finanças

Pessoas com mais de 50 anos aprendem sobre educação financeira

Pesquisa revela que população com mais de 50 anos soma importante fatia de investidores do mercado. Especialistas destacam vantagens da faixa etária e dão dicas para poupar dinheiro e garantir a estabilidade financeira

Dinheiro -  (crédito: Pexels)
Dinheiro - (crédito: Pexels)

O planejamento financeiro se tornou uma das pautas prioritárias para a população a partir dos 50 anos. Um levantamento da SeniorLab, empresa focada em melhorar atendimentos e produtos para o consumidor mais velho, mostra que, em maio deste ano, 14% dos investidores na Bolsa de Valores do Brasil (B3) têm essa faixa etária, representando 54% do volume aplicado.

Para o fundador da SeniorLab, Martin Henkel, especialista em longevidade, esse percentual mostra uma mudança de perfil da população sobre dinheiro e investimentos. "Isso serve para desconfigurar o senso comum de que o todo o investidor senior é avesso aos riscos em operações. Cerca de 14% dos investidores (do levantamento) com valores em custódia tinham 56 anos ou mais", diz.

Henkel indica que o primeiro passo é o autoconhecimento financeiro. "É necessário fazer um raio x completo das finanças, entendendo para onde o dinheiro está indo, identificando os gastos e, a partir daí, definir metas claras e possíveis", explica.

O especialista afirma que a idade madura também tem algumas vantagens quando se pretende começar a juntar dinheiro. Para ele, a experiência e a resiliência são trunfo nesse caso. "Muitos já passaram por crises econômicas, viram o sobe e desce do mercado e aprenderam lições valiosas. A maturidade emocional ajuda a tomar decisões mais racionais e menos impulsivas diante das flutuações financeiras", ressalta.

Além dessas habilidades, o fundador da SeniorLab aponta que boa parte dos profissionais com mais de 50 anos possuem outras vantagens, como uma rotina mais flexível ou estão em transição de carreira — o que libera tempo para se dedicar ao aprendizado sobre finanças e investimentos. "Há também um potencial de renda e acúmulo de patrimônio maior. Muitos ainda estão em plena atividade profissional, com salários mais elevados e já acumularam algum patrimônio ao longo da vida, permitindo destinar uma parcela maior da renda para investimentos", destaca.

Perfil

A economista Natalie Verndl avalia que o fundamental é adotar uma abordagem estratégica, disciplinada e adaptada a cada realidade financeira. "Embora o tempo para acumulação seja mais curto, adultos nessa faixa etária geralmente apresentam maior estabilidade de renda, um menor número de dependentes e maior clareza sobre seus objetivos financeiros, o que pode compensar o fator temporal", diz.

Para Verndl, o foco primordial deverá ser a gestão do patrimônio. Nessa situação, a cautela é a palavra de ordem. "É importante reforçar a necessidade da regularidade nos aportes e cuidado na gestão de riscos, aplicações especulativas e promessas de retornos elevados. A educação financeira, nesse contexto, funciona não apenas como um instrumento de acumulação, mas como uma ferramenta de proteção patrimonial e de autonomia na aposentadoria", alerta.

Foco no futuro

O militar Marcos de Sant'Anna, 59 anos, conta que começou a poupar cedo, com o objetivo de cuidar da família e conquistar um patrimônio estável ao longo dos anos. Com a maturidade, ele aprendeu a ter mais controle e segurança sobre as finanças. "Comecei a guardar dinheiro desde que me formei na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em 1989. Iniciei para conquistar as coisas que eu sempre quis ter na vida, como um fundo de reserva para segurança, e bens como carro e casa", relata.

Ele afirma que é um investidor conservador, aplicando seu dinheiro na poupança e Tesouro Nacional. Por mês, polpa de 10% a 30% do seu salário. "Atualmente, eu guardo para fazer viagens e auxiliar na independência financeira dos meus filhos e também para conquistar sonhos ainda não realizados e ter tranquilidade financeira no futuro", conta.

Sant'Anna diz que nem sempre foi fácil poupar dinheiro, mas que, apesar de ter enfrentado dificuldades logo após o casamento, e ao ajudar parentes, poupar o ensinou muito. "Nunca estudei sobre o assunto. Aprendi com os erros dos outros e a minha experiência própria. Aprendi que a gente precisa ter planejamento financeiro se quiser ser bem-sucedido economicamente na vida", ressalta.

Natalie Verndl orienta que adultos com mais de 50 anos escolham estratégias mais conservadoras para se ter previsibilidade e consistência para assegurar a preservação do patrimônio. "Essas pessoas podem adotar uma abordagem de investimentos baseada em objetivos, como complementar a aposentadoria, garantir renda futura ou cobrir despesas médicas, ajustando o prazo e o risco de cada aplicação", diz

"Para aplicações de fato, recomenda-se a aplicação diversificada em renda fixa e renda variável. Planos de previdência privada também podem ser úteis, especialmente quando estruturados com planejamento sucessório ou benefício fiscal", acrescenta a especialista.

No entanto, também há desvantagens em começar uma educação financeira tardia. Martin Henkel destaca que a idade traz desafios específicos na hora de investir. De acordo com o especialista, o medo, a desinformação e as crenças limitantes são barreiras comuns.

O tamanho do patrimônio também pode ser desmotivador devido, pois o montante guardado é menor do que o de quem começou na juventude. A resistência a mudanças de hábitos financeiros, pressão familiar para ajudar filhos e netos e a preocupação com os gastos com a saúde acabam por dificultar a implementação do investimento.

 


  • Google Discover Icon
postado em 03/08/2025 03:55
x