Pagamentos

Pix movimentou R$ 83,4 bilhões, mas ainda tem uso modesto no comércio

Segundo o Banco Central, pagamentos de pessoas físicas para empresas representam apenas 6% das operações registradas no primeiro mês do Pix

Marina Barbosa
postado em 16/12/2020 12:16 / atualizado em 16/12/2020 12:17
 (crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)
(crédito: Marcello Casal JrAgência Brasil)

Em um mês de operação, o Pix movimentou R$ 83,4 bilhões. O uso do sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, contudo, ainda está concentrado entre os consumidores pessoa física. O Banco Central (BC), por sua vez, segue confiante de que a adesão vai crescer no comércio.

Dados apresentados pelo BC nesta quarta-feira (16/12), um mês após o início da operação plena do Pix, mostram que o uso do sistema instantâneo vem crescendo semana a semana. Por isso, já registrou 92,5 milhões de transações, com um tíquete médio de R$ 896, e já ocupou cerca de 30% do mercado de transferências bancárias, que era dominado pelo sistema de TEDs e DOCs.

Cerca de 75% dessas transações foram realizadas por meio de uma chave Pix — a forma de identificação das contas bancárias no sistema de pagamentos instantâneos. Por isso, o BC também já contabiliza 116 milhões de chaves Pix, registradas por 46,4 milhões de consumidores pessoa física e 3 milhões de empresas.

O BC também destaca que, quando o usuário uma chave Pix, a taxa de rejeição do sistema é de apenas 0,5% — menor que a do sistema de TEDs e DOCs, no qual de 4% a 5% das operações não são completadas. Quando o Pix é feito sem chave, contudo, a taxa de rejeição é 9,8%, por conta dos erros de digitação dos dados bancários. Por isso, o BC segue incentivando o cadastro das chaves Pix.

"Os números mostram um embarque muito expressivo no Pix", comentou o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do BC, João Manoel Pinho de Mello. "Já se observam no Pix transações em valores altos. Significa confiança das pessoas na segurança do Pix", acrescentou o chefe do departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro (Decem) do BC, Ângelo Duarte.

Uso restrito no comércio

A maior parte dessas operações, no entanto, ainda está concentrada nas transferências entre pessoas, sobretudo entre consumidores de até 39 anos de idade. Segundo o BC, esse tipo de operação responde por 84% das 92,5 milhões de transações e 44% dos R$ 83,4 bilhões já movimentados pelo Pix. Já as transferências entre empresas envolvem um tíquete médio maior, de quase R$ 15 mil. Por isso, representam apenas 3% das transações, mas 39% do volume financeiro do Pix.

As operações de pessoas físicas para empresas, como o pagamento de compras no comércio, contudo, ainda representam apenas 6% do uso do Pix. O BC reconheceu que a participação do comércio é pequena, mas acredita que a tendência é de crescimento.

Chefe adjunto do Decem, Carlos Eduardo Brandt explicou que "o estabelecimento comercial tem passos adicionais a mais que a pessoa física para usar o Pix, como a integração dos sistemas". Isso porque, enquanto o consumidor precisa apenas abrir o aplicativo do banco para usar o Pix, o comércio precisa adaptar as maquininhas de cartão para que elas também gerem os QR Codes que podem ser lidos pelo Pix.

"O Pix é um meio de pagamento novo. É de se esperar que, ao longo do tempo, as pessoas e as empresas se acostumem cada vez mais a usar esse novo meio de pagamento", reforçou Pinho de Mello. Ele lembrou que o BC vem conversando com o varejo e com serviços como os bares e restaurantes sobre o uso comercial do Pix e garantiu que já fez pagamentos usando o Pix nas maquininhas de cartão. "Acreditamos que a adoção vai crescer, porque é um instrumento conveniente e vai ser muito barato", reforçou.

Duarte acrescentou que, na ponta, já é possível observar um crescimento no uso do Pix no comércio. Segundo o BC, esse tipo de transação cresceu 30% só na semana passada. "A tendência é que as operações envolvendo empresas e estabelecimentos comerciais, o pagamento de pessoas a empresas, ganhem market share, principalmente em quantidade de operações, porque pode ter operações de baixo valor, como as pequenas compras, com uma participação mais forte no Pix", afirmou o chefe do Decem.

Custo

Para garantir a adesão do comércio, Pinho de Mello reforçou que o BC está atento às tarifas cobradas no Pix. O Pix é gratuito para pessoas físicas, mas pode gerar uma tarifa para as empresas. Por isso, muitos bancos anunciaram a gratuidade do Pix para as empresas nos primeiros meses de operação, mas já preparam as tarifas para começar a cobrança no próximo ano.

"A gente vai monitorar os preços, a gente está atento aos preços e a gente espera que os preços sejam módicos", afirmou o diretor do BC. Ele lembrou que mais de 700 instituições financeiras estão aptas a operar o Pix e disse que essa competição, aliada ao baixo custo operacional do Pix, vai incentivar o barateamento das tarifas. "O mercado vai encontrar o preço correto, o mais barato possível para que as empresas se rentabilizem", disse.

Pagamento de contas

O BC também prevê o crescimento do pagamentos de contas e de taxas do governo via Pix. Por isso, segue fazendo convênios para ampliar essa possibilidade. Nesta quarta-feira, por exemplo, João Manoel Pinho de Mello anunciou uma parceria com as empresas de telefonia para permitir o pagamento de contas e a recarga dos celulares pré-pagos via Pix.

Também já foram anunciadas parcerias para o pagamento da conta de luz e de taxas da União pelo sistema de pagamentos instantâneos. A partir do próximo mês, o recolhimento do FGTS também poderá ser feito via Pix. Porém, hoje, o pagamento de pessoas físicas para o governo representa apenas 0,02% das operações já realizadas nesse novo meio de pagamento. "É uma parcela pequena diante do potencial", comentou Duarte, que também prevê o crescimento dessa participação nos próximos meses.

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