POLÍTICA MONETÁRIA

Fed reduz juros em 0,25 ponto percentual, para 4,25% a 4,50% ao ano

Federal Reserve corta os juros para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. Decisão não foi unânime, confirmando apostas de redução do ritmo de corte no próximo ano e fim do ciclo antecipado

(FILES) In this file photo The Federal Reserve building is seen on March 19, 2021 in Washington, DC. The US economy is showing signs of progress but the Federal Reserve said on July 28, 2021 they are not enough to end the easy money policies implemented last year. Widespread vaccinations have helped boost the economy and employment, but sectors hardest hit by the Covid-19 pandemic
(FILES) In this file photo The Federal Reserve building is seen on March 19, 2021 in Washington, DC. The US economy is showing signs of progress but the Federal Reserve said on July 28, 2021 they are not enough to end the easy money policies implemented last year. Widespread vaccinations have helped boost the economy and employment, but sectors hardest hit by the Covid-19 pandemic "have not fully recovered," the cental bank's policy-setting Federal Open Market Committee (FOMC) announced following its two-day meeting. (Photo by Daniel SLIM / AFP) - (crédito: DANIEL SLIM)

O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu, nesta quarta-feira (18/12)  manter o ritmo de corte de juros em 0,25 ponto percentual,  para o intervalo de 4,25% a 4,50% ao ano. A decisão não foi unânime, e o órgão sinalizou que o ritmo de redução de juros deve ser menor em 2025, antecipando o fim do ciclo de afrouxamento monetário.

De acordo com analistas, as novas projeções do Fed apontam apenas mais dois cortes no ano que vem, levando a taxa básica para 3,75% a 4% ao ano, no fim de 2025, o que faz com que o dólar seguir valorizado frente ao real. Logo após o anúncio, a divisa norte-americana era negociada a R$ 6,24.

No comunicado do Fed, os integrantes do comitê de política monetária da instituição, o Fomc, informaram que a perspectiva econômica segue incerta e que o “Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu mandato duplo”.

“Indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a se expandir em um ritmo sólido. Desde o início do ano, as condições do mercado de trabalho têm melhorado em geral, e a taxa de desemprego aumentou, mas continua baixa. A inflação progrediu em direção ao objetivo de 2% do Comitê, mas continua um pouco elevada”, destacou a nota.

Segundo o documento, o Fomc segue “fortemente comprometido em apoiar o emprego máximo e retornar a inflação ao seu objetivo de 2%”.

Ao avaliar a postura apropriada da política monetária, Comitê informou que “estaria preparado para ajustar a postura da política monetária conforme apropriado se surgirem riscos que possam impedir a obtenção das metas do colegiado”. “As avaliações do Comitê levarão em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais”, destacou a nota.

Votaram a favor da ação da política monetária estavam Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Thomas I. Barkin; Michael S. Barr; Raphael W. Bostic; Michelle W. Bowman; Lisa D. Cook; Mary C. Daly; Philip N. Jefferson; Adriana D. Kugler; e Christopher J. Waller. Houve apenas um voto contrário, de Beth M. Hammack, do Fed de Cleveland. Ela preferiu manter a meta da taxa de fundos federais em 4,50% a 4,75% ao ano. 

Repercussão

Na avaliação de Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a decisão era esperada no sentido de corte de juros, mas o mercado deixou passar que haveria revisões das projeções. “Não fazia sentido o cenário projetado pelo Fed em setembro e eles elevaram as previsões de inflação no ano que vem de 2% para 2,5%”, destacou. Pelas estimativas dele, no ano que vem, essas projeções devem incorporar alguma medida inflacionária do novo governo de Donald Trump, “limitando a possibilidade de corte de juros”.  Para ele, Powell deixou a entender que o Fed não vai mexer nos juros na primeira reunião do ano, em janeiro.

Carla Argenta, da CM Capital, considerou que o comunicado do Fed contou com mudanças importantes no corpo de sua mensagem, Fomc reconhecendo uma vez mais a força e resiliência da economia.  "Assim, como o fato de que, embora tenha apresentado algum alívio do início do ano até aqui, o mercado de trabalho continua aquecido, com a taxa de desemprego se movendo subindo em velocidade considerada apenas moderada pelos diretores. Neste sentido, o progresso em direção à meta de 2% no longo prazo foi reconhecido, porém, considerado insuficiente para o cumprimento da missão do Fed dentro do horizonte relevante atual", afirmou. Ela lembrou que não houve divulgação de qualquer tipo de forward guidance (sinalização futura) por parte da instituição, "com as próximas decisões dependentes dos dados divulgados no intervalo das reuniões, com foco na evolução da inflação corrente, expectativas de inflação e nível de atividade".

Na avaliação dela, o fato de não ser uma decisão unânime, chamou atenção  uma vez que a manutenção dos juros no patamar de até 4,75% ao ano, "é um dos fatores que motivou a reação mais exacerbada por parte do mercado".  "O outro fator de impacto sobre o comportamento do mercado foi a revisão das projeções da instituição, divulgada em conjunto com o comunicado oficial. O destaque do documento ficou por conta das revisões do PCE de 2025, que passou de 2% para 3% tanto em seu headline quanto no core, mostrando uma perspectiva mais negativa para a inflação por parte do conjunto do Comitê", destacou. Segundo ela, outro dado foi a revisão feita na projeção de juros, com a taxa terminal saindo de 3,5% para 4%, em 2025, e 3% para 3,5%, em 2026.

"As atualizações sugerem uma atuação bem mais parcimoniosa do Fed quando se trata de política monetária nos dois próximos anos, especialmente se levada em consideração sua atuação nos dois últimos anos e a velocidade normalmente adotada nos processos de distensão monetária conduzidos pela instituição, com a conjuntura que se aventa sendo completamente distinta do que já se teve contato em termos históricos", acrescentou.




 


 

Rosana Hessel
postado em 18/12/2024 16:47 / atualizado em 18/12/2024 16:56
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