O mercado financeiro viveu um “sextou” de alívio, após as bolsas registrarem ganhos expressivos ao final do pregão. O dólar voltou a fechar em queda, com uma baixa consistente de 0,95% ao final do pregão, sendo comercializada a R$ 5,42.
Apesar disso, o câmbio encerrou a semana com uma alta acumulada de 0,43%. O Índice DXY, que mede a força da moeda norte-americana ante as principais divisas do mundo, recuou 0,88% no dia.
O sentimento positivo causou otimismo também para os investidores no Brasil, que saíram às compras e fizeram com que o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo registrasse a maior alta diária desde o último dia 14 de março. Nesta sexta-feira, o Ibovespa/B3 saltou 2,57%, aos 137.968 pontos.
A valorização da bolsa brasileira fez com que ela recuperasse parte das perdas acumuladas ao longo dos últimos dias e encerrasse a semana com ganho acumulado de 1,19%. Todas as ações listadas na B3, sem exceção, fecharam no azul nesta sexta-feira, com os papeis da Natura (NATU3) liderando a tabela, com alta de 8,29%.
Os grandes bancos, que sofreram ainda mais ao longo da semana, devido às pressões tanto do governo dos Estados Unidos, por um lado, quanto do Supremo Tribunal Federal (STF), por outro, apresentaram ganhos consistentes ao longo do dia. As ações do Banco do Brasil (BBAS3) subiram 4,11%, enquanto que Bradesco (BBDC3) e Itaú (ITUB4) registraram altas de 2,95% e 2,8%, respectivamente.
Mesmo assim, a recuperação nesta sexta-feira não foi suficiente para compensar as perdas ao longo da semana. De acordo com levantamento realizado pela Elos Ayta Consultoria, os cinco maiores bancos brasileiros listados na B3 – Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander Brasil e BTG Pactual – perderam R$ 46,29 bilhões em valor de mercado no período de segunda (18) a quinta-feira (21) desta semana.
Falas de Powell animam mercado
O principal assunto do dia entre os investidores foi a participação do presidente do Federal Reserve (Fed) – Banco Central dos EUA – na conferência anual da instituição monetária, em Jackson Hole. O chairman comentou sobre a situação de aparente equilíbrio do mercado de trabalho norte-americano, afirmando que essa situação ocorre em meio a uma desaceleração contínua da oferta e da demanda por trabalhadores.
Apesar de ressaltar que o momento ainda exige certo nível de cautela ao avaliar mudança na política monetária, o chairman sinalizou uma possível abertura para queda nos juros já na próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), marcada para os dias 16 e 17 de setembro. A taxa de juros norte-americana opera dentro de uma banda entre 4,25% e 2,5% desde o mês de dezembro de 2024.
“Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E, se esses riscos se materializarem, poderão fazê-lo rapidamente. Também é possível, no entanto, que a pressão de alta sobre os preços, devido às tarifas, possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e esse é um risco a ser avaliado e administrado”, considera Powell.
Otimismo com cautela
Para a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, o discurso de Powell trouxe um novo grau de otimismo para um mercado altamente apoiado na expectativa de uma breve retomada do ciclo de cortes de juros.
“Apesar de reconhecer que o ambiente macro continua desafiador, especialmente com as mudanças em imigração e políticas comerciais afetando oferta e demanda com efeitos difíceis de antecipar, o presidente do Fed afirmou que a política monetária está restritiva e sinalizou a proximidade de ajustes, o que resultou em uma resposta imediata dos ativos”, considera.
Já o analista de investimentos Felipe Sant’Anna vê a animosidade do mercado brasileiro com mais cautela. Na avaliação do especialista, qualquer movimento no exterior pode trazer um novo grau de pessimismo para os investidores locais.
“Eu sempre gosto de dizer que o mercado financeiro é temperamental. É uma criança mimada com a bola embaixo do braço. Se ele quer jogar, vai ser lindo como hoje, se segunda-feira, o jogo virar, ele bota a bola embaixo do braço, vai embora e caem todas as ações”, compara.
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