a maior em presença feminina. Completam os artistas selecionados o coletivo Bicicleta Sem Freio (GYN), Toys Daniel (BSB), Enivo (SP) e Rafael Sliks (SP).
O público também pode participar de oficinas, rodas de conversa, visitas guiadas, pinturas ao vivo e do encerramento, no SESI Lab, parceiro do evento, em 24 de agosto. O projeto foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e viabilizado por meio da Lei Rouanet.
Veja a programação
Do dia 12 à 14, a programação é diversa. Confira:
- 12, 13 e 14/8: 9h-18h: Pintura de murais no Conic e no Setor Comercial Sul
- 14/8: 9h-12h: Oficina de desenho com Igor Baldez “Olhar de Dentro: Autorretrato Intuitivo” - Turma especial em parceria com ACNUR. Onde: Sesi Lab
14h-17h: Oficina de desenho com Igor Baldez “Olhar de Dentro: Autorretrato Intuitivo” - Turma aberta ao público. Onde: Sesi Lab.
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