
A artista JuMu, de origem peruano-chilena e nascida na Alemanha, busca conectar o ancestral com o contemporâneo em sua arte. Segundo ela, por meio do muralismo, busca criar espaços em que a natureza, a identidade e a memória se entrelaçam, criando uma reflexão coletiva. A artistas já realizou murais por todo mundo e os mais significativos foram em Berlim, Calgary, Paris, Albânia e Katmandu.
Para o projeto na capital, JuMu se inspirou em figuras mitológicas do imaginário brasileiro conectadas com a floresta e energias protetoras do ambiente. "O mural busca entrelaçar a arquitetura moderna do espaço com as raízes espirituais do Brasil, criando uma ponte entre o passado ancestral e o presente. É uma oferenda visual para honrar os guardiões invisíveis da natureza e lembrar que proteger a Amazônia é proteger a própria vida", destaca a artista.
Para isso, JuMu trabalhou três criaturas no mural. "Entre elas está a onça, animal de poder e sabedoria em muitas culturas indígenas da Amazônia. É um ser xamânico, que enxerga na escuridão e guarda o equilíbrio da floresta", conta. Ao lado da onça, a artista retrata o uirapuru, pequeno pássaro que, segundo lendas, possui um canto mágico. "É símbolo de transformação, harmonia e beleza espiritual. Também está o Boitatá, uma serpente de fogo que protege a floresta daqueles que a prejudicam. É a força viva da terra defendendo o sagrado", destaca.
Por último, JuMu escolheu o jacaré, mas não como um lado ruim. "O jacaré como guardião do profundo: os saberes esquecidos, os medos coletivos, aquilo que precisa ser curado para que a vida possa renascer. Esses seres não habitam apenas o folclore, mas são guardiões invisíveis da Amazônia, nossos pulmões do mundo", comenta. A artista deseja prestar uma homenagem à floresta, à sabedoria ancestral e lembrar a necessidade de proteção do espaço."
JuMu encontra no espaço público uma possibilidade de cura coletiva e transformação social. "A arte de rua tem uma força especial: é livre, acessível e profundamente conectada com a vida cotidiana. É uma arte para todos os públicos, especialmente para quem não tem tempo ou recursos para ir a museus ou galerias. Está exposta aos elementos, à passagem do tempo e ao encontro espontâneo com as pessoas.É uma arte viva", finaliza a artista.
Sobre o festival
De 11 a 24 de agosto, Brasília receberá o Festival Vulica Brasil, primeiro encontro internacional de arte urbana na cidade. Com murais de artistas de diferentes países, o evento gratuito é o primeiro após cinco edições em Minsk (Bielorússia), entre 2014 e 2019. A 6ª edição da iniciativa presta tributo à capital modernista com intervenções que se concentram no prédio do Conic e avançam pelo Setor Comercial Sul (SCS).
O Vulica traz dois nomes brasileiros que passaram pelos festivais em Belarus, como L7Matrix (SP) e Zéh Palito (SP). Jumu (Alemanha/Peru), Ledania (Colômbia), Rowan Bathurst (EUA), Hanna Lucatelli (SP) e Juliana Lama (BSB) são mulheres que fazem da edição a maior em presença feminina. Completam os artistas selecionados o coletivo Bicicleta Sem Freio (GYN), Toys Daniel (BSB), Enivo (SP) e Rafael Sliks (SP).
O público também pode participar de oficinas, rodas de conversa, visitas guiadas, pinturas ao vivo e do encerramento, no SESI Lab, parceiro do evento, em 24 de agosto. O projeto foi aprovado na Seleção Petrobras Cultural e viabilizado por meio da Lei Rouanet.
Veja a programação
Do dia 12 à 14, a programação é diversa. Confira:
- 12, 13 e 14/8: 9h-18h: Pintura de murais no Conic e no Setor Comercial Sul
- 14/8: 9h-12h: Oficina de desenho com Igor Baldez “Olhar de Dentro: Autorretrato Intuitivo” - Turma especial em parceria com ACNUR. Onde: Sesi Lab
14h-17h: Oficina de desenho com Igor Baldez “Olhar de Dentro: Autorretrato Intuitivo” - Turma aberta ao público. Onde: Sesi Lab.
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