Comércio exterior

Governo considera taxação do aço pelos EUA como "injustificável e equivocada"

Ministério das Relações Exteriores afirmou, em nota, que buscará coordenação com o setor privado para defender os interesses dos produtores internacionais junto ao governo dos Estados Unidos

Segundo decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a alta de compra do aço e alumínio chinês por países como Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul motivou a taxação -  (crédito: yasin hemmati/Unsplash)
Segundo decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a alta de compra do aço e alumínio chinês por países como Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul motivou a taxação - (crédito: yasin hemmati/Unsplash)

O Ministério das Relações Exteriores lamentou, em nota, a decisão do governo dos Estados Unidos de elevar para 25% as tarifas sobre importações de aço e de alumínio provenientes de todos os países e de cancelar os arranjos vigentes acerca de quotas de importação desses produtos. A medida começou a valer nesta quarta-feira (12/3). 

"Em defesa das empresas e dos trabalhadores brasileiros e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo brasileiro considera injustificável e equivocada a imposição de barreiras unilaterais que afetam o comércio entre o Brasil e os Estados Unidos, principalmente pelo histórico de cooperação e integração econômica entre os dois países", afirmou o Itamaraty.

O governo destacou que os Estados Unidos mantêm um superávit comercial de longa data com o Brasil, da ordem de US$ 7 bilhões. Com relação ao aço, o governo brasileiro ressalta que "as indústrias do Brasil e dos Estados Unidos mantêm, há décadas, relação de complementaridade mutuamente benéfica". "O Brasil é o terceiro maior importador de carvão siderúrgico dos EUA (US$ 1,2 bilhão) e o maior exportador de aço semi-acabado para aquele país (US$ 2,2 bilhões, 60% do total das importações dos EUA), insumo essencial para a própria indústria siderúrgica norte-americana", disse.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

O Ministério das Relações Exteriores ainda afirmou que buscará, em coordenação com o setor privado, defender os interesses dos produtores internacionais junto ao governo dos Estados Unidos. "Em reuniões já previstas para as próximas semanas, avaliará todas as possibilidades de ação no campo do comércio exterior, com vistas a contrarrestar os efeitos nocivos das medidas norte-americanas, bem como defender os legítimos interesses nacionais, inclusive junto à Organização Mundial do Comércio", finalizou.

Taxação dos Estados Unidos

Segundo decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a alta de compra do aço e alumínio chinês por países como Canadá, Brasil, México e Coreia do Sul motivou a taxação das importações norte-americanas.

Em 2018, os Estados Unidos já anunciaram taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, a fim de limitar o volume dos produtos que entravam no país e, consequentemente, acelerar a indústria estadunidense. Alguns países, como o Brasil, receberam isenção da taxa, porém teriam, que seguir cotas de exportação de aço dos EUA. Como as importações norte-americanas não atingiram a meta, Trump considerou na época que os acordos não surtiram efeito.

Isabela Stanga
postado em 12/03/2025 15:39 / atualizado em 12/03/2025 15:41
x