Igualdade salarial

Ministério do Trabalho comemora derrubada de liminar favorável à Fiemg

Com decisão, empresas com mais de 100 funcionários serão obrigadas a divulgar os relatórios de transparência salarial. Fiemg pretende recorrer da decisão

Relatório de transparência salarial trata da igualdade remuneratória entre homens e mulheres -  (crédito: Caio Gomez)
Relatório de transparência salarial trata da igualdade remuneratória entre homens e mulheres - (crédito: Caio Gomez)
postado em 27/03/2024 17:56

O Ministério do Trabalho está comemorando a vitória na Justiça da derrubada de liminar concedida para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), que desobrigava as empresas com mais de 100 funcionários de divulgarem os relatórios de transparência salarial, conforme o previsto na Lei 14.611, de julho de 2023, que trata da igualdade remuneratória entre homens e mulheres.

“Entramos com o pedido para que sejam acatadas nossas informações, porque, grande parte das informações ditas não eram corretas. Vamos combinar, as pessoas estão com dificuldade para entender os dados, mas a intenção não é multar, mas dar transparência sobre as diferenças salariais entre homens e mulheres em todos os países, não somente no Brasil”, explicou Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho do MTE, nesta quarta-feira (27/3). A decisão favorável ao governo ocorreu na noite de ontem (26).

A subsecretária contou que os dados do relatório parcial sobre desigualdade salarial, divulgados na segunda-feira (25), foram coletados de 49 mil empresas e representam cerca de 17 milhões de trabalhadores. “Eu estava na reunião do G20 (grupo das 19 maiores economias desenvolvidas e emergentes do planeta mais a União Europeia), onde nós colocamos o tema da igualdade salarial e de gênero e vimos que existe um aspecto fundamental: todos os países têm problemas”, resumiu.

Montagner lembrou que, no evento de segunda-feira, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, destacou que, no passo que vamos hoje, a igualdade salarial no mundo só ocorrerá daqui a 300 anos, ou seja, mais ou menos, daqui a seis gerações. “Por isso, achamos que temos muito interesse em acelerar esse processo”, apontou.

Recurso

Procurada, a Fiemg informou que pretende recorrer da decisão da presidente do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), desembargadora federal Monica Jacqueline Sifuentes, que suspendeu a liminar favorável à entidade.

“Estamos defendendo a sociedade, para evitar que seus dados sejam expostos e usados para meios indevidos. Não entendemos o sentido de publicar dados específicos de renda, tanto de homens quanto de mulheres”, disse, em nota, o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe. Segundo ele, as declarações para fins de Imposto de Renda são sigilosas e agora as informações sobre a renda poderão ser divulgadas. “Esse dado será exposto a partir do relatório, já que a empresa tem que fazer a publicação em local de ampla visibilidade”, acrescentou.

O presidente da Fiemg rebate o argumento de que a não divulgação dos relatórios fere o direito das mulheres de uma equiparação salarial. “Defendemos a meritocracia, sim, para ambos os gêneros, e defendemos a igualdade para todos, independente de gênero, raça, idade. Estamos confiantes de que vamos obter êxito no final de todas essas demandas judiciais”, complementou na nota.

 

Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação