Guerra comercial

Incentivo ao consumo interno é saída para efeitos do tarifaço, diz Abras

Vice-presidente da Abras defende isenção da cesta básica e corte na Selic para mitigar impactos das tarifas de 50% dos EUA; setor não vê temor imediato, mas alerta para efeitos no varejo e risco de desemprego

Marcio Milan:
Marcio Milan: "Destacamos a antecipação da isenção dos produtos da cesta básica, o que ajudaria a estimular o consumo e fortalecer o mercado interno" - (crédito: Abras/Divulgação)

O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, avaliou que as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, impostas pelos Estados Unidos, podem ser mitigadas com medidas de incentivo ao consumo interno e redução de custos. Segundo ele, a entidade apresentou ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva um estudo com propostas para minimizar os impactos.

“Apresentamos ao governo e à imprensa um estudo com medidas que, ao nosso ver, podem minimizar os efeitos do tarifaço. Entre elas, destacamos a antecipação da isenção dos produtos da cesta básica, o que ajudaria a estimular o consumo e fortalecer o mercado interno”, afirmou nesta quinta-feira (21/8), em coletiva sobre os dados de julho do consumo dos lares.

Milan citou como exemplo positivo a experiência do setor de carnes no início dos anos 2000. “Quando houve o embargo da carne suína para exportação à Rússia, toda a cadeia produtiva se alinhou e desenvolveu o consumo interno. Na época, o consumo era pouco menor do que hoje, e agora já passa de 20 quilos per capita. Isso mostra que, quando governo e setor se unem para incentivar o consumo interno, é possível superar questões como essa do tarifaço”, lembrou. 

Ele também defendeu uma redução da taxa básica de juros (Selic). “A taxa está em um patamar muito alto e não há sinalização de baixa. Isso pressiona o custo interno e alguns produtos em relação à inflação. A gente sabe que a inflação está um pouco acima da meta e acreditamos que, se houvesse essa redução, poderia ajudar bastante.”

Varejo 

Apesar das incertezas, o executivo afirmou que não há sinais de temor imediato no setor supermercadista. “Esse receio a gente tem conversado periodicamente com o setor e não sentimos nenhum alarme. O próprio governo tem soltado medidas ou sinalizado que pretende agir. Naturalmente, temos preocupações com o desemprego, principalmente no setor produtivo. Mas, se houver ajuda do governo, como está sendo proposto, isso pode minimizar os efeitos.”

O vice-presidente ponderou, no entanto, que os impactos no varejo tendem a aparecer com mais atraso. “O varejo trabalha com uma programação um pouco mais longa. Estamos esperando uma baixa de preço em algumas categorias, mas ainda não houve sinalização clara. É um momento de acompanhamento e de espera, porque as coisas ainda estão sendo negociadas em várias frentes”, concluiu Milan.

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postado em 21/08/2025 11:00 / atualizado em 21/08/2025 11:03
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