Reunião do G20

Ministros driblam geopolítica e focam no combate à fome e à desigualdade

Autoridades financeiras das maiores economias do mundo, reunidas no Brasil, devem deixar os conflitos globais em segundo plano para priorizar a agenda de enfrentamento à desigualdade no planeta

Marina Silva se encontra com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em São Paulo: elogios ao Brasil -  (crédito:  AFP)
Marina Silva se encontra com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, em São Paulo: elogios ao Brasil - (crédito: AFP)
postado em 28/02/2024 03:55

Com prioridade ao combate à fome e à desigualdade, o comunicado conjunto da reunião dos ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais do fórum de cooperação internacional do G20 deve ser mais curto que o usual. A informação foi dada pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, anfitriã do encontro.

Ela disse que o texto deve refletir as "prioridades brasileiras" — o país ocupa a presidência temporária do grupo, formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Africana e a União Europeia.

 

 

O documento, tradicionalmente publicado ao fim de cada encontro, contém orientações para os debates que serão desenvolvidos neste ano, e deve abordar considerações sobre economia global, riscos e oportunidades, e prioridades para este ano. "Estamos avançando em direção a um comunicado mais curto que o tradicional, que reflita as prioridades brasileiras e dê orientações para a trilha financeira, para o conjunto dos grupos de trabalho e iniciativas ao longo do ano", resumiu Rosito.

As profundas divisões entre os países sobre as guerras em Gaza e na Ucrânia fizeram com que a reunião de ministros das Relações Exteriores do G20, na semana passada, no Rio de Janeiro, terminasse sem um comunicado formal conjunto. A expectativa, agora, é que as autoridades financeiras deixem de lado a geopolítica quando se reunirem em São Paulo, nesta semana. O consenso deve refletir a decisão de tratar de maneira superficial a escalada dos conflitos.

Entre os pontos que o Brasil quer ver discutidos estão a tributação internacional e o uso mais eficiente dos organismos de fomento multilaterais, principalmente no que se refere ao suporte à transição econômica. "O Brasil tem propostas concretas a apresentar. O G20 não é um fórum executivo, as decisões aqui tomadas, em consenso, podem ser projetadas nos diversos países em ações domésticas, e também se refletirem nos conselhos dos organismos dos quais fazem parte os ministros de Finanças e os presidentes de Bancos Centrais", destacou a embaixadora.

Sessões temáticas

Rosito conduziu os encontros prévios da 1ª Reunião de Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20, na quarta-feira (28/2) e na quinta-feira (29/2), em São Paulo. Estão previstas quatro sessões temáticas relacionadas à desigualdade, crescimento, estabilidade financeira, tributação internacional e dívidas dos países.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizou que defenderá uma proposta de taxação global dos super-ricos. Por ter testado positivo para covid-19, no domingo (25/2), a participação dele se dará de forma virtual.

Na manhã desta quarta-feira, o Brasil terá um encontro bilateral com o ministro da Economia da Arábia Saudita, Faisal bin Fadhil al-Ibrahim. Logo depois, haverá a abertura da reunião e, à tarde, está prevista uma declaração em um evento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que terá a presença da diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva; do presidente do Banco Mundial (Bird), Ajay Bang; e do presidente do BID, Ilan Goldfajn.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, tem encontros bilaterais com os presidentes dos BCs da Turquia e do Canadá, e com o secretário-geral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Mathias Cormann. O chefe da autoridade monetária também presidirá uma sessão para discutir perspectivas globais sobre crescimento, emprego, inflação e estabilidade financeira.

Segundo a Fazenda, 27 delegações confirmaram presença no encontro. Os debates visam identificar melhores práticas para lidar com o aumento da dívida global, o financiamento para o desenvolvimento sustentável e as perspectivas do setor financeiro para os próximos anos.

 

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