O ano de 2025 foi marcado pela troca do comando do Banco Central (BC), que gerou uma certa apreensão no mercado, uma vez que sete dos nove diretores da autoridade monetária, inclusive o atual presidente, Gabriel Galípolo, foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As dúvidas sobre a condução da política monetária eram grandes no início. Antes da saída de Roberto Campos Neto em dezembro de 2024, o Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou três aumentos de 1,0 ponto percentual nas primeiras reuniões do colegiado neste ano.
Porém, o ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda mostrou-se mais conservador e, coincidentemente, não vem recebendo críticas de Lula por elevar a taxa básica até o patamar atual. Quando assumiu o comando, a Selic estava em 11,25% ao ano.
Logo, o aperto monetário apenas na sua gestão foi de 4,25 pontos percentuais. Enquanto isso, a dívida pública bruta passou de R$ 8,94 trilhões, em dezembro, para R$ 9,75 trilhões até setembro, aumento de R$ 810 bilhões, chegando a 78,1% do Produto Interno Bruto (PIB).
Credibilidade como diretor
De acordo com o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, como Galípolo era um desconhecido para a maioria do mercado, ele foi ganhando a confiança aos poucos enquanto era diretor de Política Monetária, antes de assumir a presidência do BC. "Ele construiu credibilidade tomando decisões em linha com o que se pesquisa na academia", afirma.
Megale reconhece que, após a decisão conjunta de aumentar os juros nas três primeiras reuniões do Copom, o mercado ainda tinha um pouco de dúvida. Mas, como as decisões foram unânimes, isso ajudou na construção da credibilidade do colegiado junto ao mercado.
"Galípolo está indo bem na gestão do BC. Tem boa interlocução com o mercado e tem tomado decisões acertadas, porque o momento demanda conservadorismo com a inflação muito acima da meta e o quadro fiscal incerto", avalia.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Souza Leal, também reconhece que as dúvidas diminuíram, e que os agentes financeiros estão mais convencidos de que o BC segue com a autonomia esperada.
