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Novo leilão de privatização de aeroportos está previsto para o terceiro trimestre

A última rodada de concessões dos terminais, a 6ª, ocorreu em março deste ano. Na época, 22 aeroportos foram absorvidos pela iniciativa privada, em uma receita estimada em R$ 14,5 bilhões ao longo dos 30 anos da vigência do contrato

Rosana Hessel
Deborah Hana Cardoso
postado em 22/05/2022 06:00
 (crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)
(crédito: Leandro Couri/EM/D.A Press)

O mais recente leilão de concessão de aeroportos ocorreu em março deste ano, quando foram concedidos 22 deles de uma só vez, na 6ª rodada, um recorde em privatizações. O Ministério da Infraestrutura programou o leilão da 7ª rodada para o terceiro trimestre, quando estão previstas as concessões de mais 15 aeroportos.

A holding brasileira CCR, com forte atuação em rodovias, e a francesa Vinci Airports foram vencedoras. Os valores projetados para os contratos contemplam uma receita estimada de R$ 14,5 bilhões, durante os 30 anos da concessão, sendo R$ 7,4 bilhões para o Bloco Sul, R$ 3,5 bilhões para o Bloco Central e R$ 3,6 bilhões para o Bloco Norte. Carlos Henrique Jund, titular do escritório Jund Advogados Associados, lembra que "o ágio médio das propostas dessa rodada foi de 3.822,61%".

A CCR absorveu 15 terminais e a Vinci Airports, outros sete na região Norte. A operação engloba também 11 terminais de cargas (cinco no Bloco Sul, dois no Bloco Norte e quatro no Bloco Central). Pelo menos 35 mil bens patrimoniais foram inventariados e transferidos aos concessionários privados na operação.

Cristiane Gomes, CEO da CCR Aeroportos, destaca que o grupo atua em diferentes modais de transportes, e que tem expertise no setor aeroportuário, com atuação nacional e internacional desde 2012. "A conquista da 6ª Rodada do leilão de aeroportos do governo federal é parte integrante do planejamento estratégico do grupo e trouxe uma oportunidade única de transformação, que nos posiciona como a maior operadora em número de aeroportos do Brasil", conta.

Segundo ela, foi a primeira vez no mundo que tantos aeroportos foram assumidos de maneira simultânea por um novo operador. "Tivemos sucesso neste desafio, principalmente pelas ações voltadas para o planejamento e a gestão precisa de cada etapa. Isso foi fundamental para garantir operações seguras e com qualidade."

Mudanças ainda lentas

Usuários e trabalhadores do sistema aéreo reconhecem a melhora de alguns aeroportos, mas destacam que o processo de mudanças é gradual naqueles que foram concedidos há menos tempo. "Todas as concessões, tanto no Sudeste quanto no Nordeste, que estão em processo transferência, passam por mudanças, mas de forma lenta. Um exemplo é Recife, que ainda tem uma estrutura fraca para a enorme demanda de voo", destaca o comissário de voo da companhia aérea Azul Lucas Messa.

"Para o consumidor houve, sim, melhorias, tanto de infraestrutura, de forma geral, quanto de fluxo de informação. Porém o custo ficou mais alto, pois as concessionárias estão tentando recuperar seus investimentos. Os aluguéis ficam mais altos, o valor da alimentação encarece, então você vê um café e um pão de queijo a R$ 15", acrescenta.

Paulo Britto, diretor de TV da capital paulista, conta que é um passageiro recorrente do transporte aéreo, mas dificilmente consegue identificar a diferença entre os terminais público e privado. "O serviço de Congonhas é ruim, porque o eixo Rio-SP-BH tem muita demanda. Se você não fizer o check-in on-line, você demora para embarcar e é um caos. Na área dos embarques remotos, por exemplo, os funcionários gritam para os voos, os painéis são confusos. Mas é o retrato de todo aeroporto público?", questiona.

"Estive em Recife recentemente, e me incomodou a distância que eu tive que andar, desde a saída do finger até chegar ao desembarque. Nos EUA, quando você pega a mala, você já está na saída do aeroporto", complementa.

 


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