ATIVIDADE ECONÔMICA

Fazenda reduz estimativa de crescimento do PIB de 2025 para 2,3%

No Boletim Macrofiscal divulgado nesta quinta-feira (11/9), Ministério da Fazenda revisa de 2,5% para 2,3% a previsão de expansão do PIB deste ano, e continua mais otimista do que o mercado, que prevê alta de em torno de 2,16%

Por videoconferência, Mello comentou que inflação resiste  -  (crédito:  Ed Alves CB/DA Press)
Por videoconferência, Mello comentou que inflação resiste - (crédito: Ed Alves CB/DA Press)

Após a confirmação do processo de desaceleração da economia em curso, com o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2025, a equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reduziu a projeção de crescimento do PIB deste ano, de 2,5% para 2,3%, conforme dados do Boletim Macrofiscal divulgado nesta quinta-feira (11/9). 

“A revisão está relacionada ao resultado abaixo do esperado para o PIB do segundo trimestre comparativamente ao projetado em julho, repercutindo canais potentes de transmissão da política monetária ao crédito e atividade”, destacou o documento da Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Fazenda. “No Brasil, a atividade tem mostrado sinais de desaceleração. O PIB do segundo trimestre revelou moderação no crescimento de atividades cíclicas e contribuição negativa da absorção doméstica para o crescimento”, acrescentou o documento. 

No trimestre encerrado em junho, o PIB avançou 0,4%, desacelerando em relação ao dado revisado de 1,3% nos primeiros três meses do ano, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa desaceleração é reflexo, principalmente, dos efeitos da política monetária do Banco Central, que segue mantendo a taxa básica da economia (Selic), em 15% ao ano. 

A nova estimativa da Fazenda, contudo, segue mais otimista do que a mediana das projeções do mercado coletadas pelo Banco Central, no boletim Focus, atualmente em 2,16%, abaixo da perspectiva da semana passada, de 2,19%.

Pelas novas estimativas da SPE, o crescimento do PIB agropecuário em 2025 passou de 7,8% para 8,3%, enquanto o avanço do PIB da indústria encolheu de 2% para 1,4%. O avanço do PIB de serviços foi mantido em 2,1%. Para 2026, a previsão de crescimento permaneceu em 2,4%, dado ainda otimista se comparado com a mediana das estimativas do mercado, de 1,85%.

“No ano, a política monetária deverá seguir em patamar ainda restritivo, impactando o consumo e investimento em meio à inadimplência já elevada. A reforma tributária da renda pode atenuar o impacto do maior endividamento no consumo ao elevar a renda disponível da população de menor renda”, destacou o relatório da SPE. Para os anos seguintes, o órgão prevê crescimento de 2,6% no PIB brasileiro. 

A pasta, assim como o mercado, projeta inflação dentro do teto da meta, de 4,5%, apenas no próximo ano. A projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano foi revisada de 4,9% para 4,8%, por conta da perspectiva da desaceleração da economia e da aplicação da bandeira amarela nas tarifas de energia elétrica em dezembro. Desde agosto, contudo, está em vigor a bandeira vermelha patamar 2, que adiciona na conta de luz R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos.

"O cenário macroeconômico tem se mostrado resiliente e, ao mesmo tempo, com perspectiva de ancoragem inflacionária", afirmou o secretário Guilherme Mello,  titular da SPE, ao comentar sobre os dados do boletim em videoconferência.

Tarifaço de Trump

De acordo com estimativa da SPE, o Plano Brasil Soberano, anunciado no mês passado pelo governo federal para mitigar os impactos do tarifaço dos Estados Unidos, deve reduzir pela metade o impacto na atividade econômica até 2026.

O aumento de tarifas para 50% aplicado pelos EUA desde 6 de agosto recai sobre 40% das exportações brasileiras para o segundo maior parceiro comercial do país, segundo os técnicos da SPE. E, segundo eles, o pacote de medidas de socorro aos exportadores deverá reduzir o impacto desse tarifaço no PIB até 2026 de 0,2 ponto percentual para 0,1 ponto percentual.

Além disso, a secretaria chefiada por Guilherme Mello prevê que a perda de empregos estimadas até 2026 será de 65 mil cargos em vez de 138 mil, por conta do pacote. 

"É importante dizer que essa modelagem não considera outras variáveis na economia e tenta isolar o tarifaço e comparar com o plano de mitigação de como ele tem efeito positivo para mitigar os efeitos das medidas dos EUA", explicou o secretário.  "A perda é mais relevante para setores intensivos de mão de obra e nos mais integrados com as cadeias globais", acrescentou. 

Ambiente externo e fiscal

O relatório da SPE ainda ressaltou que o ambiente externo permanece adverso, a despeito de menores tarifas após acordos comerciais. Nos EUA, o desaquecimento no mercado de trabalho e no ritmo de atividade elevaram apostas de cortes nos juros já em setembro, levando a enfraquecimento adicional do dólar. "As decisões de política monetária nos EUA devem condicionar o ritmo de flexibilização monetária em economias avançadas e  emergentes, porém seguem no radar também riscos climáticos e geopolíticos", destacou o documento. 

De acordo com da SPE, houve melhora nas projeções do mercado para as contas públicas. O rombo fiscal projetado para 2025 foi de R$ 69,99 bilhões, no boletim de setembro, inferior ao projetado em julho, de R$ 72,10 bilhões. A mediana das expectativas para a dívida pública bruta de 2025 passou de 80% do PIB para 79,74% do PIB na mesma base de comparação, conforme as projeções coletadas pela SPE junto ao mercado no Prisma Fiscal.

O órgão também informou que houve melhora nas previsões do mercado para o resultado das contas públicas e das projeções da dívida pública bruta para 2026 após o envio ao Congresso do Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), no fim de agosto, prevendo superavit primário de 0,25% do PIB. Em julho, o deficit primário estimado era de R$ 89,37 bilhões e, em setembro, essa projeção passou para R$ 81,82 bilhões – decréscimo de R$ 7,55 bilhões. Enquanto isso, a dívida pública bruta estimada para 2026 passou de 84,10% do PIB para 83,80% do PIB, na mesma base comparativa.

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postado em 11/09/2025 18:54
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