Controle fiscal

Mercados emergentes estão resilientes, aponta FMI

De acordo com analistas do Fundo Monetário Internacional, desde a crise financeira global de 2009, as condições externas melhoraram para os mercados emergentes, mas não foi devido à "boa sorte", mas sim a "boas políticas econômicas"

Analistas do FMI apresentaram ontem (22/10) recorte do relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês), em um seminário na sede do Ipea -  (crédito: Wesley Sousa/IPEA)
Analistas do FMI apresentaram ontem (22/10) recorte do relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês), em um seminário na sede do Ipea - (crédito: Wesley Sousa/IPEA)

Nos últimos anos, há uma resiliência maior nos países emergentes às crises globais, de acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O CORREIO BRAZILIENSE NOGoogle Discover IconGoogle Discover SIGA O CB NOGoogle Discover IconGoogle Discover

"Historicamente, os países emergentes eram mais vulneráveis aos eventos de riscos globais, mas há uma surpresa recente na resiliência desses mercados", disse Zhao Zhang, economista do FMI, que apresentou, na quarta-feira (22/10), em Brasília, um recorte do relatório Panorama Econômico Global (WEO, na sigla em inglês), divulgado na semana passada no encontro anual de outono (no Hemisfério Norte) do FMI, em um seminário na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular

De acordo com analistas do Fundo, desde a crise financeira global de 2009, as condições externas melhoraram para os mercados emergentes, mas não foi devido à "boa sorte", mas ao aumento no número de mercados emergentes com metas de inflação e regras fiscais, juntamente com uma regulamentação macroprudencial cada vez mais rigorosa, ou seja, "boas políticas econômicas".

"Os mercados emergentes reduziram a sensibilidade aos choques externos e, entre os países em desenvolvimento, o Brasil tem apresentado uma das melhores resiliências", destacou o economista André Roncaglia, diretor-executivo de Brasil do FMI, em entrevista ao Correio ao comentar o relatório.

O diretor do Fundo também participou do evento do Ipea, ontem, e destacou que os dados levantados pelo FMI mostram que, entre os emergentes, o Brasil vem apresentando bons resultados macroeconômicos e o quadro fiscal não é tão alarmante como o mercado financeiro tem desenhado. Na avaliação dele, há uma sinalização da equipe econômica liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo pretende cumprir as metas do arcabouço fiscal, apesar das dificuldades atuais.

Keiti Gomes, diretora de Estudos Internacionais do Ipea, uma das organizadoras do evento — que trouxe, pela primeira vez ao instituto, economistas do FMI para comentarem os dados do principal relatório da instituição —, ressaltou que, apesar de o Brasil ter apresentado indicadores recentes melhores, principalmente de emprego e renda, a desigualdade ainda é elevada no país. "Ainda temos uma distância enorme entre a renda do 1% mais rico da população entre os mais pobres, e, portanto, temos um desafio enorme para diminuir essa diferença", afirmou.

Políticas industriais

Uma das medidas para melhorar a inclusão social é fazer o país crescer mais, de acordo com os especialistas. Nesse sentido, a adoção de políticas industriais voltadas para a transição energética serão as próximas alavancas de desenvolvimento, especialmente de países emergentes que têm apresentado mais resiliência frente às últimas crises globais, de acordo com o economista do Fundo Rafael Machado Parente, no seminário.

"Políticas industriais voltadas para a transição verde são mais efetivas, a médio prazo, do que as direcionadas às mais tradicionais", afirmou. Ele citou como exemplo medidas adotadas em países da União Europeia, que estão mais preocupados em acelerar o processo de transição energética para ficarem menos dependentes de combustíveis fósseis.

Autor do estudo "Políticas industriais: use com cuidado", que faz uma análise em 109 países-membros do FMI, Parente destacou que os efeitos potenciais de políticas industriais melhoraram o desempenho econômico e a produtividade das economias, mas os maiores impactos positivos são decorrentes de reformas estruturais. "O efeito positivo da política industrial só acontece em setores onde há muita distorção", explicou.

No relatório divulgado na semana passada, o FMI reduziu novamente a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global de 3,6%, em abril, para 3,2%, em outubro, após revisar para 3,4%, em julho. Para 2026, a previsão de expansão de 3,1%, que havia sido atualizada em julho, foi mantida, mas ficou 0,1 ponto percentual abaixo da estimativa de abril. Os novos dados confirmam a leve desaceleração da atividade econômica global frente ao avanço de 3,3% de 2024. Em relação ao Brasil, o Fundo elevou de 2,3% para 2,4% a estimativa de expansão da economia brasileira neste ano, e reduziu de 2,1% para 1,9%, em 2026.

 

  • Google Discover Icon
postado em 23/10/2025 11:26 / atualizado em 23/10/2025 11:28
x