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Há diversas alternativas ao mercúrio para extrair ouro, diz diretora do Instituto Escolhas

Pesquisadora Larissa Rodrigues detalhou, em evento do Correio nesta terça-feira (7/10), os desafios de substituição da prática milenar de garimpo

Utilizado por civilizações ainda na antiguidade, como os povos do mediterrâneo e os romanos, o mercúrio ainda é bastante usado no Brasil e no mundo para a extração de ouro. No entanto, devido à sua toxicidade e potenciais riscos à saúde humana, o material vem sendo gradativamente substituído por outras técnicas, como a extração a seco, uso de água além de outras soluções biotecnológicas.

Sobre os desafios à substituição do mercúrio na mineração, a diretora do Instituto Escolhas Larissa Rodrigues disse acreditar que ainda existem gargalos importantes a serem superados. Durante o CB Talks: Controles sobre o uso de mercúrio e o futuro da extração de ouro no Brasil, evento organizado pelo Correio Braziliense, em parceria com o Instituto Escolhas, a pesquisadora disse que, por ser uma prática enraizada no setor, deve haver um esforço para eliminar o material desse processo.

“Então, no primeiro momento, a gente pode achar que é mais fácil controlar e fiscalizar cinco instituições que milhares de garimpos, mas essa política ou visão, que até faz sentido do ponto de vista teórico, nos trouxe até a situação que está aqui, que ainda não está resolvida. A gente precisa acabar com esse controle dessas instituições financeiras que têm só prejudicado o mercado”, destacou a diretora.

Rodrigues acrescentou, durante o evento, que outro perigo é ficar muito preso na dificuldade. Ela disse acreditar que é necessário valorizar as alternativas que já ocorrem. “A gente já tem no Brasil garimpos produzindo muito ouro sem mercúrio. Então, por que essas operações conseguem? Eu acredito que essas operações também tenham tido essas dificuldades, mas fazem”, comentou.

“Uma política pública poderia suprir esse papel para que chegue nesse patamar, também, o que ainda falta para que elas sejam encorajadas a cada vez mais se manter e replicar esse modelo”, afirmou a diretora do Instituto Escolhas. “Basicamente, como a gente faz para sair de uma situação de exceção para que isso vire a regra. Mas o que eu acho mais importante é manter o olhar e o foco no positivo de que é possível”, emendou.

Entre os perigos decorrentes da exposição ao mercúrio, é possível listar danos neurológicos e cerebrais, malformações congênitas, impactos no sistema cardiovascular, além de envenenamento, a depender da dose, e risco maior para as crianças. Nesse contexto, Larissa Rodrigues argumentou ser necessário investir em outras formas de extração como forma de solucionar um problema de saúde pública.

Para a especialista, o cooperativismo é uma boa saída para replicar bons exemplos em toda a cadeia de produção do ouro. “Para quem está um pouco desassistido ou um pouco desorganizado, não está querendo fazer, ou às vezes até muito, mas com um empurrão vai, o cooperativismo é uma forma de dar a mão e trazer essas pessoas de uma organização. Eu tenho certeza que, assim, a gente vai dar passos maiores e mais rápidos na direção das alternativas que já estão ao uso do mercúrio, que já estão aí, e a gente vai mudar essa história”, completou.

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