MERCADO

Ibovespa sobe 1,26% e fecha a segunda-feira (23/11) aos 107 mil pontos

Bolsa brasileira tem maior fechamento desde fevereiro motivada por bons resultados de vacinas contra covid; dólar sobe a R$ 5,43

Ibovespa, principal indicador de desempenho das ações negociadas na B3, fechou em alta nesta segunda-feira (23/11) com a notícia de que a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca demonstrou resultado de até 90% de eficácia contra o novo coronavírus, sem apresentar efeitos colaterais graves.

O índice subiu 1,26% a 107.378 pontos, maior fechamento desde fevereiro. A Bolsa brasileira opera em otimismo desde o anúncio da vacina Moderna, que segundo os resultados possui mais de 94% de eficácia.

Dólar e o mercado interno

O dólar também teve alta de 0,88% e fechou o dia a R$ 5,432, na compra, e R$5,433, na venda. Gustavo Bertotti, economista-chefe da Messem Investimentos, explica que isso é devido ao cenário interno brasileiro. “O dólar está refletindo o peso fiscal do país. A questão das reformas, do auxílio emergencial que não se sabe se será aprovado ou não em conjunto com a questão política deixa os investidores preocupados. Esse cenário interno pode inclusive ganhar força e trazer insegurança para o Ibovespa”, alerta.

Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, ressalta que o humor positivo do mercado em relação às vacinas provoca uma busca por ativos de risco ao redor do mundo. “Neste ambiente, ações de empresas que sofreram bastante com as medidas de isolamento social, caso das empresas aéreas, por exemplo, sobem fortemente, assim como a Petrobras, que acompanha a alta de mais de 1% do petróleo”, explica o analista.

No entanto, assim como Bertotti, Chinchila ressalta que as notícias locais não trouxeram tanta calmaria para o mercado. “As palavras otimistas sobre a agenda reformista do ministro da Economia, Paulo Guedes, não tranquilizam o mercado financeiro sobre o risco fiscal e isso segue no radar dos investidores”, analisa.

Cautela

Já sobre o dólar, Vanei Nagem, da mesa de Câmbio da Terra Investimentos, diz que a expectativa para o fim do ano é que a moeda norte-americana feche em torno de R$ 5,40 a R$ 5,50. “Não deve haver muita variação a respeito desse valor, a não ser que saia alguma informação muito diferente, alguma notícia ou caso que mude o cenário atual. Mas por agora, o pacote das reformas não andou e o mercado deve seguir sem muitas alterações”, explica.

Nagem pontua que, mesmo com os bons resultados das vacinas contra a covid-19, o comportamento do mercado é de cautela. “O mercado já precificou que não vai ter tratamento para agora, mesmo que várias farmacêuticas tenham apresentados dados positivos, ou seja, o mercado espera que essas vacinas comecem a ser administradas realmente no 2° trimestre de 2021. Para o 1° (trimestre), a aposta de uma resolução é pequena”, define.

Ações do Carrefour

Já as ações da rede de supermercados Carrefour (CRFB3) caíram 5,35% nesta segunda-feira. A CRFB3 opera em queda após diversos protestos durante o fim de semana instigados pela morte de João Alberto Silveira Freitas, negro de 40 anos, que foi espancando na noite de quinta-feira (19/11) e morto por seguranças terceirizados na loja do Carrefour em Porto Alegre (RS).

Segundo o Atlas da Violência de 2020, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileira de Segurança Pública, para cada indivíduo não negro morto em 2018, foram mortos 2,7 negros. Outro estudo que aponta violência contra pretos e pardos é o 14° Anuário Brasileiro de Segurança Pública, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgado em agosto deste ano. O Anuário revela que das 4.971 crianças e adolescentes brasileiros mortos em 2019, 75% deles eram negros.

*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro

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