
Belém — A produção de automóveis no Brasil cresceu 6,2% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com o mesmo período de 2024, somando 1,679 milhão de unidades, conforme dados divulgados nesta quinta-feira (13/11), pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Esse crescimento tem relação direta com o aumento das vendas de veículos por meio do programa Carro Sustentável, do governo federal, que ganhou corpo a partir de julho, que ajudou a amenizar a queda das vendas no varejo, que recuaram 3,3%.
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“O programa do carro sustentável, iniciado em junho, ajudou a aumentar as vendas desses veículos, em 20,5% entre julho e outubro, para 155 mil unidades. Contudo, houve queda no emplacamento de veículos nacionais no canal varejo, e esse dado preocupa muito o setor”, afirmou o presidente da Anfavea, Igor Calvet. A fala foi dada durante coletiva na capital paraense, na Casa do Seguro, montada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) com o objetivo de inserir o seguro no debate sobre mudanças climáticas.
Apenas em outubro, o salto das vendas foi de 74,2% em relação a julho após a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) do programa. Enquanto isso, a venda de outros veículos encolheu 17,1%, segundo Calvet. “Isso mostra que o setor é muito sensível à tributação”, afirmou o executivo.
Anfavea e CNSeg promovem, hoje, um fórum de debates sobre descarbonização de veículos no país, e Calvet destacou que a produção nacional de veículos elétricos aumentou de 14,5% para 25,1% no acumulado de janeiro a outubro, na comparação com 2024. “Isso é resultado dos investimentos dos últimos dos anos dos fabricantes”, frisou.
Emplacamentos
O volume de emplacamentos de carros novos no varejo encolheu 3,3%, para 846 mil unidades, apesar de, no total, ocorrer um aumento de 2,5%, para 1,604 milhão de unidades no total, incluindo o atacado, de acordo com os dados apresentados pelo presidente da Anfavea.
A produção de comerciais leves cresceu 4,8%, na mesma base de comparação, abaixo do esperado pela entidade, em torno de 7%, segundo o executivo No acumulado do ano, unidades emplacadas representam alta de 2,2% sobre o mesmo período de 2024, puxada por um crescimento de 9,9% nas vendas diretas e recuo de 3,3% no canal do varejo, impactado pela prolongada alta dos juros.
De acordo com o presidente da entidade, Igor Calvet, essa queda está relacionada, principalmente, com o aumento das vendas no varejo de veículos importados, que cresceu 17% no acumulado do ano, na mesma base de comparação, enquanto os produtos nacionais registraram queda de 8,3%. Ao comentar sobre a venda de veículos importados, Calvet destacou ainda que, pela primeira vez, o emplacamento de veículos chineses vendidos no país ultrapassou, pela primeira vez, os argentinos no acumulado do ano, somando 167 mil contra 143 mil emplacamentos de carros da Argentina.
Juros elevados
O presidente da Anfavea destacou que o cenário atual com juros elevados por conta da taxa básica da economia (Selic), atualmente em 15% ao ano, tem contribuído para o queda na produção de caminhões que acumula queda de 7,3% nas vendas de janeiro a outubro na comparação com o mesmo período de 2024, totalizando 108,8 mil unidades. Ele destacou a queda na produção de veículos pesados, como caminhões e ônibus, que não possuem incentivo do governo com a redução de tributos para o carro sustentável.
“Os juros elevados afetam a venda de veículos, em geral, mas afetam mais os caminhões proporcionalmente, porque as empresas estão adiando os investimentos em virtude das taxas de juros, e, com isso, temos o envelhecimento da frota, e, consequentemente, queda na produtividade da economia brasileira”, afirmou.
Calvet lembrou que houve queda de 22,7% nas exportações brasileiras em outubro, na comparação com setembro, devido, principalmente, ao término do acordo comercial com a Colômbia, para 40,6 mil unidades embarcadas no mês. Apenas para a Colômbia, os embarques de veículos para o país vizinho foi de 92%.
“Felizmente, após forte atuação da Anfavea, das associadas e do governo brasileiro, o acordo com a Colômbia foi renovado por um ano, permitindo que nos próximos meses os embarques sejam regularizados para este que é o terceiro maior destino das importações brasileiras”, afirmou Calvet. No total do ano, as exportações para todos os mercados atingiram 471,4 mil unidades, alta de 43,8% sobre o ano passado.
O executivo destacou algumas medidas das montadoras na COP30, como a GM que anunciou ter evitado emissões de 3,2 milhões de toneladas de CO2 de 2017 a 2025 com a modernização de veículos e enviou carros elétricos em apoio às delegações da COP30. Segundo ele, a Scania, com um caminhão abastecido com biometano, levou a Escola Móvel de Economia Circular à COP30, numa viagem de mais de 3 mil quilômetros de São Bernardo do Campo (SP) a Belém.
A Stellantis, dona de marcas como a Fiat, apresentou a tecnologia bio-hybrid, com diferentes níveis de eletrificação, e o recém-lançado Centro de Desmonte Veicular, voltado à reciclagem automotiva. A japonesa Toyota apresentou a picape híbrida-flex e a picape movida a biometano, que combinam tecnologias automotivas com o uso de biocombustíveis.
*A jornalista viajou a convite da CNSeg
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