Operação Compliance Zero

Parlamentares preparam CPI do banco Master

O ex-governador do Distrito Federal e deputado Rodrigo Rollemberg já se movimenta para coletar as assinaturas necessárias para instaurar a CPI do banco Master

O deputado Rolemberg promete intensificar as assinaturas para a CPI a partir de terça-feira -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
O deputado Rolemberg promete intensificar as assinaturas para a CPI a partir de terça-feira - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

O escândalo da operação Compliance Zero da Polícia Federal (PF), que flagrou fraudes financeiras envolvendo a venda de títulos de crédito falsos pelo Banco Master repercutiu no Congresso Nacional. Na Câmara, o deputado e ex-governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), iniciou a coleta de assinaturas para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para apurar o suposto esquema financeiro. Até o momento, apenas 33 deputados assinaram o requerimento. 

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Para Rollemberg, a gravidade e a complexidade do caso exigem uma investigação que ultrapasse os limites da esfera penal individual, atingindo diretamente o interesse público e a ordem econômica e social. "Até agora nós temos 33 assinaturas, mas nós começamos na noite de terça e, por causa do feriado, a Câmara está vazia. Mas, vamos intensificar a coleta de assinaturas a partir da próxima terça-feira. É fundamental a gente fazer uma CPI, pois estamos diante do maior escândalo, o maior desvio de recursos públicos na operação", prometeu.

Ele criticou o governo do DF por ter defendido a compra do Master com "unhas e dentes". "São 12,2 bilhões de reais comprados de títulos inexistentes, ou seja, isso não aconteceria sem a complacência do GDF, do governador do Distrito Federal, que defendeu com unhas e dentes essa operação. Ele foi um garoto-propaganda dessa operação". 

Além do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, a operação Compliance Zero prendeu sete pessoas envolvidas no caso.

Entre os apoiadores da criação de uma CPI que compõem a bancada do Distrito Federal, está a deputada Bia Kicis (PL-DF). Para ela, a fraude desenha prejuízos bilionários e necessita de uma apuração aprofundada do Parlamento. "Estão se desenhando prejuízos bilionários, imagina você fazer títulos fictícios para fraudar credores? Isso precisa ser levado a sério, não importa as conexões que o Banco Master tenha", disse a deputada ao ser questionada sobre o episódio.

O deputado Alberto Fraga (PL-DF) foi mais longe em suas críticas e acusou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB) de estar envolvido nas fraudes do banco. "Os servidores públicos do DF que vão ficar a ver navios, porque o irresponsável do governador Ibaneis se preocupou mais em comprar títulos podres. Aí a gente começa a entender porque que o governador comprou fazendas, avião, carros, com dinheiro que só Deus sabe de onde veio", acusou o bolsonarista.

 


O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ) usou sua rede rede social X (antigo Twitter) para afirmar que a “prisão de Daniel Vorcarro escancarou conexões perigosas entre o Banco Master, fundos de previdência e gente grande da política”. 

O deputado continuou a postagem criticando o Projeto de Lei Antifacção, votado nesta terça-feira, afirmando que ele asfixia a Polícia Federal. “O relatório do Derrite faz exatamente o que o crime organizado quer: asfixia a Polícia Federal, enfraquece a Receita e facilita a vida dos chefes das facções”, diz a postagem, que finaliza que “é determinação do presidente Lula ir pra cima do andar de cima do crime organizado. As operações vão continuar, doa a quem doer”.

A deputada Érika Kokay (PT-DF) afirmou que sempre estranhou  o interesse e insistência do Governo do Distrito Federal (GDF) em querer comprar o banco Master. Ela foi uma das parlamentares que cobrou do Banco Central que a ação fosse investigada. "Estivemos no Banco Central, na Comissão de Valores Mobiliários, na Polícia Federal e no Tribunal de Contas do DF para que esta relação fosse investigada", lembrou.

A parlamentar disse que o BRB é um banco de Brasília, do povo de Brasília e não de seus gestores. É inadmissível que o BRB tenha gasto mais de R$ 16 bilhões com o Banco Master, comprando, inclusive, carteiras com clientes inexistentes. Um desrespeito com o banco e com o povo de Brasília. O banco é de Brasília, e pertence a sua população, e não a gestores de plantão", finalizou.

O Professor Reginaldo Veras (PV-DF) se pronunciou de forma curta e clara. Questionado sobre qual seria sua opinião sobre a operação e a criação da CPI, ele apenas disse: "Quem tem culpa que pague". 

Divergência no Senado

Apensar de serem da mesma bancada, senadores divergem sobre o papel da instauração de uma CPI para investigar o rombo bilionário do banco Master. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) afirmou ao Correio, que pretende acompanhar de perto as duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), que devem ser instauradas nos próximos dias na Câmara dos Deputados e na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Damares declarou está perplexa e horrorizada com os fatos. Ela lembrou que, assim que iniciaram as negociações entre o BRB e o Master, ela chegou a ir ao Banco Central pedir explicações sobre a transação. “Eu sou senadora do DF. Eu quero que você imagine como eu estou. Mas desde o início, especialmente do envolvimento do Master com o BRB, eu fui ao Banco Central, eu apresentei pedidos, assinei a CPI, apresentei pedido de audiência pública”, frisou. 

A parlamentar destacou o trabalho de investigação da PF, afirmando que a investigação deve continuar e que todos os envolvidos sejam punidos. “Eu quero parabenizar a Polícia Federal e temos que ir fundo atrás disso. Eu vou acompanhar de perto, mas de perto mesmo, porque eu estou horrorizada com o que está descoberto”, finalizou a senadora.

Já o senador general Hamilton Mourão (Republicanos-RS) discorda da CPI, afirmando que cabe a Polícia Federal investigar o caso. Segundo ele, a CPI teria um caráter apenas político. “A CPI sempre tem um caráter político, né? Então, nesse caso, eu acho que a Polícia Federal está investigando e vai chegar nos responsáveis”, declarou. O Correio entrou em contatos com outros senadores, que preferiram não falar sobre o tema. Eduardo Girão (Novo-CE) afirmou que é a favorável a CPI e que, inclusive, já havia assinado um requerimento há alguns meses, quando as primeiras negociações de compra vieram à público. 

O senador Beto Faro (PT-PA), concorda com Mourão. Ele afirmou que ainda é prematuro qualquer juízo, já que, as investigações ainda estão em andamento. Ele afirmou que, pelo fato de haver investigações em curso, por parte do Banco Central, do Ministério da Fazenda e de outros órgãos, instaurar uma CPI seria ato apenas político. “Falar em CPI agora é dispensável; seria muito mais um ato político do que uma iniciativa necessária”, afirmou ao Correio.

 

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postado em 20/11/2025 04:22
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