TARIFAÇO

Governo do MS alerta para ameaça a exportações de carne bovina após tarifaço

Frigoríficos já suspenderam abates para o mercado norte-americano após medida anunciada por Donald Trump

"Essa taxa representa uma compressão de margem fundamental e uma queda substancial nas exportações", afirma Verruck - (crédito: Reprodução)

O governo de Mato Grosso do Sul manifestou preocupação com os impactos imediatos da tarifa de 50% na importação de produtos brasileiros para os Estados Unidos, que deve ser aplicada a partir de 1º de agosto. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, Jaime Verruck, o "tarifaço" compromete diretamente a cadeia produtiva da carne bovina, setor responsável por mais da metade das exportações sul-mato-grossenses para o mercado norte-americano.

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

"Essa taxa representa uma compressão de margem fundamental e uma queda substancial nas exportações. Já não conseguiremos manter os embarques aos EUA com esse valor", afirmou Verruck, em entrevista ao Correio. Atualmente, os Estados Unidos são o segundo principal destino das exportações do estado, atrás apenas da China, respondendo por cerca de 7% do total. No caso da carne bovina, 15% do volume exportado vai para o mercado norte-americano.

O secretário explicou que a carne bovina já era submetida a um regime de cotas nos EUA. Acima de 65 mil toneladas, havia uma taxação de 26,4%. Com o novo imposto, a alíquota poderá chegar a 76,4%, o que, na prática, inviabiliza o comércio com os frigoríficos do MS. "A indústria já começou a estocar carne que não será mais enviada para os Estados Unidos. Com isso, os abates foram suspensos para esse mercado", completou.

Há um alerta ainda para os desdobramentos em cadeia: estoques elevados, possível queda no preço do consumidor e no valor pago ao produtor rural, além de dificuldades para redirecionar a produção a outros mercados. "Não é simples realocar essa carne. Fala-se em Chile, Egito, mas não se abre mercado do dia para a noite", disse.

Apesar do cenário desfavorável, o secretário afirmou que a recente certificação do MS como área livre de febre aftosa sem vacinação pode abrir portas em outras regiões do mundo. Ainda assim, ele reforça que a prioridade é manter o acesso ao mercado norte-americano.

Por isso, o governo estadual tem atuado junto ao federal para negociar com os EUA a prorrogação da entrada em vigor da tarifa, inicialmente prevista para agosto. “Isso nos daria tempo para exportar os estoques já prontos, buscar novos mercados e preservar minimamente a competitividade da cadeia produtiva”, pontuou.

O governo federal publicou nesta semana a norma que regulamenta a reciprocidade nas taxações, permitindo ao Brasil também aplicar tarifas a produtos norte-americanos. Embora a medida ainda não deva ser adotada de imediato, o dispositivo pode servir como ferramenta de negociação diplomática.

"A intenção do governo brasileiro não é retaliar, mas sim abrir espaço para uma discussão tarifária. O mundo inteiro está preocupado com esse encarecimento dos produtos por causa da política comercial americana", concluiu Verruck.

 

  • Google Discover Icon
postado em 21/07/2025 19:45 / atualizado em 21/07/2025 19:45
x