
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai visitar hoje a ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner durante sua viagem a Buenos Aires, onde participa da Cúpula dos Chefes de Estado do Mercosul. O encontro foi autorizado pela Justiça Federal da Argentina após pedido dos advogados de Kirchner, segundo informação do jornal argentino Clarín.
Kirchner está em prisão domiciliar, condenada pela Suprema Corte por corrupção por fraudes em contratos e licitações quando ocupou a presidência, entre 2007 e 2015. Será a primeira vez que o mandatário vai ao país desde a eleição de Javier Milei para a presidência, em dezembro de 2023.
Lula prestou apoio publicamente à ex-presidente argentina após um telefonema no dia 11 de julho. "Falei da importância de que se mantenha firme neste momento difícil. Notei, com satisfação, a maneira serena e determinada com que Cristina encara essa situação adversa e o quanto está determinada a seguir lutando", comentou nas redes sociais, à época. A conversa ocorreu no dia seguinte à condenação. Kirchner, por sua vez, nega as acusações e diz ser vítima de perseguição política.
Para Lula, o encontro, que até o fechamento desta edição não constava da sua agenda oficial, é uma retribuição à visita do então candidato à presidência da Argentina, Alberto Fernández, quando o petista estava preso na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba, em 2019. Fernández é do mesmo grupo político de Kirchner, e foi eleito presidente naquele ano. O presidente volta ao Brasil ainda hoje, no início da tarde.
Mal-estar
A visita pode aprofundar o mal-estar com o atual presidente da Argentina, Javier Milei, opositor de Kirchner. Os dois líderes já não possuem boa relação, principalmente por críticas de "corrupto", "ladrão" e "comunista" feitas por Milei contra Lula durante a campanha eleitoral, e pela proximidade entre o argentino e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 2024, na primeira viagem de Milei ao Brasil após sua eleição, o argentino ignorou Lula e visitou Bolsonaro durante um evento da extrema-direita em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ele chamou o ex-presidente brasileiro de "perseguido judicial", devido aos processos do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro.
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Lula, por sua vez, tem evitado criticar a decisão judicial que levou Kirchner à prisão, atendo-se a prestar solidariedade à ex-presidente. Seu partido, porém, o PT, traça um claro paralelo com o encarceramento do chefe do Executivo entre 2018 e 2019 e aponta perseguição política pelo Judiciário argentino. "Acompanhamos com profunda preocupação os ataques que visam deslegitimar sua trajetória política e afastá-la da vida pública, um padrão que lamentavelmente se repete em diversas nações da América Latina contra lideranças progressistas", manifestou-se a legenda no dia da condenação.
Não há previsão de encontro bilateral entre Milei e Lula hoje. Os dois se encontrarão na Cúpula do Mercosul, bloco que atualmente é presidido pela Argentina. A expectativa, inclusive, é que a reunião se atenha a temas econômicos, já que o governo argentino está, no momento, isolado dentro do bloco em questões políticas. Um dos destaques será a ampliação de 100 para 150 o número de produtos excluídos da tarifa comum do bloco, demanda feita por Milei. No evento, a Argentina passará a presidência rotativa para o Brasil.
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