
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem uma ordem executiva para retirar as tarifas adicionais de 40% sobre alguns produtos brasileiros. A decisão publicada pela Casa Branca inclui carne bovina, café, açaí, cacau, entre outros. São mais de 200 itens que foram acrescentados à lista de exceções do tarifaço aplicado ao Brasil.
Como justificativas para a retirada das tarifas adicionais, Trump citou uma conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 6 de outubro, e recomendações de funcionários da Casa Branca. O governo republicano corre contra a inflação de produtos do varejo. Segundo o índice oficial de inflação do país (CPI), itens comercializados nos EUA que são importados do Brasil, como café e carne bovina, acumularam, respectivamente, alta de 20% e 18% em relação a 2024.
Esses dois itens estão livres de sobretaxa de 40%, segundo o comunicado oficial. Também estão de fora desse tarifaço cacau em pó, açaí, banana, limão, mamão, laranja, coco, mate, castanha-de-caju e especiarias como canela, pimenta, baunilha, pimenta, cravo e noz-moscada.
A decisão vale para produtos que entraram nos EUA a partir de 13 de novembro, mesmo dia da reunião entre o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio. Na ocasião, eles trataram sobre o tarifaço e sinalizaram interesse em resolver o caso.
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros foi colocado por Donald Trump, em julho, sob a justificativa de que o governo brasileiro perseguiu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
Lula se manifesta
A derrubada das tarifas foi comemorada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu estou muito feliz, porque o presidente (Donald) Trump já começou a reduzir algumas taxações que eles tinham feito a alguns produtos brasileiros", disse o petista, em discurso no Salão do Automóvel, em São Paulo.
Segundo o chefe do Planalto, a retirada das tarifas de 50% foi um sinal de que o Brasil agiu com respeito diante das negociações. "Essas coisas (retirada da tarifa) vão acontecer na medida em que se consiga galgar respeito das pessoas. Ninguém respeita quem não se respeita. Você tem que fazer aquilo que é possível fazer na hora que tem que fazer", afirmou.
Após a fala de Lula, o Ministério das Relações Exteriores também se manifestou. O Itamaraty disse ter recebido com "satisfação" a retirada do tarifaço a diversos produtos brasileiros e ressaltou a "disposição" do governo brasileiro para "solucionar" questões entre os dois países.
Setores celebram
A Associação Brasileira da Indústria Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) comemorou, em nota, a decisão assinada pelos Estados Unidos. Segundo a entidade, o comunicado do governo norte-americano age em prol da "estabilidade do comércio internacional".
"A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) celebra a decisão dos Estados Unidos de retirar as tarifas sobre a carne bovina. A reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira", diz.
Procurada pelo Correio, a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) avaliou como "muito positiva" a eliminação das sobretaxas. "A medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral, com efeitos imediatos para a competitividade das empresas brasileiras envolvidas e sinaliza um resultado concreto do diálogo em alto nível entre os dois países", destacou.

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